Pov Sofia
"Existem algumas coisas nesse mundo em que você confia, como uma aposta certa. E quando elas te desapontam, mudando de onde você as colocou cuidadosamente, isso mexe com sua fé, exatamente onde você está."
Eu não sei porque eu insisto em dormir na casa do meu pai. Aqueles filhos dele, tirando o Junior, que tem quinze anos e que não é muito sociável, eles me tiram do sério. E não é porque o Júnior é um pouco antissocial que eu gosto dele, é porque ele é o único irmão maduro que tenho. Ele sempre foi legal comigo. E nós nos damos muito bem.
Agora, já não posso dizer o mesmo das outras duas pestes. O Ricardo (tem dez anos) e o Samuel (seis anos), além de encherem meu saco e de quase toda hora começarem a tacar coisas em mim ou a me implicar, eles sempre me acordam as sete da manhã para o meu desespero. E a sonsa da minha madrasta não faz nada. E quando meu pai tá perto, eles se fingem de anjos.
Eu juro que tentei o máximo, mas quando deu oito horas, cheguei ao meu limite e decidi voltar para a casa da mamãe. Meu pai até insistiu para eu ficar. Que depois nós iríamos para a casa da vovó, nos reunir com o restante da família, mas eu decidi ir mesmo para casa. Outro dia eu visito a vovó. Sem a presença desses pirralhos.
Tentei ligar para a minha mãe para ela me buscar, mas ela não atendeu. Então meu pai me deu uma carona até em casa. Ele não estava muito feliz com a minha escolha, por estar indo embora bem mais cedo do que o planejado, mas realmente eu não aguentaria ficar mais um minuto na casa dele. Eu adoraria passar mais tempo com o meu pai, mas enquanto aqueles meninos agirem como dois idiotas não tem jeito.
Meu pai me deixou na porta de casa, e depois de se despedir de mim me dando um beijo na bochecha, ele foi embora.
Assim que eu cheguei, estranhei ao ver o carro da Camila estacionado perto de casa. Será que ela sentiu saudades e veio me procurar? Ou será que ela veio pedir pra voltar comigo? Não tinha outro motivo. Pelo menos eu acho que não.
Entrei em casa rapidamente, e ouvi conversa na cozinha, fui até lá, e dei um grito ao ver a minha mãe e a Camila aos beijos. Eu não estava acreditando no que estava vendo. Eu só poderia estar tendo um pesadelo. Não é possível...
_ Mãe? Camila? - digo e as duas me olham assustadas. Eu senti minhas lágrimas molharem as minhas bochechas. Lágrimas de decepção, raiva e ódio.
_ Filha, eu posso explicar. - minha mãe diz arrumando sua roupa e descendo do balcão. Ela tenta se aproximar de mim mas eu a afasto.
_ EXPLICAR O QUÊ? QUE VOCÊS DUAS ESTÃO JUNTAS? QUE VOCÊS ME TRAÍRAM? ISSO EU JÁ PERCEBI! - Grito com raiva. Elas me fizeram de idiota.
_ A gente não te traiu, Sofia! - Camila diz e eu começo a rir.
_ Não precisa mais mentir. Eu vi.
_ Não tô mentindo. - ela diz mas não acredito em uma só palavra que sai da boca dela. Consequentemente, eu ligo todos os pontos.
_ Meu Pai, como eu fui tão trouxa? Ela é a mulher por quem você me largou. Agora eu entendo os sorrisos, as brincadeiras. Todas as vezes que peguei as duas juntas e vocês disfarçavam. Devem que estão juntas desde quanto estávamos namorando! Devem não. Estavam.
_ A gente só ficou depois que vocês se separam, filha. Nunca rolou nada antes.
_ EU NÃO ACREDITO EM VOCÊS! - grito com raiva. Será que não é fácil admitir a verdade de uma vez.
_ Sofia, para de gritar. Vamos conversar como adultas. - minha mãe diz mas a ignoro.
_ EU NÃO QUERO CONVERSAR.
_ Sofia, me escuta, escuta a sua mãe. - Camila diz me deixando com mais raiva.
_ Eu não quero nem ouvir a sua voz. Eu não quero mais te ver. Você é uma filha da Puta!
_ CHEGA SOFIA! - Minha mãe grita e eu rio.
_ Que bonitinho. Já tá até defendendo a namoradinha. A filha que se lasque. - digo batendo palmas.
_ Nós não estamos namorando. - Camila se intromete.
_ E eu sou o Papai Noel! - digo sarcástica.
_ Não dá para conversar com você. - Minha mãe diz passando mão no cabelo.
_ Sofia... - Camila começa a falar, mas eu a interrompo.
_ CALA A BOCA. NÃO FALA COMIGO. EU TE ODEIO! TE ODEIO! - grito pegando um copo de vidro e jogando em sua direção. Mas infelizmente, ela desviou e o copo bateu na parede se partindo em pedacinhos. Quando eu ia pegar outro, minha mãe segura o meu braço.
_ Para! - ela aperta meu braço e fui soltando o copo.
_ Como você pode ser tão baixa assim? Agiu como uma vagabunda. - termino de falar e minha mãe me acertou um tapa forte em meu rosto.
_ Nunca mais repita o que acabou de dizer. Me respeita. Eu sou sua mãe e exijo RESPEITO! - ela diz deixando algumas lágrimas caírem. Mas eu não me importo se a ofendi. Ela fez muito pior comigo.
_ Respeito? Você se esqueceu dessa palavra quando ficou com ela. Você não me respeitou. Você nem ao menos se deu ao respeito. - digo e ficamos em silêncio por alguns segundos. Até em lá começar a me dar ordens.
_ Vai para o seu quarto agora, Sofia. - minha mãe diz me encarando.
_ Você não manda em mim! - digo e no segundo seguinte ela apertou meu braço e me arrastou até meu quarto. Por mais que eu tentei me soltar, ela é mais forte que eu.
_ Converso com você depois. - ela me joga pra dentro do quarto, pega a chave e o tranca.
_ EU ODEIO VOCÊS! - grito batendo na porta. Até que cai de joelhos no chão. Então me sentei abraçada ao meu corpo e chorando sem parar.
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Fogo e Gasolina
RomanceEra para ela ser só mais uma namorada da minha filha. Mas o desejo entre nós duas se tornou incontrolável. 'Desculpa filha, mas a sua namorada me enlouquece...' "O nosso jogo é perigoso, menina Nós somos fogo Nós somos fogo Nós somos fogo e gas...