Caminhos Cruzados // harry styles

Capítulo Dezassete

No forno potente de Harry, o bolo demorou pouco mais de quinze minutos. Era meia noite e trinta e cinco e grande parte desses quinze minutos tinha sido passada em silêncio. No entanto, nós não nos afastáramos um do outro; Harry sentara-se numa cadeira e eu continuara sentada na mesa, com o peso dos seus braços nas minhas pernas e com a sua cabeça sob as minhas mãos. Era uma posição confortável, na realidade, e eu consegui perceber facilmente que o contacto íntimo entre nós tinha definitivamente acalmado a energia que tínhamos ganho com a aposta e com A Bela e o Monstro.

Não me arrependera. Enquanto acariciava os seus cabelos, sentindo a suavidade dos seus caracóis – que estavam a voltar a formar-se devido ao comprimento do seu cabelo -, não me sentia nada além de feliz, de leve. Sabia que algo tinha mudado entre nós, era inevitável depois dos beijos que partilháramos mas, simultaneamente, não sentia no ambiente a mudança drástica que esperava. Talvez a intimidade que eu ganhara com Harry nunca se tivesse restringido a um nível de amizade e sempre tivesse sido meio romântica mas, naquele momento, a única coisa que importava era que eu me sentia bem e que definitivamente não me arrependia. Arrepender do quê? Só sonhara com aquilo infinitas vezes nos últimos dez anos.

- Harry? – chamei, sentindo que a sua respiração estava mais calma que o costume.

A cozinha estava cheia do aroma a chocolate, que eu respirei fundo e fechei os olhos. No entanto, não podia deixar o bolo demasiado tempo dentro do forno e, quando Harry nunca mais me respondeu, percebi que tinha que o acordar. Puxei os seus cabelos para trás para conseguir ver um pouco da sua cara e comecei a acariciar a sua bochecha, sussurrando o seu nome. Ele não me ouviu, então baixei a cabeça e falei mais perto do seu ouvido, não querendo que ele acordasse demasiado sobressaltado. Demorou alguns instantes, mas lentamente senti o seu corpo a ganhar mais energia, ficando mais tenso progressivamente até ouvir um grunhido rouco. Ri um pouco e bati no seu braço suavemente, forçando-o a levantar a cabeça.

- Eu...adormeci? – questionou, desdobrando os braços para esfregar os seus olhos. Sorri-lhe.

- Sim, tonto. Não sei bem quando, mas o bolo está pronto. – com a referência ao bolo, Harry inspirou fundo e sorriu abertamente, embora a sua expressão ainda mostrasse todo o sono que ele devia sentir.

- Desculpa ter adormecido, Lizzie. – gesticulei que não havia problema, pedindo apenas que se levantasse. – Eu tiro o bolo, deixa-te estar.

Não insisti, porque tinha as costas um pouco cansadas de ter passado tanto tempo na mesa, na mesma posição. Quando ele efetivamente se levantou, esticando os seus braços num espreguiçar curto, aproveitei e levantei-me também. Fiz o mesmo, aproveitando ao máximo a sensação de voltar a esticar as pernas. Coloquei a cadeira onde ele tinha estado no sítio e observei-o a desligar o forno e a pegar em duas pegas, para retirar o pirex de dentro do forno. Afastei-me quando ele deu um passo para trás e fechou o forno com o joelho, colocando o pirex na bancada e puxando a folha de papel vegetal para fora, colocando-o num prato que já tínhamos colocado na bancada.

- Esperamos que arrefeça para cortar, certo? – assenti, rindo um pouco. – Estou a morrer de sono, mas agora não quero ir dormir sem comer pelo menos cinco fatias.

- Só cinco? Estás tão controlado. – Harry riu, preferindo ignorar-me. – Disseste que tinhas limonada no frigorífico, não disseste?

Harry assentiu, revelando quão sonolento ainda estava. Abanei a cabeça, rindo, e caminhei até ao seu frigorífico enquanto o ouvia remexer à procura dos copos. Peguei no jarro transparente cheio de limonada e rodelas de limão e voltei a fechar o frigorífico, gostando da sensação fresca que tinha fornecido. A cozinha estava incrivelmente quente devido ao forno ter estado ligado e já tinha um pouco de suor acumulado debaixo dos meus cabelos, apesar de os ter presos numa trança que tinha feito ainda antes de sair de casa. Tinha uns calções e um top vestidos, mas aquela noite de setembro estava incrivelmente quente, apesar de já ser praticamente uma da manhã.