nove.

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Eu sentia-me tanto deprimida que a única coisa que me lembrei foi da minha lâmina e da necessidade que sentia de me cortar para libertar um pouco da dor que tinha dentro de mim. Levantei-me da minha cama e andei até à minha casa de banho. Procurei a lâmina atrás do lavatório e assim que a encontrei, sentei-me no chão. No momento, em que me ia mutilar, o Ashton entra quarto a dentro e impede-me de cometer o maior erro da minha vida, digamos assim. 

“Blake, que raio é que irias fazer?” Ele parecia assustado, não zangado.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto e simplesmente entrelaço os meus braços à volta do pescoço do Ashton e choro. Choro muito. Eu já não aguentava mais.

Ele pegou em mim e deitou-me na minha cama e ficou comigo até eu finalmente tranquilizar e parar de chorar, mas estava a ser complicado. Eu não conseguia parar, eu só chorava. Talvez fosse a minha nova forma de libertar a minha dor. O engraçado é que a dor continua dentro de mim. Eu continuo a sentir tudo. E eu não quero. Eu quero parar de sentir isto pelo Nathan. Eu quero eliminá-lo da minha vida. Eu quero esquecê-lo.

“Ei, queres falar?” Ashton pergunta e eu mantenho-me em silêncio. “Blake, sou teu irmão, teu melhor amigo e tu sabes perfeitamente que podes contar comigo, então eu peço, por favor, fala comigo. Deixa-me ajudar-te.” Ele diz e eu choro ainda mais contra o seu peito.

Ele apertou contra si com força. Entretanto a minha mãe entra no meu quarto e assim que me vê naquele estado lastimável, junta-se a nós e abraça-nos com força. Isto faz-me lembrar de quando era pequena. Ela fazia isto toda a hora. Ela sempre me abraçara ao mesmo tempo que o Ashton.

“Vamos falar como fazíamos quando eram pequenos.” A minha mãe diz e larga-nos.

Sentamo-nos em rodinha em cima da minha cama, como fazíamos quando contávamos histórias, ou quando queríamos simplesmente falar, ou quando era altura de falarmos sobre os nossos problemas.

“Então, o quê que se passa, Blake?” A minha mãe pergunta.

“Mãe, o quê que tu fizeste para esqueceres o pai?” Pergunto.

“A verdade é que nunca o esqueci, apenas o meu amor por ele acabou.” Ela diz. “O amor acaba ao longo do tempo.”

Assinto e o Ashton intervém. “As pessoas não se esquecem, apenas o que é bom ou mau acaba. Demore o tempo que demorar, tudo chegará ao fim.”

“Mas porquê isto, querida?”

“Acho que acabei de conhecer a amargura do amor.” Respondo. “A decepção muda as pessoas. Ela destrói tudo de bom em nós e a única coisa que fica é a dor e a tristeza. De resto, tudo se vai.”

Eles ficaram a olhar para mim com um ar confuso, mas passado uns segundos, eles logo entenderam que isto tinha a ver com o Nathan.

“O quê que aconteceu entre ti e o Nathan?” O Ashton pergunta.

“Apenas percebi que ele não é a pessoa certa. Eu apaixonei-me e a única coisa que aconteceu, foi a destruição do meu coração e o aumento da minha dor.”

| Ashton on. |

Juntou as peças e logo entendi que a grande razão da minha irmã ter pegado na lâmina, foi devido à dor que o Nathan aumentou em si. Levantei-me rapidamente e abandonei o seu quarto.

Ele magoou-a quando ela mais precisa de si. Ele é um merdas e eu irei resolver isto de homem para homem pois não permito que nenhum filho da mãe magoou as mulheres da minha vida. E com isso das mulheres da minha vida, obviamente que me refiro à minha mãe e à minha irmã. Elas são tudo o que tenho de bom na minha vida.

my salvation.Where stories live. Discover now