Capítulo Cinco: Não existem coincidências

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Henry acordou de súbito, seu coração acelerado e a mente confusa. Tinha acabado de ter um sonho intenso, mas não conseguia lembrar com o que havia sonhado. Sentou na cama, sua respiração ainda acelerada. Passou a mão pelo rosto e pescoço, tentava lembrar que tipo de sonho o teria feito acordar, ao mesmo tempo, excitado e com o coração pesado pela decepção. Olhou para o relógio na cabeceira e viu que ainda eram duas e meia da manhã. Levantou cuidadosamente da cama para não acordar a namorada que dormia um sono tranquilo ao seu lado, calçou os chinelos e encaminhou-se à cozinha. Viu seu cachorro que dormia tranquilamente no tapete da sala e sorriu. Era incrível como apenas a visão daquele ser era capaz de fazê-lo sorrir. Ao chegar à cozinha pegou um copo d'água, encostou-se na bancada de mármore e o bebeu lentamente. Fechou os olhos e tentou lembrar-se mais uma vez. Foi quando um par de olhos castanhos e um sorriso convidativo em lábios volumosos surgiram à sua frente. Abriu os olhos de sobressalto. Foi naquele momento que percebeu com quem havia sonhado, de novo. Era a terceira vez que sonhava com ela em três meses. Terminou de beber a água frustrado e colocou o copo na lava-louças. Voltou ao quarto e ao entrar observou a linda mulher que tinha ao seu lado. Para muitos ela era perfeita. Até bem pouco tempo era perfeita para ele também. Mas já fazia algum tempo que não se sentia o mesmo em relação a ela. Não sabia o que tinha mudado, só não se sentia mais o mesmo.

Sentou-se na cama e ficou observando Jenny. Quando a conheceu não pôde acreditar em como tivera sorte. Ela era jovem, bonita, inteligente e independente. Se encontraram pela primeira vez na festa de casamento de um casal de amigos em comum, Charles e Heather. Ele era amigo de longa data do noivo e ela frequentou a mesma universidade que a noiva e trabalhavam juntas no BBC News. Ela escrevia matérias para as colunas de cultura e estilo de vida. O que a tinha tornado tão interessante para ele. Mesmo ela sendo seis anos mais nova que ele, o assunto fluiu entre os dois. Conversaram durante horas, marcaram de sair de novo. Jantaram em um restaurante elegante, gostavam de coisas sofisticadas e tinham muito em comum. A primeira vez que fizeram sexo foi algo surreal. Aquela era uma mulher sensual e decidida, seus vinte e quatro anos e certa inexperiência não a tornavam menos incrível. Pelo contrário, ela era decidida, sabia o que queria. E ele adorava mulheres com atitude. Tudo nela o excitava e ele considerava sua companhia ideal. Já estavam juntos há quase dois anos e até três meses atrás se sentia como quando a conhecera. Agora não havia mais aquela paixão avassaladora, mas ainda tinham muita química, entrosamento e o sexo ainda era incrível. Estava considerando a ideia de casar com aquela mulher linda e de apenas vinte e cinco anos que estava deitava ao seu lado.

Mas uma pequena viagem de algumas horas a Viena havia mudado tudo. Não conseguiu parar de pensar naquela mulher que conheceu naquele café. O que era frustrante é que tentou encontra-la duas vezes. Porém não a conseguiu encontrar. A primeira vez foi até o prédio onde ela trabalhava, perguntou na recepção pela Natalie, mas sem o sobrenome não obteve nenhum resultado. A segunda vez que a procurou foi no café, mas ficou por duas horas ali e ela não apareceu. O barista que parecia conhece-la tão bem disse que ela costumava ir todos os dias naquele horário. No entanto, esperou por muito tempo e quase se atrasou para seu compromisso e não conseguiu vê-la de novo. Se sentiu tão frustrado das duas vezes que decidiu tira-la da cabeça e voltar a seguir sua vida. Seria aniversário de Jenny naquele final de semana e tinha decidido seguir em frente com seu plano anterior, a pediria em casamento. Era a única mulher com a qual havia ficado tanto tempo. E se davam muito bem, não valeria a pena simplesmente estragar o que tinha por causa de uma sensação fugaz que não durou mais de um minuto com uma completa estranha.

Henry deitou-se na cama e observou Jenny por um tempo antes de deitar-se e abraça-la. Ao sentir seus braços ela imediatamente se virou e aconchegou-se em seu peito. Sentiu o cheiro de baunilha que vinha dos cabelos dela e decidiu afastar mais uma vez Natalie do pensamento. Ajeitou-se com os braços ainda envolvendo Jenny e em poucos minutos adormeceu.

KismetWhere stories live. Discover now