Capítulo IV

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Encaro o quarto em que acordei, não é o meu e nem o de Tobias, claro eles me largaram para poder transar.
Me levanto assim que um pensamento vem em mente.
Eu transei com alguém?
Aonde foi parar minha roupa?
Abro o guarda roupa do quarto e encontro roupas masculinas, blusas, jaquetas, calças, bermudas e ... Um uniforme militar com o símbolo australiano.
Eu não fiz isso!
Caminho até a porta do quarto com receio, o corredor está vazio, mas a claridade me cega por alguns segundos e a minha cabeça lateja, eu bebi tanto que não me lembro de absolutamente nada.
Um barulho no andar de baixo chama a minha atenção e caminho até ele.
A casa é bonita, a maioria dos móveis é em tom escuro, alguns se destacam em branco, pelo menos ele tem bom gosto.
O cheiro de comida faz meu estômago roncar, vou até onde imagino ser a cozinha e o vejo, apenas de calças de dormi, o músculo das contas relaxado e seu cabelo mais bagunçado que o normal.
— Achei que não iria acordar para tomar café. — ele fala sem se virar.
— Como sabia que eu estava aqui? — me sento na cadeira da bancada, — não fiz barulho nenhum.
— Bebe isso. — me entrega um copo com algo na coloração marrom — Vai ajudar na ressaca.
— Eca. — bebo a bebida amarga.
— Você é tão escandalosa quanto um cachorro. — ele se vira e coloca ovos e bacon em um prato. — pode comer.
— Você tá me chamando de cachorro?! — pego o prato.
— Não, apenas — coloca comida em um prato para ele. — te comparei com um.
— O que aconteceu ontem? — pergunto quando ele se senta ao meu lado.
— Você ficou muito bêbada. — fala o óbvio. — Dançou em cima da mesa de sinuca, chorou e eu te trouxe pra cá.
Alguns flashes vêem a minha mente, o sabor do álcool, mãos nas minhas pernas, a música alta e o gosto do vômito.
Corro em direção ao banheiro, que eu descobri ontem quando vomitei, o gosto da bile na boca me faz cuspir algumas vezes dentro da privada, dou descarga após jogar tudo para fora, o que era apenas água e a bebida que Adam me entregou a pouco.
Limpo a boca na pia com água e creme dental, o gosto amargo se dissipa, mas a tontura não.
— E você também vomitou. — ele se encosta no batente da porta. — Deveria me agradecer por cuidar de você.
— A gente... — pergunto com receio. — transou?
— Não faço isso com uma mulher bêbada — seu tom é defensivo, como se eu o tivesse magoado. — tenho meus princípios.
— E como vim parar com a sua blusa? — arqueio uma sobrancelha.
— Você vestiu por conta própria, — vira de costas me deixando sozinha no banheiro.
A lembrança do banho frio e do calor que senti quando ele me olhou com essa roupa vem a tona, o seu olhar sobre mim como se estivesse me vendo nua, causa arrepios pelo meu corpo.
— Que sorriso é esse? — pegunta assim que me sento ao seu lado.
— Nada... — volto a ficar com cara de paisagem. — só lembrando da vergonha que passei.
— Você não pode beber desse jeito se estiver sozinha. — ele fala. — pode ser abusada por algum tarado.
— Mas eu não estava sozinha — o encaro, seus olhos verdes agora estão mais escuros, sombrios como no aeroporto. — você estava comigo.
Ele engasga com um pedaço de bacon e bebê um pouco de suco para a tosse passar.
— Pode não ter tanta sorte da próxima. — ele fala se recompondo, abro novamente um sorriso feliz. — agora pode voltar a comer?
Volto a encarar o meu prato, mas não consigo disfarçar a felicidade que sinto por saber que mexo... Pelo menos um pouco com ele.
E se eu provoca-lo?
No máximo ele vai brigar comigo ou me mandar embora.
— Posso lavar o seu prato? — pergunto quando ele termina de comer.
— Tá — fala desconfiado.
Vou até a pia em frente ao balcão e lavo as louças que sujamos, empino a bunda em sua direção de forma discreta, como se fosse " sem querer". Escuto a cadeira se arrastar e ele sair da cozinha, bufando.
— Aonde estão minhas roupas? — pergunto na porta do quarto, mas ele não responde.
Abro a porta e o encontro...
— Aí, meu Deus! — fecho os olhos.
— Saí daqui, sua louca! — ele grita comigo e bate a porta assim que eu saio.
Aí meu coração, que visão... Incrível.
Gargalho com meu pensamento, como ele é descuidado, me encosto a porta do quarto para estabilizar minha respiração.
— Você gostou de me ver, não é? — ele pergunta do outro lado da porta.
A cueca box preta e o volume nela. Suas pernas e seu troco fortes, meu Deus! É claro que gostei!
— Você também me observou, — falo. — ontem a noite.
— Então você lembrou? — ele se escora a porta.
— Então você não nega? — respondo com outra pergunta.
Me afasto da porta quando escuto a chave destravar.
— Por que eu negaria? — ele caminha até mim.
— Você é um tarado. — falo com um sorriso nos lábios.
Ele me encurrala contra a parede e aproxima o rosto do meu, seus lábios entre abertos e os olhos focados em mim, meu coração acelera e perco o controle da minha própria respiração.
— E pelo visto... — me provoca — você gosta.
Nossa respiração se torna uma só e o calor que emana do seu corpo me aquece, mesmo não estando frio.
— Convencido. — sussurro.
— Esquentadinha — sussurra no meu ouvido, mordendo meu lóbulo.
Seu toque dispara meu coração como se tivesse corrido em uma raia de cem metros. Coloco minhas mãos no seu peitoral e o arranho.
