— Vamos, vamos! — gritava os guardas, formando um cordão para os médicos passarem.
A multidão atirava tomates podres, pedras e qualquer objeto nos guardas, mas eles estavam resistindo com seus escudos, e isso tudo para evitar que os médicos saíssem dos veículos.
"Meu Deus... esse foi o meu primeiro pensamento assim que olhei para a multidão enfurecida. Nós estávamos indo na direção de uma praça gigantesca com uma estátua antiga de um homem sem cabeça sentado num cavalo, acho que estava escrito Dom João VI, mas tive que desviar o olhar, pois uma batata podre foi atirada em minha direção, e isso junto com um insulto que eu nem fiz questão de querer entender. Havia bandeiras queimadas penduradas nas árvores, mas era impossível distinguir de onde eram, contudo em uma delas pude ver o nome libra chamuscado, provavelmente algo relacionado com a cúpula, talvez".
— Droga! — gritou um dos médicos, que foi puxado pela multidão.
— Puxem ele de volta! — exclamou Vincent, direcionando dois guardas para ajudar o médico.
— Tomem cuidado com as batatas, essas realmente devem doer — comentou Charlote, que vinha atrás dos outros três.
— Isso é sério?! Uma piada? Agora? — contestou Alice.
— Você não tem senso de humor?
— Olha...
— Por favor meninas, não briguem. Eu sei que vocês adoram fazer isso, mas a situação não é muito favorável para discussões, ainda mais que estou no meio — comentou Finn, passando rápido pelo corredor de seguranças.
"Nós chegamos ao final e nos deparamos com catracas destruídas, lojas depredadas cheias de teias de aranha e mofo nas paredes. Algumas partes aparentavam ter sido carbonizados e outras permaneciam intactas como se o tempo não tivesse passado. Havia tendas montadas com cadeiras e mesas brancas de plásticos, apenas aguardando pela nossa chegada".
— Por favor, direcionem-se para uma das tendas — ordenou um dos guardas. — Vamos, vamos, não temos o dia todo!
— Podemos escolher qualquer uma Enos? — perguntou Alice.
— A tenda de vocês é a segunda à direita — respondeu Enos, mostrando no visor do óculos de todos a tenda circulada por linhas vermelhas. — Daqui a 10 minutos será liberado as maletas com o novo soro, sugiro que se posicionem logo.
— Obrigada Enos — agradeceu Alice.
— Nossa, ainda me espanto como você consegue falar com ele com tanta espontaneidade — disse Daniel.
— Eu conheço Enos desde que eu era mais nova, então acho que me acostumei com ele. Sempre que preciso dele, ele está lá para me ajudar.
Eles chegaram a Tenda.
— Eu fico na cadeira de trás com a maleta de soros — decidiu Finn, sentando na cadeira ao lado da maleta.
Todo o lugar estava cercado por grades e seguranças, os únicos acessos eram corredores que ligavam a multidão com as tendas, cada tenda preparada para receber mais de 100 pessoas para testar o novo soro.
A multidão estava dividida entre xingamentos e pedidos de ajuda, e isso ficou bem claro quando as filas começaram a se formar.
"Nos posicionamos nas tendas, e num certo momento a maleta simplesmente destravou, revelando o novo soro a ser aplicado nas pessoas. Era um sonho se realizando. Finalmente estava fazendo alguma coisa realmente importante que poderia mudar todo o rumo da humanidade. Como eu gostaria que tudo isso fosse verdade, mas a realidade sempre nos decepciona, e as vezes é mais fácil viver na mentira do que aceitar os erros que cometemos".
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A CIDADE DE LIBRA
Science FictionHouve um tempo em que as pessoas eram livres. Não existiam muros nos separando, nem mesmo regras para determinar quem era digno ou não de sobreviver, mas isso foi há mais de 100 anos atras, antes da doença chegar. La praga, esse foi o nome dado ao...