Vou ao hospital e assino todos os papéis para terminar a maldita transferência.
O médico especialista em pediatria confirmou comigo para começar no início do próximo mês, e me deu algumas informações sobre como trabalhar no hospital, mas nada diferente do que já estou acostumada.
Apenas uma regra nova: não se envolver romanticamente com colegas de trabalho.
Não é tão difícil cumprir isso.
Já se passaram dois meses desde que me mudei para Brisbane, e as coisas estão indo bem no fim das contas. Passar o tempo morando sozinha, me fez evoluir e me conhecer, e essa é a primeira vez que eu fico totalmente em paz comigo mesma, sem me rebaixar a ninguém, todos no mesmo nível.- Heloísa, - Tobias me chama. - O que você vai querer?
Olho o vidro da pequena lanchonete, e escolho uma coxinha enorme de frango e uma garrafinha de suco.
- Você acha que o relacionamento da Olí, - ele para na calçada - está indo bem?
A alguns dias escutei ela e Alex discutirem, por causa de uma missão que ele foi chamado. Ela tem medo dele se machucar e eu a entendo, é difícil ver alguém que se ama em risco, mas ele não irá largar o emprego e pelo jeito que eles estão, também não irá abrir mão do relacionamento.
- Ela sabia no que estava se metendo, - bebo um pouco do suco. - Eles estão apaixonados, ela ainda não consegue entender o que é o melhor pra ele.
A paixão é egoísta.
O amor é altruísta.- Você entende muito bem disso, né?
- Já me deixei muito de lado pelo... - suspiro. - Caleb.
- Eu te invejo. - Tobi fala, mas seu tom é de administração. - Você amou ele, mesmo ele sendo um merda. E eu nunca amei ninguém.
- Você é mais esperto que eu. - também o invejo. - Você não se doa a alguém que não te mereça, eu estava desesperada por alguém, queria ser amada e acabei aceitando pouca coisa.
- Somos dois invejosos, - ele sorri.
- Vamos surfar? - pergunto animada.
- Você surfa e eu admiro. - me puxa pela mão até a praia - tem tanto gatinho aqui!
Observo os homens com calções de banho, mulheres de biquíni e alguns com roupas de borracha para o surf.
A área de surf fica do outro lado da praia, para não ocorrer acidentes com banhistas, mas o mar não está agitado para pegar grandes ondas, está hora do dia são apenas para iniciantes em treinamento ou diversão.- Tem certeza que quer alugar uma prancha? - Tobias perguntas ao chegarmos no estabelecimento. - Podemos apenas observar.
- E qual seria a graça de fazer isso? - pego uma prancha azul com uma grande rosa na ponta.
- Paquerar? - ele insiste.
- Não, Tobi. - encaro o mar. - Estou com saudades de surfar, já faz mais de dois meses que não surfo.
- Não vejo problema nisso.
- É uma forma que eu uso para relaxar. - o encaro. - como uma terapia.
- Vou ter que apreciar sozinho, então - Tobias se senta na areia e me incentiva a ir para a água.
Corro com a prancha na mão para a água fria do mar, não é fácil entrar por inteiro, mas depois de mergulhar fica mais confortável. Uso as mãos como remo para ir ao centro, aonde estão todos os outros surfistas, que se resume a cinco pessoas. Três homens e duas mulheres, me incluindo.
- Você é nova por aqui. - um cara ao meu lado fala.
- Acabei de me mudar - falo e logo mergulhamos para fugir de uma onda que não nos agradou.
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Highway to hell
RomancePara alguns o amor é uma bênção e uma dádiva, mas para esses dois é bem o oposto. Um é o inferno para o outro e eles embarcaram nessa estrada, sem pensar. Heloísa Dale voltou para sua terra natal, a Austrália, para recomeçar a vida após uma decepção...