Capítulo 1

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2019, Seattle.

Arizona Robbins estava arrumando algumas coisas em seu guarda roupa quando encontrou uma caixa, ao abri-la encontrou um pequeno diário.

Oh meu Deus te encontrei - ela diz pegando o caderno e abraçando - tantas coisas escritas aqui, tanta coisa - suspirou melancólica - vou matar as saudades


Ela então abre o diário e começa a ler, recordando-se de quanto tudo começou.

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1992, Seattle.

Era verão naquele ano, eu tinha doze anos e estava brincando no jardim de casa com uma bola de basquete que ganhei do meu irmão mais velho que havia acabado de se alistar no exército, estava tão entretida que nem vi quando um caminhão de mudança parou em frente a casa vizinha, só reparei quando vi sair de dentro do carro uma menina de cabelos negros segurando uma boneca nos braços, ela deveria ter uns dez anos.

Olá - eu disse quando me aproximei - me chamo Arizona Robbins

Oi - disse tímida - Calliope Torres, mas pode chamar de Callie - diz sorrindo

E eu de Ari - diz animada - você vai morar aqui do meu lado agora?

Vou sim, nos mudados do México porque minha mãe faleceu - a menina diz tristemente - e agora papai se casou de novo e ela quis vir morar aqui

Nossa sinto muito - disse sem saber o que dizer - se quiser podemos ser amigas

Sério? - diz abrindo um sorriso

Sim, aqui nesse bairro só tem gente velha - ri - somos as únicas crianças e acho que deveríamos ser amigas para podermos brincar, conversar, vai ser legal - eu disse sem tirar os olhos dela

Claro, você será minha primeira amiga

Você vai ver, seremos melhores amigas - eu estendi a mão para ela que apertou


No dia seguinte na escola, a encontrei sozinha sentada em um banquinho no horário do intervalo.

Está tudo bem? - perguntei

Não muito, não fiz nenhum amigo, todos zombam do meu sotaque latino - diz triste

Não ligue, são tudo uns bobões


Nesse instante eu vi um menino gordinho se aproximando com duas meninas.

Olha la a latinazinha - os três riem e eu sinto uma raiva enorme, não deixaria que ninguém a tratasse assim


Me aproximei do menino e o olhei com cara feia.

Se você tornar a importunar minha amiga eu quebro sua cara entendeu? - eu disse olhando ele de cima já que eu era maior que ele

Tá...tá...tá bom - ele disse morrendo de medo e eu me afastei com um sorriso vitorioso no rosto

Não acredito que fez isso - diz me abraçando forte - você é demais Ari, obrigada

Magina Callie, somos amigas não somos? - ela me confirmou com a cabeça - então eu sempre irei proteger você ok?

Obrigada Ari, você é a melhor amiga que eu poderia ter - disse agradecida.


E foi naquele dia que nossa amizade se iniciou de verdade, a partir daquele dia não nos desgrudamos mais.

{...}

1970, Seattle.

Eu e Callie vivíamos uma na casa da outra, eu agora com quinze anos e ela treze, nossos pais diziam que parecíamos irmãs. Era sexta feira a noite e como todas as sextas, dormíamos uma na casa da outra juntas. Hoje era na casa da Callie, estávamos no quarto dela assistindo Uma linda mulher e comendo pipoca com refrigerante.

Callie preciso de contar uma coisa - eu digo meio nervosa

Pode falar Ari - ela disse enchendo a boca de pipoca

Eu fiquei com uma pessoa - eu digo colocando mordendo o dedo e vejo ela arregalar os olhos enquanto mastiga a pipoca

Como assim você beijou primeiro que eu? - ri - quem foi? Ele é bonito? - ela perguntou curiosa


Eu não sabia como dizer aquilo pra ela, porque eu não havia beijado um menino e sim uma menina, na verdade desde os meus doze anos eu tinha essa vontade e meu primeiro beijo tinha que ser com uma menina.

Se chama Elizabeth, ela é da minha sala - eu digo de uma vez e a vejo se engasgar com o refri - oh meu Deus Callie, respira - eu digo batendo nas suas costas até ela respirar normal

Dios mio - ela diz me olhando - como assim você beso una mujer - ela adorava falar em espanhol quando estava nervosa

Beijando ué - disse revirando os olhos - com a boca, com a língua - ri - vai deixar de ser minha amiga por causa disso? - eu disse com medo

Claro que não sua bobinha - ela disse me dando um tapinha no ombro - só achei estranho você nunca me contar que tinha vontade de beijar meninas ou que gostava dessa tal Elizabeth - disse simples voltando a comer pipoca

É que eu tinha vergonha disso e medo de você me rejeitar - confessei

Você gosta mesmo dela? - perguntou

Sim, muito - sorri

Então é isso que importa pra mim - ela me disse sorrindo - somos amiga pra tudo, e eu estou aqui pra te apoiar independente da sua orientação sexual - dá de ombros - eu amo você Ari - ela disse pegando na minha mão - vamos ser amigas pra sempre

Obrigada Callie, seu apoio é muito importante - eu disse emocionada - eu também amo você, amigas pra sempre - eu disse e a abracei


E foi naquela noite que eu tive certeza que nada nunca abalaria nossa amizade...mas um dia eu saberia que isso não seria tão verdade assim.

Minha melhor amiga...é o meu amor - CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora