Jimin ficou ao meu lado o dia inteiro sem dizer nada. Ele apenas respirava fundo e ficava em silêncio. Me respeitou de uma forma admirável.
- É torta de limão - falei, dando um pedaço para ele. Jimin sorriu.
Eu precisava reagir para comer, a morte não poderia me levar ainda.
- Você quem fez? - perguntou Jimin, com a voz mais grossa do que o normal.
Ele estava mais infantil quando nos vimos da última vez. Agora parece um homem crescido e misterioso.
- Eu sempre faço as minhas tortas, seu bobo - dou um sorriso que custa muito a minha energia.
- Sei disso, eu estava brincando.
- Acho bom!
Rimos.
- Eu só não entendo a sua aparição depois de um bom tempo. Você e a Seulgi estão tramando algo?
- Por que acha que todos estão com ela?
- Por que nós éramos amigos? - peguei uma grande parte da torta e coloquei no prato, essa era exclusivamente para mim.
- Me afastei porquê a morte dele me deixou confuso e pirado - explicou Jimin, comendo do meu pedaço.
- Para com isso, todo mundo me rouba comida! - ri. - Mas, aqui, vocês são mesmo uns covardes.
- Tem razão, somos covardes. Começando por você que não consegue entrar naquele cemitério - Jimin e eu nos viramos.
Kook estava com uma touca preta na cabeça, mas não era para esconder a falta de cabelo, já que ele ainda tinha. Um pouco, mas tinha. Seus lábios ficaram ainda mais pálidos do que a última vez. Se eu o visse na rua, não reconheceria pela magreza.
- Ainda tem forças nas pernas? - perguntou Jimin, tão confuso quanto eu.
Kook caminhou até perto de nós e roubou toda a torta, retirou a touca, fazendo com que alguns fios de cabelo se soltassem junto.
- O que está fazendo aqui? - perguntei.
Ele não queria responder, por isso enfiou um grande pedaço do doce na boca. Entretanto, esmurrei suas costas com força e fiz com que Kook colocasse tudo para fora. Aquele jeito cínico era demais para mim.
- Quer fazer o favor de sair da minha casa? - cruzei os braços, não tão surpresa pela folga.
Jeon tossiu, se recompôs e deitou a cabeça no balcão da cozinha.
- Queria dizer que estou aqui para te acompanhar agora mesmo até o cemitério. Está de noite, aproveite, ninguém irá ver.
- O que eu faria lá?
- Você sabe muito bem.
Me sentei na cadeira, farta. Não quero de maneira alguma voltar nesse assunto. Estou tentando esquece-lo, por que ninguém me ajuda nisso?
- Jacob gosta de verdade de você, sabe, eu escutei sobre a festa - disse Kook, me olhando intensamente como quando tínhamos dez anos. - Porém, o que está fazendo aqui?
Jimin não se intrometeu na conversa, não se moveu também para nada. Estávamos escutando e levando bronca de um garoto metido à besta.
- Está parada pensando no morto-vivo e está esquecendo da sua vida - Kook suspirou. - Você pode até me odiar, mas tenha certeza de uma coisa, eu jamais te deixarei ir como ele foi.
Kook era bipolar, era traiçoeiro e até mesmo o demônio da ira. Mas, ele também sabia o que falar e quando falar. Um grande idiota sem noção à beira da morte.
- Sabe por que? Porque você é mais forte. Uma manteiga derretida que está perdendo à vida aos poucos.
- Me esculachou pra falar isso agora? - era de se admirar tanta bosta.
- Você só caminha com um chute na bunda, Joy.
Jimin deu tapinhas nas minhas costas, sorrindo.
- Então, comece pelo cemitério. Estou falando sério, é para o seu bem - disse Kook, entrelaçando as nossas mãos.
Eu jurei à mim mesma que não daria ouvidos para traidores, mas parece que todo mundo está certo, menos a minha pessoa.
- E a sua sala está cheia de rosas vermelhas, um jardim total.
Jacob tentou, e agora deve estar cansado. Esse peso não deveria está com ele.
- Vocês podem me ajudar com as rosas? - perguntei, tendo uma idéia maluca.
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Seulgi poderia ter nos ajudado, porém, deixou que a nossa amizade virasse poeira e nem mesmo tentou voltar atrás. Agora a lápide de Taehyung está cheia de rosas vermelhas caindo para todos os lados. Ele merecia elas tanto quanto eu.
Mas, a minha respiração está acelerada e fora do controle. Não consigo o imaginar dentro desse buraco escuro. Como poderam fazer isso com ele?
Taehyung era bonito demais para morrer com larvas e outros vermes.
- Me desculpe por demorar tanto - falei, bem baixinho ao pé da lápide.
Eu sabia que ficava delirando, mas era a melhor coisa que poderia acontecer agora que estou aqui. Ver Taehyung pela última vez me fará desapegar. Preciso deixá-lo ir.
Me sentei na grama na esperança de rolar um diálogo de despedida, porém, ele já estava à muito tempo comigo no cemitério. Mesmo em silêncio, estava.
- Quer dizer que está vencendo o luto? - perguntou Tae, sorrindo.
Ele se sentou em cima da lápide e me encarou dê forma surreal. Seu cabelo tinha um brilho tão grande que poderia me cegar, o sorriso era quase um lustre e os olhos tinham vida outra vez. Taehyung queria mesmo ir logo e me esperou aquietar o coração.
- Estou te livrando - sorri.
Ele não emitiu sequer, um sorriso. Não gostava das minhas brincadeiras ácidas.
- E eu estou apenas indo te esperar.
Me esperar. Era incrível, ele sabia de tudo.
- Então vá logo - essa chama queimando dentro de mim seria a última em relação ao único garoto que realmente amei.
Taehyung encostou os lábios na minha testa e sorriu. Como eu conseguiria esquecer ele?
- Até mais, querida Joy.
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Agora ele se foi para sempre.
Beijos.
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The Rose
FanficJoy está enfrentando a perda do namorado. Está vendo o mundo mais cinza do que o normal. Seu amor era para todo o sempre de Kim Taehyung. Porém, uma nova rosa em seu coração começaria a brotar. Causando muita confusão e trazendo espinhos. PLÁGIO É C...