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Kristen

Seus olhos frios ainda me encarava, seu olhar queimava a minha pele de tão intenso que era. Não sei quanto tempo eu iria conseguir me sustentar intacta... aquilo era loucura, por que ele me olha assim? Por que ele me causa isso?

Finalmente ele desvia o olhar e uma sensação de alívio toma meu corpo. O mesmo abaixa a cabeça e passa a mão no cabelo. Ouço Hermer tentar recuperar o fôlego e só então me lembro que ele também está na sala.

ㅡ Se não sair da minha sala serei obrigado a arrancar sua língua Hermer. ㅡ sua voz soa ameaçadora.

ㅡ Até que não foi ruim vir aqui hoje, me diverti muito vendo essa cena que eu nem mesmo sabia que existia... ㅡ Hermer diz olhando para o irmão. ㅡ Você é uma caixinha de pandora querido irmão, é bom saber que tem esse tipo de sentimento.

ㅡ Juro que se não sair agora eu mesmo te jogo pela janela. ㅡ mesmo estando com a cabeça baixa eu podia ver a veia de seu pescoço saltar... ele realmente estava falando sério? Ele não teria coragem de jogar seu próprio irmão certo?

ㅡ Claro eu já estou indo. ㅡ Hermer sorri e me olha. ㅡ Quem diria... ㅡ seu sorriso aumenta e então ele se vira e sai da sala.

Depois que Hermer saiu o clima ficou mais pesado do que já estava. Ele tentava o máximo para não me olhar... eu não sei se acho isso bom ou ruim por não ser alvo de seu olhar esmagador... mais isso está me incomodando, é como se eu estivesse feito algo errado.

A sua mesa já se encontrava limpa e seu computador não tinha nenhuma mancha de café. Ele estava de pé em frente à sua enorme janela de vidro, estava com o olho distante, uma de suas mãos se encontravam no bolso de sua calça e a outra segurava o celular... já tinha alguns minutos que ele estava em uma ligação.

Parando para analisar sua figura parada com um semblante profissional.. ele estava lindo, não que ele tenha alguma forma de ficar feio... céus ele realmente poderia ser facilmente o deus da beleza... meio irônico. Ele parecia mais profissional desde que eu lhe encontrei pela primeira vez. Cada contorno de seu rosto era como se fosse desenhado a mão, era lindo. Ele da uma leve olhada em minha direção e eu abaixo a cabeça e encaro o tablet em minha mão... eu fui pega divagando... Me pergunto se ele me viu babando por estar o admirando.

ㅡ Merda...ㅡ sussurro.

O telefone começa a tocar olho para Apolo sem ele me olhar faz sinal para que eu atenda. Coloco o tablet na cadeira, me levanto e vou para o outro lado da mesa e pego o telefone do gancho.

ㅡ Al...

~Você está morto seu imbecil, você achou mesmo que eu iria deixar barato depois o que me causou? Acha que consegue me intimidar? Você não vai se achar tão superior quando eu meter uma bala na sua cabeça...

Eu não conseguia nem me mover. O que era aquilo? A cada ameaça que eu ouvia menos eu conseguia abrir a boca para dizer algo.

~De todos os Aahbran o que eu vou ter mais prazer em matar vai ser você...

Sinto o telefone ser arrancado de meu ouvido e ser posto no gancho novamente. Eu só vi que estava tremendo quando quase cai e se não fosse por ele eu já estaria de joelhos no chão. Olho para cima e vejo seus olhos me encarando... eu estava muito distraída para ver o que se passava em seus olhos... mais eu sentia... sentia suas mãos segurando minha cintura com um certo cuidado, como se eu fosse quebrar a qualquer momento.

ㅡ Matar... ele... ㅡ eu estava ficando sem ar. Eu nunca tinha ouvido alguém falar com tanto ódio. Eu senti na voz daquela pessoa que ele seria capaz de fazer tudo que falou... não era brincadeira.

ㅡ Acho que tem que se acostumar com esse tipo de ligação. ㅡ ele me conduz para sentar em sua cadeira. ㅡ Eu e minha família recebemos ameaças constantemente...

ㅡ Ele estava falando sério. ㅡ digo o encarando e tenho certeza que ele pode ver meu pavor.

ㅡ Eu sei. ㅡ ele dá um sorriso de lado. ㅡ Não é porque ele está determinado que vai conseguir alguma coisa.

ㅡ Não se importa que ele esteja sedento para te matar? ㅡ a tranquilidade naquele olhar me assustava.

ㅡ Por que me importar? Te garanto que nem irei ver a cara desse indivíduo. ㅡ ele se vira, vai até uma estante onde se encontrava uma jarra de água. Ele serve em um colo e me entrega. ㅡ Espero que não fique assim a cada vez que atender uma ligação de ameaça.

Tomo um gole da água e o encaro. Para uma pessoa que exala superioridade, intimida apenas com um olhar e te faz ter medo quando sua voz e ouvida... ele estava sendo gentil. O ato dele de hoje é algo que eu não imaginaria presenciar, por mais que eu não saiba quase nada sobre ele... esse mínimo ato de preocupação me surpreendeu.

ㅡ Obrigada. ㅡ digo olhando em seu olho... pela primeira vez seu olhar não estava me intimidando, pela primeira vez não via uma armadura em volta dele... ele tinha um olhar sincero e a cor de seus olhos estava mais linda do que nunca. Eu poderia me achar louca por isso e até mesmo poderia me internar em um hospício... mais aqueles olhos... aqueles olhos me encarando daquela forma, sem pressão, sem autoridade... apenas um olhar tranquilo... céus eu poderia ficar o dia todo o olhando, ele me transmitia paz e tranquilidade coisa que eu achei que ele não seria capaz de transmitir.

ㅡ De nada. ㅡ ele responde e olha pro lado. ㅡ φοβισμένο γατάκι. ㅡ ao pronunciar ele solta um sorriso e me olha o que fez escapar um sorriso de meus lábios também.

Eu estava errada a respeito de Apolo Aahbran? Se ele agisse dessa forma sempre... tenho certeza que não teria essa pressão ao ficar no mesmo cômodo que sua pessoa.

*Grego: φοβισμένο γατάκι
Português: Gatinho(a) assustado (a)*

Apolo Onde histórias criam vida. Descubra agora