Água ✽ Dois

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- Jazz. Sério. Isso é incrível. – James comenta olhando para o vídeo que passava em meu notebook, enquanto estávamos almoçando no gramado do campus junto com Susan.

- As notas fazem desenhos. – Susan diz com um sorriso.

- Exato! – Exclamo animada. – E o mais legal ainda, é que essa quantidade de notas é humanamente impossível de tocar. Só máquinas conseguem.

- Por quê? – Pergunta James.

- Não temos dedos o suficiente pra tocar tudo ao mesmo tempo. – Explico botando o vídeo para rodar de novo no meu computador.

- A música não me agradou muito. – Diz Susan com uma careta, enquanto escutava comigo.

- É porque seus ouvidos não estão acostumados com esse tipo de frequência. É muita coisa acontecendo de uma vez só. – Pauso o vídeo e pego meu prato de Jjajangmyeon misturando o feijão e o macarrão com os palitinhos avidamente. – Eu também não acho muito harmonioso, mas que é impressionante é.

Os dois concordam com a cabeça, falando coisas incompreensíveis por conta da quantidade de macarrão em suas bocas. Rio e começo a comer também, porque o tempo do almoço logo ia acabar e eu teria uma maravilhosa aula de estruturação musical e eu não estava nem um pouco a fim de saber como uma consonância perfeita condiciona a relação das proximidades harmônicas entre as tonalidades 5as e 4as.

Teoria musical é um saco.

- Gente. Gente. – Chega Kang Yoo Ji praticamente se jogando ao meu lado. – Vocês ficaram sabendo da treta do departamento de Literatura? – Ficamos em silêncio para ver se ele se tocava de que não queríamos escutar nada, mas ele nos ignorou e me empurrou para se sentar no meio da rodinha. – Sabem o filho do deputado Park? O Park Ji Min?

- Não. – Respondi comendo uma grande quantidade de macarrão depois.

- Aquele que tem uma cara fofinha? – Pergunta Susan recebendo olhares mortais de mim e James. – O que foi? Minha mãe gosta do pai dele.

- Todo mundo gosta dele. – Yoo Ji fala roubando um snack que eu estava guardando para comer depois de almoçar. O olhei desejando que ele tivesse uma baita dor de barriga por roubar a preciosa comida dos outros. – Mas enfim, o grande babado é que ele estava... – Nós três inclinamos o corpo inconscientemente para escutá-lo melhor. – Tendo aulas com uma monitora.

Decepção coletiva.

- E dai? – Pergunta James se ajeitando.

- Não é nenhuma surpresa alguém ter dificuldades em uma matéria e pedir ajuda. – Comenta Susan e eu confirmo com a cabeça.

- O problema foi que ela postou um vídeo no Instagram deles tendo aula. – Explica ele.

- Tipo zuando a dificuldade dele? – James pergunta e Yoo Ji concorda com a cabeça freneticamente. – Woah. Isso não se faz.

- E ele sabe disso? – Pergunto.

- Parece que sim. Uma caloura de lá disse que viu eles discutindo encostados numa pilastra. Ela disse que ele pareceu bem chateado.

- Por que uma pilastra? – Pergunta Susan atraindo o olhar de todos para ela. – Existem vários outros lugares para ter uma discussão. Por que uma pilastra?

- E porque isso é importante mesmo? – Pergunto.

- Eu não gostaria de ter uma briga encostada numa pilastra. – Ela disse como se fosse importante e nós três a encaramos sem palavras por alguns segundos.

- Eu sabia que estatística não ia fazer bem para essa menina. – Fala James e eu rio.

- Como assim? – Pergunta ela confusa.

APENAS PALAVRAS - KIM NAM JOONOnde histórias criam vida. Descubra agora