Dia tempestuoso

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5 meses depois...

Eu havia resolvido morar na casa da Vovó, que já é minha agora.

As garotas voltaram para suas famílias, elas não se lembravam de nada durante muito tempo, algumas afirmavam ter sonhos em que era bonecas.

Viramos Manchete depois de 68 crianças desaparecidas retornarem jovens para casa depois de anos.

A polícia ainda investiga onde elas estavam. A única resposta que deram foi que essas garotas caíram em hibernação por algum consumo de drogas. Mas ninguém acredita nisso.

Ainda é um mistério para todos... Bom... Pelo menos não pra mim.

Vivi com os gatos e transformei a loja de bonecas em uma livraria, haviam somente duas estantes de livros e alguns computadores, mas... Ainda vai crescer muito pelo investimento que estou a fazer.

Agora mesmo estou limpando a bancada da livraria, era um dia tempestuoso por isso resolvi fechar a loja mais cedo, pois podia ocorrer algum acidente com os fios elétricos.

Até que alguém entra na livraria.

- Desculpe, mas estamos fechados.

- Sério? Desculpe-me. - diz uma garota escondida atrás do seu guarda chuva.

Essa garota vinha quase todos os dias ler alguns livros de ficção. Eu não tinha muito papo com ela... Afinal, esse lugar é para ser silencioso.

Olhei que ela tinha lutado muito para chegar até aqui, resolvi acolher ela na loja por hoje.

- Mas tudo bem, você pode ficar. -disse e ela fecha a porta da loja. -... Até a tempestade passar.

- Muito obrigada. - diz a mesma fechando seu guarda chuva.

Resolvi mecher no celular, quando vi ela escolhendo um livro na "seção terror".

Sempre fico meio confuso quando essa garota delicada como ela escolhe esses tipos de livros. Mas tudo bem... Cada um é cada um.

Ela de repente se virou para mim.

- Você... Você acredita neles? - disse mostrando o livro para mim.

Era um livro preto com com círculo branco e um " X" no meio.

- Quem sabe, né?

Ela sorri de canto e se aproxima.

- Eu tenho tendo sonhos estranhos faz alguns meses... Era sobre eles.

- A maioria das garotas sonham esse tipo de coisa... - disse sabendo das garotas que voltaram a ser humanas depois daquele dia.

- Mas... Eu sinto...- ela coloca a mão no peito. - que eles são reais, e que esses sonhos não foram só sonhos...

- Quem sabe, né? - disse tentando levar isso como uma besteira de sua mente.

- Eu vou levar esse livro. - ela se vira e logo percebe que não dá para voltar para casa naquela situação.

- Tudo bem é só uma chuvinha. - disse como desculpa para sair da loja.

Mas logo em seguida a energia cai. Ficando tudo escuro. Ela da um grito de medo.

- Fique calma. Foi só um apagão. - disse apontando a luz do celular para ela. - Vem... Eu posso acender umas velas na minha casa.

Chegamos na cozinha e fui logo procurar as velas.

A garota me seguia e segurava uma ponta do meu moletom. Talvez estivesse com medo ou frio.

Acendi as velas e coloquei em vários lugares da casa. Percebi que ela estava muito curvada. Subi para meu quarto e peguei um edredom.

Enrolei ela no edredom até ela ficar como um bolinho.

- Obrigada. - disse envergonhada.

Eu nunca entendi o por que dela vir sempre, talvez a única pessoa que viesse com mais frequência.

- Me conte mais sobre seus sonhos.

Ela Respira fundo, e talvez já imaginasse a resposta.

- Posso te falar uma coisa?

- Vai em frente.

- Eu sonho com você.

Minha expreção muda de forma drástica, fico mais sério e me eu coração logo começa a acelerar.

- Eu não sei porque... Mas quando eu te vi pela primeira vez nessa loja eu recordei do meu sonho, seu rosto não me é estranho. É bem doido né.

- Qual o seu nome?

- Marnie. E o seu?

- Weslley.

Ela de repente arregala os olhos e esconde sua boca com as mãos.

Nisso meu recordou a lembrança...

- É você mesmo... - Diz espantada.

Aquelas mãos pequenas e pálidas... Aqueles olhos grandes e cabelos escuros... Não tinha dúvida... Era a Mymi!

A Garota de PorcelanaOnde histórias criam vida. Descubra agora