0.1

149 11 20
                                    

Abro a porta da nossa casa dando graças a Deus por finalmente ser sexta feira. Luke vem ao nosso encontro, pulando entre minhas pernas. Pego em meu colo e o faço um carinho.

—Eu simplesmente não aguento mais. —Letícia se joga com tudo no sofá em minha frente.

—Eu também não. —faço o mesmo no sofá ao lado, com Luke em meu colo.

—Que tal tirarmos umas férias? —olho para ela querendo saber como ela leu minha mente. —Podíamos chamar as meninas com os meninos.

—As vezes eu tenho medo de como nosso pensamento é igual. —recebo um sorriso malicioso de volta. —Vou mandar uma mensagem para eles.

Corro em busca do meu celular em minha bolsa, que por sinal estava precisando ser arrumada.

[...]

— Joel voce tem certeza que essa casa é boa? — Thaisa perguntou pela milesima vez ao rapaz que teimava em dizer que era de confiança. — Entenda que o valor não é problema, mas que seja bom!

— Thaisa para de ser chata e confia em mim! — Esbravejou e a deixou falando sozinha.

— Não vou sair de Minas pra me lascar em outro país Joel, não mesmo. — Comentei brava quase perdendo a linha com ele tambem.
O fato era que Joel deixou tudo arrumado, mas quando olhamos a divisao dos preços algo estava errado, muito barato e o barato sai caro.

—Relaxa gente, só vamos curtir. —Erick joga suas malas em uma cadeira enquanto aguardamos nosso voo ser anunciado.

—Me acordem quando chamarem a gente. —Zabdiel fecha os olhos imediatamente e até hoje não entendo como consegue dormir em qualquer lugar.

—Vou buscar alguma coisa para gente comer. —levanto pegando minha carteira. —Christopher. CHRISTOPHER.

Richard que estava em seu lado lhe cutuca, fazendo o mesmo olhar para mim.

—Vem me ajudar jaburu. —saio em direção a praça de alimentação em busca de algo decente para comermos, pois se eu ficar 19 horas em um avião de mau humor eu mato um. Christopher vem logo atrás.

[...]

—Finalmente ar fresco. —Zoe fala ao cruzar as portas do desembarque. —Não aguentava mais ouvir os dois reclamando aí. —balança a mão na minha direção e na de Joel.

—Nem eu. —Letícia resmunga.

—Obrigada pela parte que me toca amigos. —faço drama colocando a mão em meu coração.

—Vamos parar de graça e vamos logo arrumar um táxi ou alugar uma van pois eu quero um banho. —Richard retruca.

[...]

—Richard, quando você disse van, eu não estava esperando isso. —Júlia está parada, incrédula com o que está na nossa frente. Mas não é só ela.

—O que diabos é isso? —Zabdiel está com a mesma expressão no rosto.

—Eu acho que é uma Kombi. —franzo a testa. —Só tá um pouco enferrujada.

—Um pouco? —Christopher insinua.

—A porta tá emperrada —Erick faz toda força possível para tentar abrir mas foi em vão.

—Eu só espero que isso ande. —Thaisa dá voltas em torno da kombi.

—Não desanima gente, foi o que consegui arrumar. —Richard nos da um sorriso falso que só piorou a situação.

—Eu vou tentar não me estressar. —digo passando as mãos em meus cabelos.

—Eu também. —vejo Joel revirar os olhos ao meu lado.

—Dá para os dois velhos pararem de resmungarem. —Letícia nos fuzila apenas com os olhos. —Vamos logo antes que eu desista e volto para minha casinha.

Já que Richard arrumou essa dor de cabeça, ele iria dirigir. Já o resto de nós, tivemos que entrar pela porta do motorista e do passageiro e passar por cima do banco, junto com nossas malas, pois a porta não abria.

—Tá fedendo a xixi aqui dentro. —Zoe resmunga de algum canto desse maravilhoso veículo.

—Tenta abrir a janela. —Thaisa responde depois de passar por cima dos bancos.

Zabdiel se propõe a abrir a janela, que aparentemente estava emperrada também, mas com sua tamanha força, o vidro se quebrou.

—Pelo menos vento vai entrar né. —Erick comenta e eu não sei se rio de desespero ou choro.

—Richard pelo amor de Deus se você tem amor à vida liga essa geringonça AGORA. —escuto o barulho do motor e depois sinto nos movimentar.

Eu só quero chegar viva. Só isso. Resmungo.

[...]

—O que tá acontecendo? —saio dos meus devaneios quando escuto a voz de Zoe. —Porque a gente parou, Rich?

—Acho que a gasolina acabou. —escuto gritar da frente e reviro meus olhos. Só pode tá de brincadeira.

Sim, a kombi parou. Tivemos que descer todos pois o calor que fazia piorava o cheiro de xixi lá dentro. E pra complicar mais a nossa vida, estávamos no meio do nada.

—RICHARD CAMACHO EU JURO QUE SE TIVESSE JEITO EU MATAVA VOCÊ AQUI E AGORA. —Zoe está ao lado do Rich, que estava com o capô da kombi aberto, gritando pelos quatro ventos que até assustei. Nunca havia visto minha amiga assim.

Tento ligar para algum guincho mas como a kombi estragou no meio do nada, não tinha sinal. Maravilha. Olho para meu lado e vejo Thaisa sentada na beira da estrada, seguida de Zabdiel, Joel, Letícia e Júlia. Erick e Christopher estava um pouco mais pra frente rindo. Do que? Só podia ser do vento.

[...]

—Eu tô com fome. —Christopher quebra o silêncio. —Eu tô morrendo de fome.

—Não é só você que tá criatura. —Letícia retruca.

—Eu sou muito novo pra morrer, ainda mais de fome. —Christopher continua, sem dar bola para o que Letícia havia falado.

—Acho que tá vindo alguém. —sigo o olhar de Zabdiel pela estrada e logo me levanto como os outros, abanando a mãos para um carro que logo vinha.

—OH MOÇO. —Júlia grita enquanto o resto de nós abanamos a mão. Por sorte, ele parou. —Será que pode nos ajudar? Nossa gasolina acabou.

[...]

—Que não tenha mais surpresas como esta, por favor. —Joel resmunga.

—Joel, qual o endereço de lá mesmo? —Rich vira e Joel entrega um papel para ele.

Depois do moço que nos ajudou explicar o caminho, seguimos adiante. Zabdiel estava roncando ao meu lado. Como esse menino conseguiu dormir numa espelunca dessa?
Christopher estava todo emburrado e com a barriga roncando. Erick fazia companhia para Richard na parte da frente. Eu e as meninas observava a rua, rezando para chegar logo.

[...]

—Tem certeza que é aqui? —Erick franze a testa. Chegamos ao lugar que Joel havia reservado e eu juro que falta pouco para juntar minhas coisas e pegar o primeiro voo para o Brasil.

—Mal da pra chegar no portão com todo esse mato na frente. —falo e tento me manter calma pra não surtar.

—Não esquece da lama. —Thaisa acrescenta.

—E da pichação no muro. —Zoe fala.

—Não vamos nos deixar se levar pela primeira impressão gente. —Joel vai em direção ao portão para abri-lo. Ele mal encosta e o portão simplesmente cai. —E nem pela segunda.

—Joel, eu vou te matar.

Vacations, here we go • CNCOOnde histórias criam vida. Descubra agora