Será que o coração dele está tão acelerado quanto o meu?
Seus lábios passam para a minha bochecha e queixo. Suas mãos saem da parede e vão para a minha cintura, a apertando, enclino meu corpo para frente e sinto seu membro contra a cueca, minha intimidade pulsa, e eu desejo com todas as minhas forças, que ele me beije.
Meus lábios roçam no seu e eu os abro para lhe dar passagem...
O empurro assustada quando a campainha soa pela casa, ele parece mais atordoado que eu...
— Adam! — a voz de Alex ecoa e mais algumas batidas na porta.
— Heloísa?! — Olívia me chama.
Eu o encaro perdida, ele passa a mão pelos cabelos molhados e entra no quarto, vou atrás e o vejo vestir uma bermuda azul e uma blusa branca.
— Sua roupa tá na varanda do quarto. — ele fala ao passar por mim.
Ele se recuperou do susto muito mais rápido do que eu, e isso com certeza é por conta do seu treinamento.
O quarto está mais claro do que da última vez que estive aqui, as cortinas pretas estão abertas permitindo a passagem de luz, vejo minha blusa e short em uma pequena arara de roupas. Me visto e faço um rabo de cavalo.
Quando chego a sala de estar, Olívia está sentada sozinha no sofá.
— Oi. — falo me sentando ao lado dela.
— Como foi a noite? — pergunta animada.
— Fiquei muita bêbada e Adam me trouxe para cá. — conto.
— Eu sei, pedi pra ele cuidar de você. — ela fala.
— A gente pode ir embora? — peço.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não — falo parcialmente a verdade. — eu só quero banhar e vestir um roupa limpa.
— Tá bom.
Nós levantamos e vamos em direção a porta, mas a mesma é aberta por Alex com Adam logo atrás, que não parece nada feliz.
— A gente já está indo. — Olí fala para Alex.
— Quer que eu leve vocês? — ele pergunta.
— Não precisa, — falo. — a gente pega um ônibus.
— Tem certeza? — Alex pergunta e Olívia acente.
Passamos por eles e eu encontro os olhos de Adam, mas desvio depois de alguns segundos.
Olívia e eu conversamos sobre a noite dela com Alex e eu tento ao máximo esquecer o incidentes com Adam, Olívia pediu Alex em namoro na noite passada e os dois  acabaram transando por toda a casa, sorte a minha não estar lá.
Chegamos em casa e eu vou direto para o banho, com a água escorrendo pelo meu corpo toco minha cintura e o meu pescoço, depois meus lábios, sinto seu toque e meu delírio por cada parte. Quando chego ao meu quarto me encaro no espelho, meus olhos castanhos estão mais escuros e minha bochecha vermelha, o bico dos meus seios pontudos, nunca desejei tanto fazer sexo.
Tanto tesão acumulado e eu acabo me tocando pensando nele, e em como seria transar com ele.
Preciso transar, com Adam. E isso irá passar.
Encaro o teto do quarto e paro para pensar na noite de ontem, eu perdi toda a minha credibilidade, como eu pude chorar pelo Caleb e depois dançar na mesa de sinuca, com aqueles caras passando as mãos pela minha perna e me acariciando.
Eu nunca mais bebo!
Pelo menos não da forma que bebi, ontem.
— Heloísa! — Olí entra no meu quarto atrapalhando minha reflexões
— Eu não fiz nada — falo antes de ser acusada.
— Você não fez, mas ia fazer — ela se senta ao meu lado.
— Tá falando de quê? — pergunto sem entender.
— Você ia transar com ele?! — ela afirma.
Adam, seu boca aberta do caralho!
— Não... Ia... — Falo confusa. — Como você descobriu?
— Alex descobriu. — seu olhar é afiado. — O Adam contou depois de ser interrogado, por que não me contou?
— Por quê não aconteceu nada. — falo honestamente. — A gente nem se beijou direito, vocês chegaram na hora.
Ela me encara pensativa e quase posso ver as engrenagens rodando na sua cabeça, ligando os pontos e criando teorias.
— Vocês se pegaram ontem?
— Não, eu tava muito bêbada e...
Lhe conto toda a história, tudo o que eu me lembro pelo menos, mas não falo das coisas que senti... Sei que ela é minha melhor amiga, mas isso ultrapassa todos os níveis possíveis de amizade.
— Não pode transar com ele. — ela fala preocupada. — ele não presta, transa e depois descarta a garota, Alex me contou.
Como se eu fizesse muito diferente.
— Eu também não quero me apegar, só — falo com um sorriso — sexo.
— Heloísa, se você fizer isso e sentir algo? — ela pergunta e eu não consigo deixar de rir. — é sério.
— Eu sei me cuidar — falo. — não vai acontecer nada, só sexo... Só diversão.
— Ele é um pilantra, golpista. — ela o insulta. — não vale nada!
— Eu também não valho muita coisa — pisco para ela e volto a olhar o teto.
Ela bufa e sai do quarto irritada, ela age como se Alex fosse diferente de Adam, mas ambos são farinha do mesmo saco. A diferença é que Alex e ela estão apaixonados, e Adam e eu apenas queremos transar.
Escuto a porta bater e vou procurar por Olívia, mas ela foi embora. Era só o que me faltava!
Tudo bem que ela queira me proteger, mas porra eu já tenho vinte e três anos, sei o que faço com a minha vida.
Pelo menos, acho que sei.

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E foi por pouco que não rola uns pegas!!

E foi por pouco que não rola uns pegas!!

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Beijos e 

          até a próxima ✌️

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