III - Na palma da mão

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Calmamente, Visconde religou o tablet:

− Como desejar. Se me der licença, gostaria de continuar minha leitura!

− Não deixo, nem permito. Ouvi tudinho, agora é a sua vez.

O Sábio Sabugosa cruzou os braços e a encarou com seriedade.

− Decerto que sim!

A Condessa de Três Estrelinhas retomou a euforia.

− Acabo de acrescentar mais um belongue à minha canastrinha.

− Ah! pensou Visconde, recordando o que ela dissera há pouco sobre não ser exibida.

Sem perceber o que se escondia na reação dele, Emília disparou:

− Quando vir, aposto que você vai crepitar!

O Sabugosa ajeitou os óculos na ponta do nariz, sem se abalar com a possibilidade.

Encararam-se, esperando o próximo gesto um do outro. Por fim, Emília explodiu:

− Anda! Não vai me perguntar o que é?

− Se é a senhora quem quer mostrar... – retrucou com ar zombeteiro

− Quer ou não ver o que eu tenho aqui?

− Que seja! Posso saber o que a senhora encontrou de tão especial, Dona Emília?

−Isso!

Emília estendeu a mão esquerda diante dele.

Visconde olhou, olhou. Tirou e recolocou os óculos.

− O que é isso? Uma brincadeira de mau gosto?!

− Seu chato! Está bem aqui – apontando com o indicador direito.

Novamente, ele fez um esforço para enxergar. Chegou bem pertinho da palma da Emília, a ponto de sentir o cheirinho do enchimento dela.

Por fim, puxou a cartola de lado para coçar a ponta do sabugo:

− Que maçada! A senhora está mangando de mim. Não tem nada aí!

− Como não tenho?! – reclamou a boneca, bufando de zanga.

− Perdoe-me, mas...

− Deixa estar. Bem que eu devia saber que uma vez sabugo, sempre saburrento!

Emília fechou o cenho braba, brabíssima, e saiu pisando firme. Visconde ainda tentou acenar:

− Espere. Antes, diga o que era para ser...

Ela já ia longe, mas não deixou barato:

− Nunca, nunquinha!

A BONECA DA EMÍLIAOnde histórias criam vida. Descubra agora