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Clark nasceu no ano em que o terrorismo estava em alta, entre setembro e novembro de 2001. Sua mãe morreu em um acidente de carro quando ele tinha 2 anos de idade, desde então ele foi criado unicamente pelo seu pai, um alcoólatra compulsivo que às vezes deixava de pagar as contas da casa e o agredia constantemente. Clark sabia que sempre aos finais de semana iria ter problemas em casa, em 2012 ele levou uma surra por seu pai ter sido convocado para uma reunião escolar, foi um dos piores momentos da vida dele, teve que ficar escondido dentro de casa por uma semana devido aos hematomas no rosto, e ele só tinha 9 anos.

Não tem como negar que isso tudo contribuiu para a personalidade forte e agressiva do garoto para com outras pessoas. Ele tinha se tornado tudo o que, em tese, a sociedade abominava: era extremamente machista, tinha piadas homofobicas e às vezes racistas. Não que sua convivência e a perda maternal justificassem suas atitudes, mas talvez tenham moldado a pessoa que ele havia se tornado.

- Essa porra é muito estranha. - Disse Clark caminhando com uma garrafa de vodca na mão. Saby o encarou sem dizer nada, apenas continuou caminhando.

As pessoas já tinha saído da floresta e cada uma estava indo para sua casa, como Clark é praticamente vizinho de Saby, ela pensou que seria uma boa maneira de não voltar sozinha, embora não achasse ele uma excelente companhia.

- Qual foi a ordem que você recebeu? - Ele olhou para Saby e tomou mais um gole de vodca, que desceu queimando pelo estômago.

Saby apenas murmurou dando de ombros, ela não queria dizer. As pessoas a achavam louca pela sua condição mental, revelar a ordem que satã deu a ela só pioraria sua imagem.

- Qual o problema, Saby? - Clark disse cambaleando. - Você é a favorita dele, então não deve ser algo tão complicado.

- Você precisa parar de beber. - Disse Saby arrancando a garrafa da mão dele. Clark aproximou seu corpo dela pedindo a bebida de volta, mas ela quebrou antes que ele pudesse pedir duas vezes.

- Droga de vida. - Esbravejou ele chutando um pequeno pedregulho no caminho. - Meu pai é um merda.

- Todos são... - Disse Saby. Mas ela sabia que o ódio dele contra o pai não era somente por causa do pacto que foi fundado, era também por situações anteriores que o perseguiram a vida inteira. Ela ouvia o choro de Clark quando apanhava e de sua janela às vezes percebia a tristeza que ele carregava. - Todos eles doaram nossa alma para o maior mal já existente na terra.

Ambos ficaram em silêncio, caminharam mais um pouco e ao se aproximarem de um ponto de ônibus viram um bode no meio da estrada, os encarando freneticamente, com seus olhos vermelhos e imóvel. Eles pararam por um segundo analisando o animal, Clark bateu o pé no asfalto para afastá-lo mas nada adiantou.

- O que você quer, satã? - Questionou Saby. O animal ficou em silêncio, até que se esvaiu da estrada como uma grande névoa branca.

Ambos se olharam suspirando fundo, a diferença é que ela não sentiu medo da situação.

- Você quer passar a noite no porão da minha casa? É seguro. - Propôs Clark, mesmo sabendo que estavam lidando com forças malignas e um porão não era seguro contra isso.

- Eu acho melhor... - Ela pensou por um segundo em recusar, mas mudou de ideia. - Ok, pode ser.

COLÉGIO FOXCROFT

Havia amanhecido, mais rápido que Selena desejava. Ela queria acreditar que tudo o que havia acontecido na floresta era uma grande ilusão, mas sabia que aquela não era a realidade, aconteceu, e satã havia dado uma ordem a ela, ordem que ela tentou por vários dias não deixar que acontecesse, mas desta vez não tinha escapatória.

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