Eu dirigia com um aperto em meu coração que me sufocava, porém as lágrimas nunca vieram, apenas essa vontade de hiperventilar
—Peço desculpar pelo meu irmão—Serena fala baixo—Ele não costumava ser assim quando mais novo
—E o que o fez mudar?—Olho para ela que observava pela janelas as pessoas e os carros passar
—Não sei se cabe a mim falar sobre isso...—Ela ri—Essa história tem que ser contada por ele mesmo, mas cedo ou tarde ele vai falar—Ela me da um pequeno sorriso ao me olhar—Afinal, está relacionado um pouco com seu caso
—Ele está envolvido?—Aquilo me deixa em alerta
—Nao!—Ela se apreça em me dizer—Ele não tem nada haver com isso, ele nunca machucaria ninguém, digamos apenas, que ele teve que se envolver com uns tipos de pessoas e graças ao Príncipe James, ele saiu e nunca mais olhou para trás
—Então, você está me dizendo que Klaus fez parte de uma gangue?—Isso não parecia real e nem soar bem
—Como, eu disse, quem deve lhe explicar isso é ele
Estaciono nas vagas que tinham na clínica e saímos do carro para logo entrar em uma recepção chique nas cores creme e dourado
—Senhorita O' Crowley—Me cumprimenta a garota da recepção—Como tem passado?
—Bem e você?—Me apoio no balcão
—Estou ótima...—Ela sorri amplamente—A Dra. Brown já irá lhe chamar
—Obrigada—Devolvo o sorriso e indico as cadeiras para que Serena se sentasse
— Não é caro?—Serena avalia a sala muito moderna com seus sofás e cederias de aparência cara
—Não pense nisso...—Dou tapinhas em sua mão—Flo é uma grande amiga, ela sempre me da um desconto
—Florence Kim?—Ela arregala os olhos—Ela quem faz os partos de todas as pessoas famosas—Sua boca está aberta
—Olha quem está aqui?
Uma mulher da minha idade, seus olhos puxados característicos da sua descendência coreana junto de seus cabelos lisos negros que estavam amarrados em um coque me avaliava com divertimento. Ela usava um jaleco branco que ia até o meio de sua coxa e vestia um vestido que moldava seu corpo magro que desciam até seus joelhos
—Flo!—Exclamo indo abraçá-la
—Fiquei curiosa quando você me chamou, quem é minha paciente?—Ela olha para Serena e levanta uma sobrancelha para mim—Essa é a irmã do cara?
—Vamos deixar isso de lado—Falo baixo —Serena, quero que conheça a minha colega dos tempos de treinamento na polícia, Florence Kim
—É uma grande honra conhecer você—Serena fala de queixo caído
—O prazer é meu...—Ela se vira e começa a andar—Vamos para a minha sala
Quando entramos vejo todo tipo de equipamento estranho e me lembro da última vez que estive aqui, ficando tensa ao lembrar da dor daquele dia
—Você também é policial?—Serena pergunta surpresa e ainda deslumbrada com Florence
—Sim...—Ela sorri para Serena—Porém eu e Taylor escolhemos nos especializar em áreas diferentes...Ela queria ser detetive e eu legista que analisa os corpos dos homicídios, no entanto isso não me satisfez e acabei me especializando ao mesmo tempo em obstetra
—Nossa...
—Ok, senhorita nerd... Que tal ver como esse pequeno bebezinho está?—Ela revira os olhos para mim
—Você continua a mesma de sempre...—Ela se levanta e vai em direção a uma maca —Pode me acompanhar Serena?
Então Flo começa a examina-lá e a fazer diversos tipos de exames para ver se o bebê e seu desenvolvimento estavam ok
—Bom, depois de fazer todos os exames possíveis, posso te dizer com 98% de certeza que seu bebê está muito bem
—98%?—Serena pergunta
—Como médica, eu não posso lhe garantir o 100%, porque as vezes imprevistos acontecem, mas tenho certeza que você não deixaram que esses dois porcentos aconteçam , então fique tranquila que seu bebê está muito bem—Flo acalma ela de forma natural
—Eu agradeço muito você estar fazendo isso por mim—Olhos de Serena se enchem de lágrimas—Significa muito
—De nada, querida, mas você deveria agradecer a ela—Florence aponta para mim—Ela não me deixou dizer não e que bom que não deixou, você é muito especial... Nos vemos na próxima semana?—Florence estende a mão para Serena que a aceita apertando
—A gente se vê em breve também, não?—Florence parecia querer me falar algo
—Sim... podemos ver algum dia para bebermos algo
—Ótimo, estarei ligando para você—Nos abraçamos e saiu com Serena do consultório mais disputado e caro da cidade
—Bom, vou devolvê-la para seu irmão agora—Digo saindo com o carro em direção do apartamento de Klaus
—Acho que seria bom se você subisse e conversasse com ele sobre o que estávamos falando antes
—Acho que ele não vai me contar fácil assim
—Você tem que tentar
O resto do trajeto ficamos caladas em um silêncio até que confortável e então chegamos em seu apartamento e algo em meu estômago revira
—Vamos—Ela sorri saindo do carro tentando me encorajar
Abro a porta do carro e meu celular começa a tocar e vejo o nome de Quin na tela. Me levanto ficando com metade do corpo para fora e a outra metade dentro, ganhando um olhar preocupado de Serena
—Parabéns...—Sua voz é um pouco seca, mas sei que ele está tentando ser o mais amigável possível
—Por?—Pergunto confusa
—Você conseguiu, detetive—Aquelas últimas palavras me deixam eufórica
—Sério? Como você sabe?
—O capitão não aguentou ficar esperando e acabou pedindo um favor para o amigo dele
—Meu Deus!—Exclamo feliz. Isso era tudo o que eu queria, era tudo pelo o que eu tinha lutado—Eu estou muito feliz
—O que aconteceu?—Serena pergunta baixinho e faço sinal que depois eu conto
—Agora que já falei a notícia boa...—Algo gela dentro de mim
—Alguma evolução no caso?
—Em realidade...—Ele para excitando—Talvez tenha a ver, mas no momento não sei
—O que foi, Joaquin!
—Seu namoradinho está no local de uma gangue muito poderosa do bairro aonde a menina foi morta—Olho para Serena e solto um suspiro
—Me envia o endereço... Vou cuidar disso—Digo cansada
—Não acho uma boa ideia—Ele começa—Voce já esteve envolvida com ele, Taylor
—Ih? Eu sou uma detetive antes de ser Taylor, nunca se esqueça disso
—Ok...Mas eu quero ir junto
—Não se preocupe, estarei levando alguém que sabe lidar com essas pessoas—Olho para Serena e ela já entendeu do que estávamos falando
—A criança grávida?—Ele fica indignado
—Não vou discutir isso com você—Desligo o celular e falo para ela entrar no carro
Assim que ela se sentou e eu começo a dirigir de volta para aquela parte estranha da cidade, pergunto a ela:
—Parece que seu irmão voltou aos velhos hábitos
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