Capítulo VI

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Pequenos raios de sol clareiam minha visão, me fazendo sair do topor do sono, o vento frio vem em seguida e a minha coberta não é o suficiente para me manter aquecida.
Me sento no sofá de balanço que fica na varanda, ainda está escuro com pequenos raios de sol, que nascem no horizonte. Observo as grandes nuvens escuras, um simples e belo aviso de chuva forte.
Principalmente por hoje ser segunda meu cansaço está em seu auge, queria estar aposentada com oitenta anos, só reclamando da juventude e dormindo... Talvez eu esteja com a mente de alguém de oitenta anos e a aparência de vinte.
Me enrolo na coberta e me arrasto para dentro de casa, olho o relógio que indica ser cinco e cinquenta da manhã.

— Olí. — chamo minha colega de quarto. — a gente tem que se arrumar.

Ela se revira na cama e cobre a cabeça com a coberta. Talvez esteja no sexto sono.

— Acorda — puxo sua coberta a deixando no frio.

— Me deixa em paz. — Resmunga tentando me acertar com chutes.

— Precisamos trabalhar. — Seguro seu pé e a puxo para fora da cama.

— Filha da puta!

Ela se levanta irritada e provávelmente ficará assim o resto do dia. Igual a mim, ela odeia quando a acordam.

— Faz pelo menos um café? — ela pede, se sentando na cama.

— Tá.

Faço o café e arrumo uns pães para comermos, enquanto ela usa o banheiro e quando ela termina é a minha vez. Visto um conjunto de moletom cinza e um tênis branco, já que está previsto para chover hoje.
Seguimos o mesmo roteiro de sempre Olívia vai para o serviço e de lá eu sigo a pé, para a lanchonete onde encontro com Gabrielle na entrada.

— Oi. — A cumprimento.

— Oi. — responde com um sorriso meigo. — como foi o fim de semana?

— Para ser sincera, cansativo. — troco de roupa. — e o seu?

— Agitado. — ela sorri. — conheci um cara, vamos sair hoje.

— Legal. — Falo feliz por ela. — e vocês vão aonde?

— No cinema. — ela está radiante. — ele é muito lindo, nossa.

Nós nos tornamos amigas com o passar do tempo e essa é a primeira vez que a vejo tão feliz. Talvez o cara seja mesmo um bom partido.

— Acho que dessa vez — suspira. — é o cara certo.

— Então vai com tudo, gata — sorrimos.

O trabalho passa rápido, com alguns clientes amigáveis e outros nem tanto, pessoas gentis e mal humoradas. Tenta ser agradável com todas e ao fim do expediente o acompanhante de Gabrielle chega para levá-la ao cinema.
A tranquilizo sobre fechar a lanchonete, que eu arrumaria as cadeiras e apagaria as luzes. Mas antes de terminar alguém bate na porta de vidro, ignorando o aviso de fechados.

— Estamos fechados. — grito do outro lado do estabelecimento.

— Poderia me atender? — O cara de jaqueta, calça jeans e bota, grita.

Não consigo ver seu rosto por estar escuro, mas o conheço bem o bastante para saber quem é.

— O que você quer aqui? — abro a porta.

— Um café. — ele entra e me encara.

— Estamos fechados. — aponto para a placa.

— É eu sei. — ele se encosta na beirada da mesa.

Highway to hellOnde histórias criam vida. Descubra agora