Capítulo 3

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Contra toda a sua vontade, ele tinha acompanhado Richard até aquele lugar infestado por senhoras fofoqueiras, mães casamenteiras e homens entediantes. Ele estava se esforçando ao máximo para ficar ali e não se esgueirar pela saída dos fundos. A pior decisão que Oliver poderia ter feito era aceitar a oferta que lhe fora proposta. O que estava passando pela sua cabeça quando concordou com aquilo? Será que a Mansão de Warminster valia todo esse sofrimento?

Mesmo quando não estava na presença de Mary, ele era obrigado a aguentar o pior da sociedade londrina e esperar algum sinal para agir – o que também não era muito divertido. Mas a culpa não tinha sido de mais ninguém além dele mesmo. (Bom, talvez ele pudesse culpar Mary.) E, ainda assim, ali estava: ouvindo uma mulher tagarelar em seus pobres ouvidos enquanto acenava em concordância ao lado do irmão.

— Eu concordo com a senhora, lady Medeley, os preços dos tecidos realmente estão mais altos que o habitual. Mas não precisa se preocupar, logo voltarão ao normal.

Ele estava ouvindo aquilo mesmo? Richard estava prestando atenção na conversa e ainda respondia com frases mais longas do que "Concordo"?

Deus, seu irmão poderia ser tão estranho algumas vezes! Como é que ele ainda sorria para a mulher, Oliver não saberia dizer. Talvez seja um pré-requisito para ser duque, aguentar todas essas pessoas com elegância.

— E você, garoto? — grasnou ela, fazendo Oliver se sentir com 15 anos novamente. — Por que está na minha festa se nem ao menos gosta de nós?

Ele tentou ao máximo não concordar com ela e sair dali no mesmo instante. Mas Holt estava ao seu lado e esperava que o irmão ficasse ali e cumprisse com o acordo. Isso significava não somente encarar Mary — o que já poderia ser considerado uma morte lenta e dolorosa — mas também todas aquelas pessoas superficiais e tediosas que o cercavam.

Oliver nunca se encaixara ali, nunca se identificara com alguém naqueles intermináveis bailes, saraus e soirées. Sempre fora impulsivo demais para a sociedade, a emoção que pulsava em seu peito era algo mal visto pela aristocracia londrina. Então, realmente, ele não gostava da maioria das pessoas naquele lugar e a senhora à sua frente estava com certeza inserida nesse grupo.

Mas ele não poderia contar a verdade para lady Medeley. Por isso, apenas sorriu descaradamente e tentou deixar a postura um pouco mais distraída.

— Confesso que ainda não voltei a me acostumar a esses eventos, milady. Porém, fico muito magoado ao ouvir tal ultraje vindo de uma senhora tão agradável. Não poderia estar mais errada, lady Medeley, eu adoro a sua companhia. Porém, devo confessar que não são todos aqui que me agradam.

A senhora ficou calada por um instante, apenas o encarando de cima a baixo.

— Ora, ora... você sabe usar bem as palavras, isso tenho que admitir. Mas não acredito em nem sequer uma delas. Você deveria aprender a se comportar um pouco mais como o seu irmão, pois é perceptível o quanto abomina toda a sociedade. Se pretende continuar a comparecer a nossos eventos, tem que aprender algumas coisas importantes das quais se esqueceu. Ou então que Deus nos ajude, já basta aquela pequena selvagem entre nós.

Oliver não precisou acompanhar o olhar da mulher para saber de quem ela estava falando. Só havia uma garota ali que poderia ser chamada de selvagem sem causar espanto e era aquela por quem ele menos ansiava em ficar perto. E justamente com quem deveria passar o maldito tempo.

Por que não fora Emma que se apaixonara por Richard? Por que tinha que ser a gêmea impossível de se lidar? Ele daria tudo para que a situação fosse diferente, mas infelizmente ainda não tinha adquirido a habilidade de mudar a realidade.

Enlouquecendo Um Cavalheiro {hiatus}Onde histórias criam vida. Descubra agora