Quase um clichê

Capítulo 1

Era uma vez, em um castelo muito, muito distante, com realeza e plebeus juntos em um baile real em que... Ok, ok, essa história está bem longe de ser um conto de fadas, o castelo na verdade é a casa da minha melhor amiga, a realeza são os "populares" e os pebleus eram os menos populares e o baile real era apenas uma festa (festa que eu realmente não queria dar o prazer de poderem desfrutar da minha ilustre presença).

É início de primavera, todos os meus colegas da faculdade estão nessa festa, a anfitriã é Karina Mendes, minha melhor amiga e uma das unicas razões pela qual eu estava indo para este local, a outra razão era Manuela Lopes, também minha melhor amiga.

Eu não estou dizendo que não gosto de festas, na verdade eu adooro, mas hoje em especial eu só queria ficar em casa assistindo Netflix e comendo brigadeiro, Karina iria até mim, diria diversos argumentos e razões pela qual eu deveria ir a festa e com certeza me convenceria, então resolvi poupá-la de todo esse esforço e fui.

A tal festa estava acontecendo no jardim (que por sinal era enorme), tinha pessoas na piscina, uns amigos bêbados dançando como idiotas, casais quase se engolindo e assim por diante, a festa se resumia nessas situações para piores.

- Amigaaa, pensei que você não viria, estava te matando em pensamento já. - Era Karina, e julgando por seu comportamento nada sofisticado e seu jeito meio mole de falar, já estava um pouco alegre de mais, ou falando o português mais lógico, bêbada.

- Claro que eu viria sua doida, aliás, acho que eu não tinha muita escolha né? - Digo sorrindo enquanto ela ri balançando a cabeça negativamente.  - Foi o que pensei - Respondo em meio a risos.

Dou uma olhada rápida no pessoal que está na festa e percebo que até então eu não havia encontrado a Manu.

- Amiga, cadê a Manu? Ela não disse que viria?

- Ah, ela está la dentro, chegou dizendo que só veio por causa da comida e deve estar na cozinha até agora. - Me responde com uma cara brava enquanto eu dou gargalhadas por sua expressão, bem a cara dela dizer isso.

Não demorou muito pra um garoto (que nunca vi na vida) arrastar Karina pra longe de mim, então decido ir a procura de Manu pra cumprimentá-la e a encontro exatamente onde a Ka disse que ela estaria, na cozinha, se entupindo de pizza.

- SOFII! - gritou feliz ao reparar na minha presença.  - Aah que bom que você veio, estava contando os minutos pra você chegar.

- Se estava com tantas saudades assim, era só me visitar - Zombei enquanto ela me olhava séria. - Eu estou falando sério Sofia, você sabe que odeio esse tipo de evento. Ainda bem que veio, estava te esperando pra você cuidar da Karina, vou embora tudo bem?

- Pode deixar, eu cuido da doidinha - A Manu realmente não gostava de festas, ela dizia que tudo se baseava em adolescentes idiotas, fazendo coisas idiotas com mais adolescentes idiotas, eu entendia o desespero dela pra ir embora por isso não a repreendi.

- Mas é pra CUIDAR dela ouviu? - Disse enquanto andava em direção a porta e depois fechando-a, deixando claro que já havia ido.

Estava óbvio que eu não cuidaria da Karina, eu estava entediada e queria beber também, no final tudo vai dar certo, nao é? Bom, espero que sim, porque já estou na minha 3° dose de tequila e não há mais tempo pra se arrepender. Afinal de contas, o que poderia dar errado?

                           ***

Retiro o que eu disse, tinha tudo pra dar errado e se tornar a noite mais insana da minha vida.

Eu já tinha perdido a conta de quantos shots eu havia tomado, só sei que eu estava pulando pelo jardim igual o restante de idiotas ali presentes, eu cantava e dançava ao som de uma música eletrônica que no momento estou impossibilitada de identificar.

Fiz amizade com umas garotas que estavam tão bebadas quanto eu. Uma delas me apresentou ao seu irmão e em questão de minutos nós dois estávamos aos beijos em um canto qualquer, isso também aconteceu com Bernardo (lindo, loiro, olhos azuis, jogador do time de futebol da facul) - é, não me arrependo - também fiz isso com dois garotos da minha sala (Gustavo e Osmar, esses me arrependo porque vou olhar pra cara deles o ano inteiro e lembrar dessa noite... ou não), e confesso que beijei mais umas 4 bocas.. que eu lembre.
Depois disso tudo voltei a pular e cantar feito uma desmiolada, até a hora em que eu torci o tornozelo, não pude fazer nada a não ser sentar e terminar de "curtir" a festa sentada.

Não demorou muito pra que um cara alto, dos olhos verdes e cabelos escuros se aproximasse de mim. Ele me cumprimentou e trocamos algumas palavras, eu não lembro direito porque depois disso eu apaguei e só acordei no dia seguinte com a Manu gritando indignada com o estava que estava aquela casa.

E se nem o dia começou direito, imagine essa história.