Para um leitura mais interativa, sugiro que leiam com acompanhados pela música disponibilizada na mídia.
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- Marjorie, acorda. Chegamos. – Sacudo a pequena que estava escorada na janela do ônibus com a boca aberta num sono profundo.
- Hãn? O que? Eu gosto de iogurte. – A menina se levanta rápido ainda desconcertada e com um rastro de baba pela boca causando risadas do casal que estava sentado no banco da frente.
- Sim, querida. Nós sabemos. – Digo rindo e a entrego um lenço umedecido para limpar o rosto.
Espreguiço-me como posso no local apertado e respiro fundo com o coração leve. Os morros cobertos pela grama verdinha com lindas pastagens me faziam ficar sem fôlego ao relembrar minha infância correndo pelas plantações de arroz da tia Violeta.
O sentimento de nostalgia bateu forte e logo comecei a imaginar todos os primos reunidos juntos para tocar a sinfonia no.6 de Beethoven regidos pela mão detalhista de mamãe. Uma família literalmente clássica eu diria.
- Já consigo escutar a música só de olhar pra esses morros. – Marjorie comenta e percebo que ela estava no mesmo estado de espírito que eu.
Minha boca doía por conta do tamanho do sorriso e meu coração batia acelerado só de pensar que a cada segundo estava mais perto de me sentir finalmente em paz.
Quando o ônibus finalmente parou no terminal e ninguém tinha sequer levantado ainda, Marjorie e eu já estávamos lá na frente esperando a porta abrir ansiosamente. O motorista riu da nossa animação e fez questão de pegar nossas malas primeiro para que pudéssemos sair logo.
- O senhor é um ser muito gentil. Que Deus te pague em dobro. – Digo séria quando estávamos saindo. Ele ri alto e agradece.
- Vamos Jasmin! – Grita Marjorie lá na frente e eu corro para alcança-la.
Andamos juntas e apressadas até a parte de trás do terminal para encontrar a nossa carona.
Agora você deve estar se perguntando o porquê da nossa carona não estar no estacionamento normal.
- FREDERICKSEN! – Grita Marjorie ao avistar o majestoso cavalo preso a carroça mais colorida que eu já vi.
Reconheci alguns traços feitos por mim e Marjorie muitos anos atrás e sorri lembrando-me da bagunça que fizeram seis crianças com várias latas de tinta e uma carroça como tela.
- Ele sentiu muita saudade de vocês. – Diz uma voz atrás do cavalo.
- Tio Kang Min! – Gritamos eu e Marjorie e corremos juntas para abraça-lo também.
- E é claro que eu também morri de saudades das minhas pequeninas. – Ele diz bagunçando nossos cabelos.
Seus olhos azuis claros e queixo pontudo continuaram os mesmos, mas sua pele parecia mais bronzeada e um pouco mais enrugada. Mas mesmo assim, ainda era possível enxergar sua beleza quase que mística.
- Vocês são as primeiras a chegar esse ano. – O tio diz depois de já ter colocados nós duas e nossas malas na carroça e colocado o Fredericksen pra andar.
- E o Áster? – Pergunto colocando o casaco de Marjorie na mochila porque tinha começada a ficar calor.
- Ele tem um concerto em Los Angeles daqui a dois dias. Disse que vem assim que terminar.
- Ah sim. – Respondo.
- O senhor não sente saudades dele? – Marjorie pergunta abraçada a sua mochila. – Uma vez por ano é muito pouco.
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APENAS PALAVRAS - KIM NAM JOON
FanfictionJasmin Arnaud, descendente de franceses amantes da música clássica, se mete em uma confusão enorme com o pai por ter saído da escola somente para se concentrar em um dos mais importantes concursos de música do mundo do qual ela conseguiu chegar até...