Calmamente, Visconde religou o tablet:
− Como desejar. Se me der licença, gostaria de continuar minha leitura!
− Não deixo, nem permito. Ouvi tudinho, agora é a sua vez.
O Sábio Sabugosa cruzou os braços e a encarou com seriedade.
− Decerto que sim!
A Condessa de Três Estrelinhas retomou a euforia.
− Acabo de acrescentar mais um belongue à minha canastrinha.
− Ah! pensou Visconde, recordando o que ela dissera há pouco sobre não ser exibida.
Sem perceber o que se escondia na reação dele, Emília disparou:
− Quando vir, aposto que você vai crepitar!
O Sabugosa ajeitou os óculos na ponta do nariz, sem se abalar com a possibilidade.
Encararam-se, esperando o próximo gesto um do outro. Por fim, Emília explodiu:
− Anda! Não vai me perguntar o que é?
− Se é a senhora quem quer mostrar... – retrucou com ar zombeteiro
− Quer ou não ver o que eu tenho aqui?
− Que seja! Posso saber o que a senhora encontrou de tão especial, Dona Emília?
−Isso!
Emília estendeu a mão esquerda diante dele.
Visconde olhou, olhou. Tirou e recolocou os óculos.
− O que é isso? Uma brincadeira de mau gosto?!
− Seu chato! Está bem aqui – apontando com o indicador direito.
Novamente, ele fez um esforço para enxergar. Chegou bem pertinho da palma da Emília, a ponto de sentir o cheirinho do enchimento dela.
Por fim, puxou a cartola de lado para coçar a ponta do sabugo:
− Que maçada! A senhora está mangando de mim. Não tem nada aí!
− Como não tenho?! – reclamou a boneca, bufando de zanga.
− Perdoe-me, mas...
− Deixa estar. Bem que eu devia saber que uma vez sabugo, sempre saburrento!
Emília fechou o cenho braba, brabíssima, e saiu pisando firme. Visconde ainda tentou acenar:
− Espere. Antes, diga o que era para ser...
Ela já ia longe, mas não deixou barato:
− Nunca, nunquinha!
VOCÊ ESTÁ LENDO
A BONECA DA EMÍLIA
Fiksi Penggemar~~ Uma singela homenagem ao grande Monteiro Lobato através de sua mais famosa criação: a turma do "Sítio do Picapau Amarelo". Conto inspirado livremente na série de livros infanto-juvenis. ~~