Capítulo 6

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Ao retornarem para a casa, a maior parte da equipe já estava mais adequada ao ambiente, ferimentos cuidados e uniformes trocados por roupas civis. Apenas Natasha e Bruce ainda não haviam descido, e o restante ajudava na cozinha com o jantar que teria que ser feito em muito mais quantidade do que de costume.

- O que vai ter de sobremesa, mãe? – perguntou Cooper em determinado momento, quando Avril e Steve já tinham entrado na cozinha e perguntavam das decisões que o restante da equipe tinha ficado de tomarem sozinhos.

- Depende do que você quer fazer – respondeu Laura, rindo quando o garoto revirou os olhos – Pega a Avril para ajudar.

A mulher riu ainda mais ao ouvir Avril reclamando, nem precisando se virar para saber que a mais nova tinha sua expressão inconformada estampada no rosto. Cooper olhou pedinte para a mulher, que bufou antes de ir junto com ele procurar algo que não fosse tão difícil de fazer devido as poucas habilidades culinárias de ambos.

- Posso saber por que vocês ficam com as camas? – indagou Petr depois de um tempo, um pouco mais alto que o resto da conversa que mantinha com Tony e Steve – Sorteio é mais justo.

- Apenas uma pergunta: vocês querem dormir comigo, com o Steve ou entre vocês? – Avril se intrometeu na conversa, desviando os olhos do livro de receitas – E já aviso que dormir com o Steve é a mesma coisa de dormir do lado de uma fornalha. Deve dar para manter uma cidade pequena em funcionamento com o calor que ele emana só de noite.

- Eu fico com o sofá – disseram os dois em uníssono.

- Sai daqui, Petr, eu sou mais velho – Tony se apressou em dizer antes que o mais novo pudesse contra argumentar – Mereço mais conforto. Eu te sustento!

Acabou que a organização para a noite ficou exatamente como Avril esperava: Steve e ela ficariam com um dos quartos, enquanto Natasha e Bruce ficariam com o outro, Tony ganhara justamente o privilégio do sofá, e Petr tinha ainda o luxo de poder escolher entre dormir no quarto das crianças, ou em algum amontoado de cobertas no chão da sala. Como parecia uma boa oportunidade de atormentar o pai de sua irmã, acabou optando pela sala.

- Tem que ser nessa ordem mesmo? – a pergunta de Cooper atraiu a atenção de Steve, que deixou de lado a conversa que mantinha para assistir a dupla pensativa mais no canto da cozinha. Talvez fosse sua mente querendo lhe torturar, mas até aquele momento o soldado nunca reparara em como Avril agia perto de crianças. Por sua fama de imatura e irresponsável, sempre imaginara que ela não se dava bem com mais jovens, mas aquela cena aparecia para contrariar tudo aquilo. Talvez pudesse se tratar apenas de uma exceção, que com as crianças de Clint ela fosse mais paciente e receptiva, mas nada daquilo impedia Steve de repassar aquelas imagens que expressavam parte de seus medos, assistindo toda a cena com um sorriso discreto e triste nos lábios.

Ele não pertencia àquele ambiente.

- Se a receita está falando... – respondeu Avril, olhando por cima do ombro do garoto a página que pretendiam reproduzir – Ninguém pode culpar a gente se seguimos a receita, certo?

- Bem pensado! – os dois pareceram entrar em uma sintonia maior no momento, cada um trabalhando em uma parte diferente da receita, até Cooper parar confuso, coçando a nuca – Como que derreto manteiga?

- Sei lá, micro-ondas? Laura, com o q...? – Avril parou no meio do caminho, tendo uma ideia bem melhor – Quer saber? Vamos tacar tudo no micro-ondas! Cadê a forma de silicone?

- Tem certeza que é uma boa ideia?

- Só confia, Coop... – a mulher insistiu, mesmo sem saber se era realmente um bom plano, mas iria pagar para ver. Mais afastada, na outra ponta da cozinha, a dona da casa parou pela terceira vez em cinco minutos com a mão na barriga, e Avril decidiu intervir – Laura, vai sentar, por favor. Clint cuida de tudo.

The Real Side II: Dark TimesOnde histórias criam vida. Descubra agora