Morto

71 3 2
                                    

Ele estava morto. Estava embaixo de sete palmos da terra. Seus cabelos vermelhos estariam agora, secos. Aquela pele perfeita não seria tão macia assim, seria como biscoito de polvilho, esfarelando aos poucos.

Taehyung se matou já faz duas semanas. Foi o tempo de ir buscar um bolo de aniversário e ele se jogar do décimo nono andar. Era tão canalha que me fez jurar que se algo acontece-se, eu teria que entender. Não fazia ideia do porquê daquele assunto, agora é diferente.

- Me dê uma flor, por favor - entreguei o dinheiro para Kim.

Ela sempre está aqui me atendendo. E eu sempre estou aqui comprando uma rosa para Taehyung. Apesar de não conseguir entrar no cemitério e deixar lá. Congelo ali mesmo no portão e volto para trás.

Não quero ter que ver o nome dele em uma lápide. Não quero ter que pensar que estou pisando em alguma parte do corpo dele, o sufocando mais ainda naquele buraco. Parei a minha faculdade, quis trancar a matrícula porque não estava dando certo. Toda vez que eu pisava no corredor, imaginava Taehyung vindo em minha direção como sempre, sorrindo. Com a jaqueta de couro curta e a calça jeans preta rasgada nos joelhos magros e brancos.

Ou de como ele passava a língua nos lábios. Eu amava Kim Taehyung.

- Mamãe, cheguei - anuncio a minha nobre entrada na mansão branca.

Ela veio correndo com uma colher na mão, beijou o meu rosto e me arrastou para a cozinha. Meu pai nunca está em casa porque eles são separados.

Me ofereceu um pouco da nova experiência gastronômica dela. Mamãe tem um restaurante de encantar muitos. Quando estava com o papai, nem mesmo chegava perto da cozinha de lá, agora é a chefe. Ele não queria uma mulher suja de gordura.

E é algo raro para um homem coreano não querer que a sua esposa cozinhe. Ele era moderno demais para uma mulher tão tradicional.

- Está ótimo - sorri, já com a tigela em mãos para pegar mais.

Estava tudo ótimo dentro de casa e eu ficava feliz por isso. Mas não tinha nada certo no meu coração. Estando partido e machucado. Me sentei na cadeira para observar cada movimento da minha mãe com mais precisão. Parecia uma fada.

- E então, como você está? - perguntou ela.

Estou péssima, mamãe.



♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡
Próximo capítulo terá mais palavras, prometo.
Espero que gostem da Fanfic.
Beijos.

The RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora