Capítulo V

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Vou ao hospital e assino todos os papéis para terminar a maldita transferência.
O médico especialista em pediatria confirmou comigo para começar no início do próximo mês, e me deu algumas informações sobre como trabalhar no hospital, mas nada diferente do que já estou acostumada.
Apenas uma regra nova: não se envolver romanticamente com colegas de trabalho.
Não é tão difícil cumprir isso.
Já se passaram dois meses desde que me mudei para Brisbane, e as coisas estão indo bem no fim das contas. Passar o tempo morando sozinha, me fez evoluir e me conhecer, e essa é a primeira vez que eu fico totalmente em paz comigo mesma, sem me rebaixar a ninguém, todos no mesmo nível.

- Heloísa, - Tobias me chama. - O que você vai querer?

Olho o vidro da pequena lanchonete, e escolho uma coxinha enorme de frango e uma garrafinha de suco.

- Você acha que o relacionamento da Olí, - ele para na calçada - está indo bem?

A alguns dias escutei ela e Alex discutirem, por causa de uma missão que ele foi chamado. Ela tem medo dele se machucar e eu a entendo, é difícil ver alguém que se ama em risco, mas ele não irá largar o emprego e pelo jeito que eles estão, também não irá abrir mão do relacionamento.

- Ela sabia no que estava se metendo, - bebo um pouco do suco. - Eles estão apaixonados, ela ainda não consegue entender o que é o melhor pra ele.

A paixão é egoísta.
O amor é altruísta.

- Você entende muito bem disso, né?

- Já me deixei muito de lado pelo... - suspiro. - Caleb.

- Eu te invejo. - Tobi fala, mas seu tom é de administração. - Você amou ele, mesmo ele sendo um merda. E eu nunca amei ninguém.

- Você é mais esperto que eu. - também o invejo. - Você não se doa a alguém que não te mereça, eu estava desesperada por alguém, queria ser amada e acabei aceitando pouca coisa.

- Somos dois invejosos, - ele sorri.

- Vamos surfar? - pergunto animada.

- Você surfa e eu admiro. - me puxa pela mão até a praia - tem tanto gatinho aqui!

Observo os homens com calções de banho, mulheres de biquíni e alguns com roupas de borracha para o surf.
A área de surf fica do outro lado da praia, para não ocorrer acidentes com banhistas, mas o mar não está agitado para pegar grandes ondas, está hora do dia são apenas para iniciantes em treinamento ou diversão.

- Tem certeza que quer alugar uma prancha? - Tobias perguntas ao chegarmos no estabelecimento. - Podemos apenas observar.

- E qual seria a graça de fazer isso? - pego uma prancha azul com uma grande rosa na ponta.

- Paquerar? - ele insiste.

- Não, Tobi. - encaro o mar. - Estou com saudades de surfar, já faz mais de dois meses que não surfo.

- Não vejo problema nisso.

- É uma forma que eu uso para relaxar. - o encaro. - como uma terapia.

- Vou ter que apreciar sozinho, então - Tobias se senta na areia e me incentiva a ir para a água.

Corro com a prancha na mão para a água fria do mar, não é fácil entrar por inteiro, mas depois de mergulhar fica mais confortável. Uso as mãos como remo para ir ao centro, aonde estão todos os outros surfistas, que se resume a cinco pessoas. Três homens e duas mulheres, me incluindo.

- Você é nova por aqui. - um cara ao meu lado fala.

- Acabei de me mudar - falo e logo mergulhamos para fugir de uma onda que não nos agradou.

Highway to hellOnde histórias criam vida. Descubra agora