Mata-cobra ✽ Oito

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- Como é que você foi se machucar assim menino? Parece que colocaram uma bola embaixo da sua pele. – Exclama tia Violeta, enquanto examinava o tornozelo de Kim Nam Joon.

- Eu queria ver o jardim, mas não vi que tinha uma vala. – O rapaz explica aceitando de bom grado o chá que Marjorie lhe entregava.

- É para impedir que ladrões entrem. Ou pessoas bisbilhoteiras como o senhor. – Diz a pequena e eu sorrio ao ver a cara de assustado de Nam Joon.

- Marjorie tem razão. Não pode sair entrando na casa de qualquer um que tiver um jardim. Devia ser mais cuidadoso. – Minha tia diz sentada no chão ao lado da cama. – Não vai poder andar direito por, pelo menos, uma semana. Parece que está torcido feio, mas, graças a Deus, não está quebrado. Vai ter que ir para o hospital pra tratar disso com um profissional. O máximo que eu posso fazer é aliviar um pouco a dor. Mas se você for com o meu marido na carroça agora, é provável que inche ainda mais, então é melhor esperar um pouco. O senhor está sozinho?

- Sim.

- Então vamos esperar até amanhã para ver se o inchaço diminui. Tudo bem?

Ele abriu a boca algumas vezes, mas pareceu concentrado demais no ato de continuar com os olhos abertos para responder.

- O que tem nesse chá? – Ele pergunta, por fim, com a testa franzida encarando o copo vazio.

- Valeriana e Lúpulo. E um tiquinho de maracujá pra não ficar azedo. Vai te ajudar a dormir. – Responde tia Violeta levantando e colocando o cobertor sobre Nam Joon que ficava cada vez mais confuso.

- Eu não preciso dormir.

Confesso que estava achando hilário observar ele olhar para os lados como se estivesse sob efeito de drogas ilícitas.

- Precisa sim. – Eu e Marjorie puxamos com cuidado as pernas do rapaz para o final da cama, que continuou sentado como que congelado. - A infusão só vai funcionar se você ficar relaxado e quieto, então deita aí. – Bastou um empurro com dedo da minha tia em sua testa e seu corpo caiu feito pedra na cama.

Por um segundo, até pensei que ele tivesse morrido, mas logo ouvi um "singelo" ronco, então pude relaxar.

- Não sabia que essa coisa fazia efeito em tão pouco tempo. – Diz Marjorie encarando o copo que havia pegado da mão do rapaz segundos antes de ser quebrantado no chão com ar de admiração.

- E ai? Já deram o chá? Ele... Ih. Apagou. – Tio Min diz entrando no quarto e logo depois gargalhando alto.

Eu fiz questão de me aproximar com o celular em mãos para tirar uma foto daquela cena maravilhosa.

Kim Nam Joon com a cabeça tombada para trás e a boca escancarada me permitindo fazer uma bela comparação com a obra de Van Gogh, O Grito, só que bem mais ridículo.

Muito mais.

Guardei o celular no bolso depois de ter a certeza de ter tirado fotos de todas as posições possíveis para usá-las mais tarde, caso necessário.

- Você está me assustando com esse sorriso. – Diz tia Violeta ao meu lado com a mão no peito. – Tá parecendo que vai matar alguém.

- Se eu fosse ela, matava. – Sussurra Marjorie saindo do quarto em direção à sala.

Tia Violeta e tio Min a seguiram logo depois falando sobre como iriam colher os brotos de bambu na floresta para fazer um jantar delicioso.

Eu fiquei no quarto observando o produtor que entrou novamente na minha vida como um furacão e me fazendo relembrar um passado que eu queria esquecer.

APENAS PALAVRAS - KIM NAM JOONOnde histórias criam vida. Descubra agora