Mudar por amor...? TP 2

O amor sempre será uma arma

–Do que vc está falando?

Eu respirei fundo. O amor poderia chegar a isso? Assim??? Eu era especial, mas... Se ele tinha outra família deveria cuidar e valorizar ela também. E tinha outro filho. Mas se for verdade...

–A culpa é do nosso pai.

  Disse em voz alta. Ouvindo um som de "Eh?" Escapar da boca de Yuri. Seguido de um outro estrondo alto de onde está Gaara.

–Ele não nos amava. Nem mesmo eu. Não amava ninguém. Se ele matou pessoas importantes, se destruiu duas famílias... Ele não amava nem uma delas.

–O q...?

Yuri pareceu atônito. Sua expressão de superioridade se dissipou dando lugar a uma expressão vaga de dor e confusão. No fundo, bem lá no fundo ele sabia. Nós dois sabemos. Eu só preciso fazê-lo aceitar e ver.

–Saiko só amava ao poder. Por isso uma família de comando do norte e outra de comando do sul da aldeia. Ele não ligava para os clãs. Ele só queria poder e submissão total a sua autoridade.
Nem mesmo a mim e a minha mãe ele amava. Ele via potencial e poder em mim. Por isso todo o resto foi descartável. O país do arroz, era seu próximo passo. Se ele começasse um clã comigo lá, sua autoridade poderia ser maior.

A essa altura ele já chorava, olhando para mim fixamente. Como se olhasse para um espelho que mostrava a ele o passado.
  Minha dor é tão grande quanto a sua Yuri. Ser só um objeto de controle pro nosso pai. Mesmo se fosse vc no meu lugar, vc desejaria não ser o preferido.

–Se eu não fosse o motivo dele destruir nossos clãs, vc seria...

–Mas... E se ele mudou?...

–Não há o que mudar, Yuri!!!

Gritei, se rindo um nó na garganta se desfazer. Ele precisa ouvir e eu preciso dizer.

–Vc acha que eu não tentei?! Eu tentei muda-lo!! Eu tente fazê-lo se arrepender de tudo que ele fez!! Mas ele preferiu a morte!! Não havia como muda-lo antes, e agora muito menos!!! Quando eu o ofereci segunda chance, dizendo que ele podia fazer parte de uma família novamente como pai, e não como líder...

Flashback

–Vc ainda pode tentar, pai. Seja pai, não líder. Vc pode recomeçar. Nossa família tem espaço pra vc de novo, mas só como pai...

Ele riu. Depois de me encarar com desdém e frieza disse:

–Eu prefiro morrer, a ter que ficar e construir uma família com minha filha traidora e rebelde!! Vc é uma vergonha!! Poderia ter sido o braço direito de seu pai. Poderia ter dado orgulho lutando ao lado dele e conquistando respeito no país do arroz. Mas ao invés disso... Vc preferiu ficar aqui. Se revoltar e me abandonar. Vc envergonhou seu clã inteiro!!!!

–Eu não!! Quem envergonhou foi vc!! Vc o destruiu, Saiko... Por que não percebe que sua ganância custou sua família e tudo que vc tinha?!

–Eu ainda tenho orgulho!! Uma vergonha como filha que vc é não vai me tirar isso!! Muito menos meu poder!! E se puder tirar... Eu vou morrer com ele antes!!

Ele levantou a kunai em sua mão. Colocou na frente da garganta sem nem mesmo tremer ou se abalar.

–Pai!!!

Sem hesitar, ele cortou a própria garganta. Eu me ajoelhei ao seu lado para não deixá-lo cair.

–Sora!!! Vem aqui!!!

Ele aparece no cômodo e para na porta.

–Kami-Sama, Nayla!! O que vc fez?!

Ele corre até nós e tenta estancar o sangramento, que já havia manchado toda minha roupa e um pouco do meu rosto.

–Eu não fiz nada! Ele mesmo fez isso!

Sora deita ele no chão e põe faixas na sua garganta.

–Por que Sora?... Por que ele não pode se tornar uma boa pessoa?

Sora me olha enquanto eu choro de frustração e me abraça.

–Pessoas ruins não se convertem em pessoas boas, Nayla. A menos que tenham amor o suficiente. O único amor dele é o poder... É vazio... Não pode preencher a vida e muito menos muda-lo. Só o deixa mais dissimulado. O amor é uma arma contra pessoas ruins. E também a única coisa que pode mudar elas. Vc tentou... Agora deixe-o ter seu caminho além daqui. Se ele se arrepender a tempo, talvez possa ir para um bom lugar. Caso contrário, passará a vida após a morte sofrendo... Ele terá tempo de obra pra se arrepender, no lugar que vai ficar.

O olhar dele se tornou distante. Olhando para luagr nenhum, enquanto o vermelho vivo fazia uma poça na nossa frente, onde eu vi meu reflexo. Eu não pude muda-lo... Eu seria igual a ele...?

Flashback off