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Já se passou um bom tempo sem que eu tenha visto o maldito homem que me mantém uma prisioneira nesse lugar cujo nome nem sei. Faz exatamente uma semana que não o vejo e estou sob os cuidados de Belinda. Ela me explicou o porquê de eu estar medicando e hoje cedo veio um médico fazer alguns exames em mim e disse que está tudo bem comigo. Irônico. Está tudo bem na parte física pois na mental só Deus sabe...

No momento estou deitada na cama para variar e assistindo algo na televisão que nem tinha notado que tinha no quarto. Já havia anoitecido e Belinda já tinha ido embora me deixando somente com os brutamontes dos capangas desse homem que até água se recusavam a me dar. Perguntei a Belinda como ela conseguia conviver com homens tão frios assim sendo ela um doce de pessoa e o que ela disse: Dinheiro. Ela precisa dele e por isso suporta conviver com esses homens. Ela é mãe solteira e precisa do ótimo salário que aqui ganha para arcar com as despesas. Eu não a repreendo.

Mas não sei se teria tanta paciência com a dela pois só agora já estou ficando louca. Esse quarto mesmo com todo o luxo que tem virou tão tóxico que até dificuldade para respirar tenho. Eu não entendo porquê aínda não me mataram. Várias ideias passaram por minha cabeça durante estes dias e todas no fundo faziam algum sentido como por exemplo que talvez sejam traficantes de mulheres.

Ouvi o barulho da fechadura da porta ser destrancada e a maçaneta girar. Isso fez com que meu coração se aflingisse em fracções de segundos. Engoli seco e esperei que um dos brutamontes viessem me buscar não sei para onde mas não era nenhum deles e sim ele. O italiano perigoso entrando com seu olhar mortal e sua presença forte. Senti algo que não consigo descrever mas me senti mais aliviada. Sei que parece loucura mas foi isso que senti. Alívio por vê-lo. Um alívio por ver o meu próprio capeta. Mas meu alívio logo se foi ao lembrar do que aconteceu a uma semana atrás depois do beijo. Eu dei um tapa nele pois quando saí do beijo ele estava rindo da minha cara e percebi logo que não passou de uma mera provocação. Ele jurou que haveria de me castigar e não imagino qual castigo possa ser mas coisa boa com certeza não é.

- Venha comigo_ele diz depois de ficar muito tempo me analisando. Eu não quis aborrece-lo mais e o segui.

Ele me conduziu a parte de fora da casa passando pelo jardim com uma piscina e área de lazer linda e fomos para uma casinha no fundo do jardim. Uma casinha que fazia parte da enorme mansão mas que estava isolada de todos e era a única área da casa sem capangas eu acho pois não vi nenhum deles. Ele tirou dos bolsos um molho de chaves e destrancou a porta com uma delas me dando passagem para que entrasse. Exitei em entrar mas o olhar que ele lançou me fez entrar sem pensar mais que duas vezes.

Entrei na casa e era tudo em tons escuros lá dentro numa mistura de vermelho sangue e preto fusco. Fui andando sem me importar com ele a minha trás e fiquei assustada e curiosa com aquele cenário. O som da fechadura da porta ser trancada me fez virar para ele que estava com um olhar obscuro. Não sei se era loucura de ficar tanto tempo trancada mas seu olhar eu o estava achando completamente atraente no momento. Sua calça de pano preta fazia um perfeito contraste com sua camisa social preta também que estava desabotoada nos três primeiros botões e dobrada nas mangas. Podia sentir seu perfume forte da quase longa distância em que nos encontramos.

Ele fez um sinal com a mão para que eu a seguisse e o fiz. Chegamos até um quarto logo após a sala de estar e entramos no mesmo. A decoração do quarto era a mesma que a da sala porém com vários objetos pendurados em ponhadores, aos quais desconhecia. Tentei reconhecer algum objeto que ali tinha e o único que pude ver foi um açoite. Isso me congelou até a espinha. Não sei o que ele quer fazer comigo mas estou amedrontada demais. Minhas lágrimas logo começaram a escorrer por meu rosto.

OmertàOnde histórias criam vida. Descubra agora