A minha cabeça é um furacão! Os meus olhos são agora um oceano... Estou perante uma situação que jurei no meu passado que nunca mais se iria repetir! Foi quando pensei que o meu mundo tinha desabado mesmo em frente aos meus olhos, quando pensei que nada pior me podia acontecer! Tudo que havia de mal para acontecer já havia acontecido e nada mais me iria arruinar a vida.. que afinal, já estava arruinada. Mas tudo isso estava voltar! O sentimento de raiva, medo, fraqueza. Não posso fazer nada para me livrar desta situação dolorosa, tal como não consegui salvar o meu pai da sua morte. Tudo está a voltar! Tudo está a voltar! Tudo está a voltar! E eu, mais uma vez, sinto-me incapaz de fazer algo por mim!
Momentos antes sentia-me tranquila, estava tudo bem!
Momentos antes apreciava, em abstracto, a vida que corre nas rugas do meu rosto, nas veias do meu corpo e do sangue das minhas veias.
Momentos antes estava em total harmonia com o meu mundo, com o planeta Terra! Estava em harmonia, em paz com o mundo, com o universo.
Como é que tudo mudou tão depressa?
Senti a adrenalina a apoderar-se do meu corpo, em passos quentes e fortes, no meu rosto senti a intensidade de uma queimadura de 3º grau, a minha voz tornou-se rouca e áspera! As lágrimas que havia derramado secaram.
Agarrei o banco de pele onde estava sentada. Cravei cada unha dos meus dez dedos no mesmo. O meu pé direito batia num ritmo perfeito. Os meus olhos vermelhos e inchados encaravam a janela.
-Já estou a ver que estás nervosa. Ou estas com pressa? Não te preocupes que já não falta muito boneca.- boneca? este homem que está agora ao meu lado a sorrir, como se raptar uma pessoa fosse a coisa mais natural para fazer, estava-me a meter nojo. Nojo é a palavra certa? Sim, julgo que sim.
Neste momento, era capaz de tudo.Percebi isso quando 'vi' o meu corpo a evadir-se, com uma coragem e uma força que nunca antes havia vivenciado. Demonstrei toda a minha emoção e sentimento com palavras acesas e violentas, agredindo ferozmente aquele que era o culpado por me levar ao limite das minhas emoções.
Jack, parou o carro, sabendo que eu estava pronta para fazer qualquer coisa. Encarou-me, não se mostrando em momento algum, ofendido com as minhas palavras.
Sem qualquer consciência da minha força física, extravasei a minha manifestação para actos físicos.
De punhos fechados e dentes cerrados, tentei atingir aquele que me estava a colocar nesta situação de fúria!
Estaria louca? Não! Senti um profundo sentimento, uma raiva demolidora, uma fúria incontrolável, impossível de esconder e muito menos, controlar.
Mesmo antes de poder concluir a minha ação, fui impedida pelo homem que agora agarrava os meus pulsos, enquanto se ria dos meus atos. Como se eu fosse uma maluca! Será que sou? Será que tudo isto está na minha cabeça? O que é que passa comigo? O que é que se passa com a minha vida? Deixei de ser racional? Isto não passa de um pesadelo... Acorda Sophie! Acorda! Acorda! E só um pesadelo. Não é real.
-É bom que isto não volte a acontecer!-disse Jack, tirando a arma do porta luvas! Isto é real.
-Desculpa, desculpa! Eu prometo que não volto a fazer nada.-disse, mostrando-me completamente vulnerável.
-Linda menina.-sussurrou, colocando uma mexa de cabelo para trás da minha orelha com a arma, que segurava.- Mas como eu não confio em ti, vamos fazer outra coisa.- Dito isto, retirou do mesmo local de onde havia tirado a arma, uma corda.
Pegou nas minhas mãos e amarrou-as.
Momentos depois senti-me completamente exposta e frágil.
Momentos depois, consciente dos meus atos, arrependi-me.
Momentos depois entendi o perigo da proximidade da raiva e da fúria.
Neste momento reflicto como estamos expostos a todo o tipo de agressões, injustiças, descriminações, traições...
Neste momento vejo como temos de lidar com a maldade, como a guardamos, escondemos e disfarçamos.
A vida é injusta, temos de lidar com ela, com a vida que nos foi dada. Só pergunto: Porquê a mim? Já não basta tudo o que me aconteceu? Porque a mim? Dizem que tudo tem um propósito... Mas eu continuo sem perceber o porque de isto estar a acontecer...
Não demorou muito para que as gotas na janela tocassem uma canção que me arrebatasse e me trouxesse novas dores.
A chuva não poderia roubar-me a vida sem apresentar justificações, mas eu não pude sequer protestar. Era normal em dias chuvosos sentimentos mistos se apoderarem de mim.
As palavras recusavam-se a sair, permaneciam presas na minha garganta, impedindo a circulação do ar. Talvez por medo. Nada foi feito. Não falei, não chorei, não gritei por ajuda.
Permaneci imóvel, encarando a janela, que estava repleta de gotas de água, leves e suaves que faziam pequenas corridas até ao fim da janela. Ou então, duas pequenas gotas de diferentes lados juntavam-se no mesmo percurso. Conseguindo percorrer o caminho até ao fim. Juntas até ao fim. E aquelas que se separavam a meio, chegando ao fim da sua história. Ou então são apenas meras gotas de água que caiem sobre o vidro de uma janela de um carro. E eu? Eu sou apenas uma mera rapariga a tentar encontrar finais felizes, até para gotas d'água.
O céu estava estranhamente azul, um azul que me abraçava e tentava-me trazer calma enquanto o desespero me agarrava e sufocava.
'Beneath the window and the water that's in your eyes
That's where I know you're hiding.
There's a smile that could light up a thousand lives
And you need reminding.
Tell me your fears, don't let 'em live a life alone
Let me share the burden.
Cause here beside you there's a man you better know know know
Who you can confide in.'
Não resisti em deixar escapar um pequeno sorriso, enquanto pequenas lágrimas caiam sobre o meu rosto.
Perdida nos meus pensamentos nem me apercebi de que ele já tinha parado o carro. Abriu-me a porta e puxou-me para fora do veículo onde estive sentada durante a viagem.
A chuva tinha parado e tinha sido substituída por pequenas nuvens brancas e um impotente sol, que se escondia entre as nuvens. Cerrei os meus olhos, que não estavam habituados á claridade e andei, enquanto Jack me puxava. Os meus pés estavam a ser arrastados pelas pequenas pedras que estavam no chão. Entramos num grande armazém velho e isolado. Estava vazio, apenas tinha uma cadeira no centro. Ele continuou a caminhar, enquanto me puxava com ele. Empurrou-me para a cadeira e atou as minhas mãos á mesma.-T-tenho sede!-disse, com os lábios secos.
Nisto, ele levanta-se e dirigi-se a uma porta. Sai e uns instantes depois, lá estava ele com um copo de água na mão. Peguei no copo e encostei-o aos meus lábios que imploravam por água.Jack retirou-me o copo da não e voltou a dirigir-se á porta.
-O que é que queres de mim??-perguntei.
-De ti? De ti não quero nada.-dito isto, fechou a porta.
Olá! DRAMA DRAMA DRAMA!! Obrigada pelo apoio que me têm dado! E desculpem por estar pequeno, mas já tinha avisado que ia ser assim!
Espero que gostem! Escrevi-o TODO no telemóvel por isso peço desculpa se não tiver parágrafos e essas coisas. Má eu tinha necessidade de atualizar.Love you all