Recuperação

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"Minha dor de cabeça havia passado, talvez por causa dos analgésicos que tomei, mas ainda sim demorei alguns segundos para tomar coragem e abrir os olhos".

— Bom dia dorminhoco.

"Alice estava sentada numa poltrona bege bem perto da minha cama. Estava com a mesma roupa desde a última vez que há vi, e isso queria dizer que ela ainda não tinha ido em casa. Em sua mão estava um copo de isopor e pelo aroma parecia ser cappuccino. Era cappuccino tenho certeza".

— Bom dia, o que será que eu preciso fazer para conseguir um copo de cappuccino desses?

— Bem, deixa eu ver. Talvez mais alguns exames, algumas agulhadas, e quem sabe se me contar o que passou na sua cabeça para pular de um prédio para o outro.

— Era muito distante um do outro? — perguntou Daniel.

— O que? Agora? Será que não pensou nisso antes de pular?!

"Essa eu mereci".

— Foi mal, achei que ia conseguir.

"Menti, eu sabia que não ia conseguir, mas por uma razão não podia deixar de tentar, mesmo sabendo o que poderia acontecer".

— Mentiroso! Acha que não te conheço Dan?

— Tudo bem, você me pegou.

"Eu tentei rir, mas senti uma pontada na lateral do meu corpo".

Alice descruzou as pernas e foi na direção de Daniel.

— Você está bem?

— Estou, só senti um dor aqui na lateral.

— Era de se esperar, você quebrou duas costelas, e deu sorte da fratura não ser exposta, ou mesmo de não ter perfurado o seu pulmão, o que é muito mais comum do que você pensa.

"Acho que ela está muito brava comigo, mas não a culpo".

De repente alguém bateu a porta.

— Com licença.

"Quando olhei para o lado vi que quem havia batido na porta era ninguém menos do que Joel Silverstone, pai de Cristian e Finn. Ele é detetive do departamento de polícia da cidade".

— Bom dia Joel — disse Alice, olhando para trás.

— Será que poderia falar com Daniel em particular?

— Claro — disse ela. — Vou estar aqui fora se precisar de alguma coisa.

— Tudo bem, obrigado.

"Alice segurou a minha mão, e por um momento achei que ela não ia soltar, mas logo depois ela se foi".

— Como vai Daniel?

— Melhor do que eu imaginei que estaria.

— Que bom, segundo meus filhos você era para estar morto agora.

— Eu sei.

— Desculpe, se eu for parecer indelicado quanto a sua situação no momento, mas você sabe que eu preciso do seu relato sobre o que aconteceu, porque devido a uma falha no sistema nada do que aconteceu foi gravado pelas câmeras. Então você é a única testemunha.

— Tudo bem, eu imaginei que a polícia ia querer meu testemunho. Então vou ser mais sucinto que puder.

"Eu contei tudo para ele, da explosão até a última coisa que a ladra havia me falado. Joel anotou tudo, parecia bem surpreso com o que eu tinha dito".

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