Uma Última Vez

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12 de julho de 2019, Los Angeles, California, 17h23min

Sina bateu na porta. Heyoon se levantou, já esperava por ela há alguns minutos. Sina tremia do outro lado da madeira branca, mas não o suficiente para a impedir de puxar e arma e apontar para a porta. Heyoon, do lado de dentro também tremia, seus saltos finos faziam barulho conforme andava até a porta. Suspirou pesado. Sina engoliu em seco.

- Está tudo bem, Sina, você pode fazer isso. - A loira murmurava pra si mesma vendo a arma tremer pateticamente entre suas mãos.

- Você sabia que esse momento chegaria, Heyoon. - A coreana sussurrou para si mesma, tentando se acalmar.

Contaram até três, ambas. E quando a fechadura estalou e a porta abriu, Heyoon não se sentiu surpresa ao ver a pistola trêmula apontada para seu rosto. Sina respirava pesado, a observando por cima do cano da arma, Heyoon não tinha nenhum olhar gentil ou arrependido. Era apenas uma imensidão negra e vazia a qual fez um arrepio gélido percorrer por sua coluna. A coreana continuava a encarando com seu olhar indecifrável e os lábios vermelhos.

"Então foi nessa aparência em que matou Joalin" - Sina se perguntava. Certamente, a Jeong que conhecia nunca usaria um vestido tão decotado, decoraria os lábios com um batom tão forte ou a observaria com um olhar tão pesado ao ponto de lhe tremular a alma.

- Jeong Heyoon, você está presa por homicidio qualificado. - Sina tinha muito mais o que falar, mas as palavras não vinham, resolveu apenas puxar a algema, se aproximando enquanto ainda apontava a arma para a garota. - Tudo que disser poderá e será usado contra você no tribunal. - Se aproximou, mas a Jeong não se virou e muito menos parecia se intimidar com a presença da detetive e da arma.

Ela suspirou, dizendo em um tom calmo: - Sina, entre, não se precipite, precisamos conversar.

- Eu não estou me preciptando, você é uma assassina! - A loira se irritou, segurando mais firme na arma e elevando o tom de voz. - Faça o que estou te pedindo ou serei forçada a usar violência.

- Então use. - A garota respondeu rapidamente, tocando os dedos suaves sobre o cano da arma. - Use violência, me mate se necessário, mas eu não aceitarei ser presa antes de conversar com você. - Disse simplista, encaixando a ponta da arma na própria boca e fitando os olhos azuis com o mais profundo olhar de súplica. Seus lábios vermelhos contornavam com perfeição o preto brilhante da arma enquanto encarava Sina, esperando que puxasse o gatilho.

Quando Sina deu-se conta do que poderia acontecer, afastou a arma bruscamente de sua boca, se assustando com o quão próximo de uma bala Heyoon ficara.

- Pare de gracinhas, Heyoon. - Pediu em súplica, a voz já se embargando por conta da tristeza e angústia que se espalhava por seu peito. A morena fechou a porta e a trancou, virando-se para encarar a loira. - Já basta, foi o suficiente! - Gritava, mas seu tom era triste e suplicante, sentia os joelhos cederem conforme ia se agaixando, largando a arma no chão enquanto chorava.

Sua mente caótica e sentimentos confusos a fizeram perder o propósito, esquecendo até mesmo as algemas ao deixa-las cair no chão.

- Amor-

- Não me chame assim! - A olhou enquanto gritava. - Não ouse! Você matou a Joalin e outras crianças, pessoas no começo da vida. Me fez virar noites atrás da maldita assassina enquanto era você! Do meu lado, dormindo comigo! - Vomitava as palavras com fúria, as lágrimas caíam abundantes tornando seu rosto vermelho. - Como eu pude... Você... - As palavras se perdiam conforme finalmente cedia, sentando no chão e encostando as costas nas paredes.

- Sina, eu juro, eu te amo. - Se aproximou, mas Sina não a olhava. - Me perdoe eu... Desde o início, só me envolvi com você para estar proxima de algum detetive, é por isso que vocês não conseguiam me pegar tão rapido porque... Porque eu manipulei você e suas informações, até o ponto onde eu achava ser suficiente. - Dizia calmamente, Sina levantou o olhar azulado como água cristalina agora mesclado ao vermelho do canto de seus olhos e suas olheiras.

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