O baile da marquesa de seria sua primeira aparição como lady Hervey. Aquele seria o segundo baile de sua vida. Sorriu com amargura, ao pensar que Thomas não estaria ao seu lado como sempre sonhara.
— Lady . — Sarah fez uma mesura para cumprimentá-la.
— Lady Hervey, que honra recebê-la. É ainda mais linda do que dizem. Lorde David Hervey — cumprimentou-o brevemente.
— Meu marido lamenta muito não poder comparecer a um baile tão seleto. Infelizmente, precisou partir às pressas para Manchester, a negócios — Sarah justificou.
— Homens e seus negócios. — Pareceu compreensiva. — Ainda não fui informada do dia em que receberá visitas. — A marquesa parecia não se importar com a fila que se formava para cumprimentá-la.
— Enviarei os cartões na próxima semana. Ficaria honrada em recebê-la para o chá na próxima quinta-feira.
A marquesa parecia relutante em abandonar a conversa, mas Sarah sabia que já abusara prendendo a atenção da anfitriã por tanto tempo. Fez uma reverência sorrindo e deixou que David a conduzisse até as cadeiras. Enquanto o cunhado foi buscar seu cartão de baile, ela viu um velho amigo da família se aproximando.
— Minha querida Sarah. — Lorde Baldwin fez uma reverência e beijou sua mão.
— Lorde Baldwin — retribuiu o cumprimento com polidez.
Ao perceber que ele não estava sozinho, meneou a cabeça para o elegante homem que o acompanhava.
— Deixe-me apresentar meu filho, Edward Baldwin. Lembra-se dele? Acho que se conheceram quando crianças.
— Lady Hervey. — Esperou que ela lhe oferecesse a mão e a beijou, fitando-a intensamente. — É um prazer finalmente revê-la. Meu pai a admira e não lhe poupa elogios.
— Lorde Baldwin é muito gentil e seus elogios são contestáveis, uma vez que me conhece desde que eu ainda vestia cueiros.
O ancião gargalhou não se importando com o decoro.
— Concede-me a honra da próxima dança? — Edward se adiantou com os olhos fixos nos dela.
— Depois de mim, Edward. — Lorde Baldwin ofereceu o braço a Sarah. — Ser velho garante algumas regalias.
Sarah se divertiu dançando com o velho amigo. O ancião se movia com dificuldade, mas o carinho que sentiam um pelo outro fazia com que ela se sentisse acolhida.
— Estive em Lilleshall com seu pai. Aquela casa não é a mesma sem você.
— Lorde Baldwin, nunca havia reparado em seu talento para lisonjas.
— Não seja modesta, Sarah. Sinto falta de nossas conversas. Soube que tem estudado um radical subversivo.
— Como soube?
— Tentei comprar uns manuscritos. Fui informado de que uma dama paga uma pequena fortuna, e não conheço outra mulher que prefira financiar a rebeldia a encher os bolsos das modistas.
— Eu não o financio, e me conhece o suficiente para saber que não aprecio nenhum tipo de radicalismo.
— Fico aliviado em saber que o casamento não lhe fez mal — zombou. — E quais são suas impressões?
— Marx tem uma visão econômica interessante, parece que abandonou de vez a filosofia.
— Diga-me que me convidará para um jantar. Não tem nada que deseje mais do que comer o pernil de cordeiro que prepara, ouvindo as baboseiras desse senhor.
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A Marquesa (Repostando)
Historical Fiction"Uma história de época que traz à tona temas atuais como a "igualdade de gêneros"! Londres, século XIX. Em um universo dominado pelo gênero masculino, a mulher era um ser à margem, não tinha voz nem vez. A mocinha não é uma super-heroína e, como tod...