Prólogo

753 79 53
                                    







A viagem de Cambridge até a sua antiga casa fora simplesmente terrível.

O saculejar da carruagem e o costumeiro tempo cinzento fizeram-no ter vontade de deitar-se em uma cama e apenas dormir. Ele queria retornar à casa para descansar e só pensar em seu futuro depois de ter tomado um farto café da manhã no dia seguinte. Com muitos ovos, bacon, bolo e chá. Mas não era isso que a vida estava planejando. Como sempre.

— Boa noite, milorde  — o mordomo abriu a porta da mansão e fez-lhe uma reverência. — Sinto lhe informar que seu irmão pediu para que o senhor fosse diretamente ao escritório.

Merda. Tinha que ser àquela hora da madrugada? Ele estava mais que preparado para dar uma surra naquele idiota.

— Boa noite, Geoffrey — suspirou o rapaz. — Eu queria apenas voltar para casa e ter paz. Richard não pode esperar?

— Temo que não. Ele foi bem sucinto quando deu a ordem. — Pegou as malas do rapaz e lhe lançou um olhar piedoso. — Perdão, Oliver, mas sabe como seu irmão é.

Ah, e como ele sabia.

Desde que o duque de Warminster adoecera, quem estava comandando todas as propriedades e os negócios do pai era Richard Holland, conde de Holt e primogênito por nascimento. Embora amasse o irmão, Oliver agradecia a Deus por estar longe de seu domínio nos últimos anos enquanto prosseguia com seus estudos em Cambridge.

Apesar da universidade não ter sido aquela escolhida pela família — Oxford era sempre a primeira opção —, o rapaz estava feliz com todo aquele tempo mergulhado em estudos, amigos e diversão. Tinha que admitir que saíra de lá totalmente diferente. Arriscava dizer até que entrara um garoto inexperiente e saíra um homem (bem melhor, em sua concepção).

Ao final do corredor, a porta de madeira estava entreaberta, mas mesmo assim ele decidiu bater antes. A voz grossa e contida do irmão mais velho ressoou mandando-o entrar.

— Me chamou, lorde Holt? — zombou o mais novo ao se aproximar do centro da sala.

— Cale a boca, Oliver. — Richard se levantou da cadeira e o abraçou por alguns segundos. Aquele poderia ser considerado o recorde de afeto que o herdeiro do ducado demonstrara em toda a sua vida. — Como foi a viagem?

— Maravilhosa, especialmente a parte que eu tive que ficar sentado por horas sem comida  — ele sentou-se em uma das cadeiras de frente para Richard. — Acho melhor você ter uma desculpa para me arrastar até aqui a essa hora. Sabe que eu gosto de dormir por pelo menos 15 horas após uma viagem.

— Sei muito bem. E depois ainda acaba com nosso estoque de alimentos de um mês em apenas um café da manhã — resmungou ele. — Mas o caso é extremamente importante.

— Então fale logo, não tenho a noite toda — ele se recostou no estofado da cadeira e suspirou, desejando estar já em sua cama.

— Parece que você não mudou tanto quando disse nas suas cartas, continua impaciente como um garotinho — falou Richard ao encher dois copos com whiskey. — Mas eu te chamei aqui para uma situação que requer muita paciência, por isso, espero que você coopere. E que esteja certo sobre ter voltado diferente, mais maduro.

— Esse suspense está me matando. — Oliver bebericou um pouco do líquido ardente. — Por que eu estou aqui, Richard?

— Eu preciso de você.

— Huuuum... e qual é a novidade nisso? — um sorrisinho se formou nos lábios de Oliver.

— Como é petulante, irmãozinho — Richard tamborilou os dedos no copo de vidro. — Provavelmente se lembra daquele baile que fomos seis anos atrás, não é? Quando você ainda estava estudando em Eaton e eu em Oxford...

Enlouquecendo Um Cavalheiro {hiatus}Onde histórias criam vida. Descubra agora