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Meu corpo esbarrou com o do garoto loiro e por muito pouco não cai de bunda no chão. Talvez graças as suas duas mãos firmes em volta dos meus braços ou talvez porque o destino gosta mesmo é de criar situações difíceis.

— Eu diria para você olhar por onde anda, mas também estava distraído — ele riu —, vai aonde com tanta pressa?

— Desculpa, eu... — respirei fundo, tentando por meus pensamentos em ordem. — Eu preciso beber!

Péssima decisão.

— Então vem comigo! — Breno sorriu. — Eu preparo uma caipirinha de kiwi perfeita, garanto que você nunca tomou algo igual.

— Tenho certeza que não — murmurei, acompanhando o garoto.

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Já era o terceiro copo e tudo parecia diferente. De repente, a festa parecia animada, ou talvez fosse eu que estava mais alegre. As garotas na piscina pareciam estar se divertindo e cogitei tirar a roupa e me jogar lá.

Não havia sinal de Arthur ou Letícia por ali, talvez o garoto fosse mesmo um babaca aproveitador com intenção de pegar as duas. Separadamente ou juntas, tanto faz, homens podem ser bem idiotas.

Breno estava ali, ele sorria, preparava mais bebidas e conversava comigo animadamente, sobre coisas aleatórias que eu não ligava, mas fingia interesse.

O garoto era mesmo atraente e talvez eu devesse deixar rolar.

— Parece que sua amiga se deu bem — ele comentou, me fazendo olhar em volta e procurar por ela.

— Você a viu? — questionei.

— Não, eles devem estar no estúdio ainda... Ou em um dos quarto — ele deu de ombros. — Sabe como é.

E como sabia! Na verdade até queria estar no lugar dela. Meu Deus! Se controle, Luísa.

— Tá calor aqui né? — falei. O juízo já não fazia mais parte de mim.

— É, ficou bem quente.

Eu sentia os olhos de Breno queimado enquanto me olhava. Fiquei de pé e tirei a blusa, ficando somente de sutiã. O que estava acontecendo comigo? O que tinha nessa caipirinha?

— Nós deveríamos entrar lá — falei, me referindo a piscina.

Ele apenas balançou a cabeça, concordando. Segurei sua mão e o conduzi para fora.

Agradeci mentalmente por estar usando uma lingerie que combinava, apesar de não ser o conjunto certo. Foi só quando entrei na piscina que notei que outras garotas também usavam apenas roupa íntima, assim como eu.

Breno tirou a camisa e mergulhou, parando de frente para mim. Encostei as costas na borda da piscina e deixei que ele se aproximasse, colocando as mãos na minha cintura e tomando meus lábios para si.

A bebida entra e a vergonha vai embora, levando junto o resto de juízo que ainda restara.

Em pouco tempo eu estava aos amassos com o garoto loiro, dentro da piscina e em público. Algo que eu nunca faria se estivesse sóbria! Mas a realidade era outra; eu estava levemente alterada, com mais álcool que bom senso e com um desejo de vingança.

É triste, mas é verdade. Eu estava puta por imaginar o que Arthur estava fazendo e, parte de mim, queria transar com o melhor amigo dele, para que ele sentisse exatamente o que eu sentia: ciúmes.

Uma pena que, em algumas situações, a gente não consiga raciocinar direito e decide tudo de cabeça quente.

Quando me afastei do loiro, pude ver os olhos do moreno, me encarando, parado próximo a piscina. Ele estava com as mãos no bolso da bermuda, com a cara fechada e em silêncio.

— A Letícia esta no carro — falou, curto e grosso. — Ela quer ir embora, vim te chamar.

Algo estava errado ali.

Breno falou algo sobre me levar depois, mas eu agradeci e sai da piscina, vestindo minhas roupas por cima da lingerie molhada e indo atrás do garoto moreno. Morrendo de vergonha por ser flagrada.

Era o que eu queria? Era! Mas antes de, de fato, acontecer.

Caminhamos em silêncio até o estacionamento. Letícia estava sentada no banco do passageiro, com o olhar distante; entrei no banco de trás e seguimos o trajeto até nosso apartamento em silêncio.

Arthur estacionou o carro na frente do pequeno edifício e ela saiu, sem nem ao menos dizer tchau.

Algo estava muito errado!

Esperei por alguma coisa, alguma reação ou explicação da parte dele, mas não aconteceu e, por fim, decidi tomar meu rumo também.

Subi os três lances de escadas tentando entender o que poderia ter acontecido. Letícia não era do tipo que se abalava com pouca coisa para ter saído da forma que saiu daquela festa. Entrei no apartamento e vi que garota estava trancada no quarto, era um claro sinal de que não queria falar com ninguém. Resolvi que era melhor me recompor antes de tentar conversar com ela.

A intenção era mesmo sair do banho e ir conversar com a minha amiga, deixá-la abrir o coração e poder entender o que estava acontecendo, mas, às vezes, nós não conseguimos controlar o próprio corpo.

Saí do banho e deitei na cama. Só cinco minutinhos... Acordei com o despertador do celular apitando.

Sobre a cama havia uma poça de baba, um claro sinal de que eu apaguei completamente; ao sentar, senti minha cabeça pesar, como se só ela pudesse ter mais da metade do peso do meu corpo.

Ressaca era o nome disso.

Suspirei ainda de olhos fechados, criando coragem para encarar a luz do sol, que provavelmente já invadia o quarto.

O peso da realidade só veio quando notei que eram nove horas e não seis. Corri até o quarto de Letícia, a porta estava aberta e não havia nem sinal dela, nem no quarto nem pelo apartamento. Levou um tempo para que eu encontrasse o bilhete sobre a bancada, onde ela explicava que tentou me acordar e que voltaria no final do dia.

Ótimo! Em plena quarta-feira e eu em casa, de ressaca. Que falta de responsabilidade!

Voltei para cama, de onde eu não deveria ter saído — a não ser que fosse no horário certo, e peguei meu celular.

Havia duas mensagens de Letícia: uma perguntando se eu tinha acordado e outra perguntando se estava bem. Respondi as duas, sem questionar o porquê de não ter me arrastado para fora da cama.

Além dela, Breno também havia chamado no whatsapp, mas resolvi ignorar.

Apesar da bebida, eu lembrava da noite anterior e a vergonha já estava presente em minha vida novamente, me fazendo querer enfiar a cabeça em um buraco, como um avestruz, caso visse ele novamente.

Dez Vezes VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora