Capítulo Seis: Mais Que Palavras

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Natalie nunca havia tido tanto problema para percorrer dois metros e meio de distância em um corredor. Suas pernas pareciam gelatina. Deu graças a Deus pelo escritório estar praticamente vazio com o horário de almoço ou com certeza atrairia muitos olhares. Quando entrou na sala de conferências fechou a porta atrás de si, completamente abalada, e se permitiu tremer. Sua respiração estava acelerada e sentiu que iria chorar. Ela soube que ele a havia procurado no café um par de semanas depois do primeiro encontro dos dois. Justamente naquele dia tivera um problema com uma paciente que precisou ser internada e chegou no café minutos antes desse fechar. Foi avisada por Eric da visita, mas achou que foi apenas uma coincidência, porque ele havia perguntado por ela sem sequer citar seu nome.

Ele tinha namorada, ela não queria esse tipo de envolvimento em sua vida. Não de novo, pelo menos. Tinha decidido esquecê-lo há muito tempo e se não fosse aquele maldito sonho da noite anterior, talvez não estivesse do jeito que estava agora. Completamente abalada, tremendo, sem saber o que fazer ou como agir. Precisava se recompor. Concentrou-se em sua respiração, precisava urgentemente acalma-la. Era uma profissional, seu encontro com ele ali era profissional e nada além disso. Ajeitou seu vestido, retocou levemente a maquiagem e pegou a sacola com a embalagem de comida em cima da mesa. Sentiu-se nauseada na mesma hora, comer estava fora de cogitação, mas precisaria empurrar a comida. Abriu e fechou as mãos algumas vezes até certificar-se que não tremia mais e voltou à sala dele. A porta estava semiaberta. Pode ouvir a voz melodiosa de Lenny Kravitz sair de lá. "Again" era uma de suas músicas favoritas e de repente parou antes mesmo de acabar. Ela achou que era a deixa dela e novamente bateu e abriu a porta. Ele estava reclinado sobre o dock e a música começou a tocar novamente e do princípio bem na hora que ela entrou.

Ele ficou ouvindo aquela música e a repetiu, a letra nunca fizera tanto sentido. Ele estava morrendo para vê-la de novo e agora ela estava ali. Se aproximou do dock e desligou a playlist, colocou uma só com músicas do Lenny Kravitz e escolheu aquela música para inicia-la. Bem quando deu play na música, ouviu sua porta abrir. Ele se virou e os dois ficaram se encarando por quase um minuto. Como sempre, foi ele quem quebrou o gelo.

- Por favor, senhorita Hayes. Sente-se. – Ele apontou o sofá e lhe ofereceu espaço. – Bebe alguma coisa? – Correndo o risco de ficar bêbado, precisava de uma última dose de Whisky. Se teria que passar um tempo ali com ela, era melhor que não demonstrasse estar tão tenso quanto se sentia.

- O que o senhor tem, senhor Davies? – Ela já tinha percebido que não era o primeiro drink dele. Normalmente não bebia no meio do dia. Mas precisava de um pouco de coragem líquida para continuar aquela reunião sem desabar.

- Tenho whisky, vodca, vinho branco e tinto. Eu abriria a champagne, mas ela é para ocasiões especiais de comemoração. – Ele sorriu para ela que o encarou e sorriu de volta.

- E apesar de muito lucrativa, uma aquisição nunca é um motivo para comemoração. Não dos dois lados. – Ela falou isso e sentou-se, ajeitou seu vestido que havia subido um pouco em suas coxas torneadas. – Eu aceito uma taça de branco.

- Cabernet Sauvignon será. – Disse ele servindo a taça de vinho dela e pegando seu drink que já estava servido. Caminhou até ela e sentou-se ao seu lado e virou-se em sua direção, estendeu a mão para lhe entregar a taça.

Ela observou os movimentos dele e o viu se sentar ao seu lado, virou em sua direção e pegou a taça de sua mão, tomando cuidado para que não se tocasse. Lembrava bem o efeito que o toque dele tinha sobre seu corpo. A lembrança era vívida e despertou algo adormecido nela. Algo que ela lembrava muito bem de ter sentido algumas horas atrás, durante a noite. Ajeitou-se desconfortavelmente no sofá e deu um gole em seu vinho.

KismetWhere stories live. Discover now