quatorze.

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Enquanto conduzia, Stacey brincava com os seus longos cabelos castanhos. Já eu, cantarolava as músicas que passavam pela rádio.

"Blake?" Ouço pela primeira vez a voz da pequena Stacey desde que estou a conduzir.

"Sim?" Olho pelo espelho para ela.

"Eu gosto do Nathan, sabias? Ele é bom rapaz e sinceramente gostava que ele fosse teu namorado." Sorrio ao ouvi-la a proferir tal palavras.

"Quem te disse que ele não era?"

"O Ashton." Ela diz rapidamente. "Quando estava no hospital, ele contou-me uma história de uma menina que se chamava Sasha e de um rapaz que se chamava Adam. Ele contou-me que eles tinham tudo para namorarem, mas Sasha como era uma menina insegurança ainda não se sente preparada para tal. E eu nunca conheci uma história tão bonita como aquela, então perguntei se era real, ele respondeu que sim e eu perguntei quem era a Sasha e o Adam e ele respondeu que eras tu e o Nathan." Ela explica muito resumidamente a história que Ashton lhe contara. "Sabes Blake, eu realmente acho que vocês têm tudo para ficarem juntos. Os teus olhos brilham quando falas nele. Eu sei isso porque o pai olhava da mesma forma para a minha mãe."

"Sabes querida, o pai não é exemplo de homem."

"Eu sei que ele cometeu erros, mas toda a gente erra. O pai não é mau homem de todo, ele apenas não sabe como se expressar ou como dizer as coisas de forma a não magoar ninguém." Como é que uma criança de 10 anos me diz uma coisa destas?

"Tu não conheces o pai como eu conheço, Stacey. Ele só sabe magoar as pessoas não só com palavras, mas também com os seus atos. Ele abandonou a minha família, meu amor. Ele foi um cobarde, não foi homem nenhum. Mas tu também és muito nova para perceber isto."

"Eu quero perceber. Apenas explica-me o tipo de homem que o meu pai é, porque eu não percebo o porquê de toda a gente o odiar. Ele é um bom homem, ele é um bom pai." Ela continua a dizer que aquele homem a quem chama pai é um bom homem, onde eu discordo completamente. "O último fim-de-semana que eu passei com ele, ouvi-o a chorar. E quando o fui abraçar, ele simplesmente disse que estava tudo bem e que um dia me irá explicar a grande razão de toda a gente o odiar, de toda a gente o afastar. Ele é o nosso pai, acredito mesmo que ele te possa ter magoada imenso à tua família, mas eu acho que devias de falar com ele." Ela faz uma breve pausa e pela primeira vez assisto Stacey a chorar. "Eu sou apenas uma criança de 10 anos a assistir à queda do seu pai. Da mesma maneira que disseste que não eras assim tão forte como eras, és exatamente como o meu pai. Porque age como um durão, mas na verdade, não passa de um homem cheio de remorsos e de sentimentos." Ela limpa as suas lágrimas e olha lá para fora.

O silêncio invadiu o carro e tudo o que ouvia era as palavras da Stacey na minha mente. Talvez devesse falar com aquele homem cujo seu nome é Trevor. Eu não sei se o que a minha irmã me diz é verdade ou se é mais um jogo daquele homem nojento para tentar recuperar a sua família. Penso isto porque Stacey há dias atrás não conseguia pronunciar o nome daquele homem.

Acabamos por chegar e logo saímos assim que avistamos Gwen sentada na esplanada agarrada ao telemóvel e sorria para o mesmo. Stacey deu-me a mão e caminhamos até Gwen e assim que chegamos, ambas lhe cumprimentamos com dois beijos.

"Presumo que sejas a Stacey." Gwen começa por dizer. "O Nathan já me falou de ti."

"O Nathan é irmão da Gwen." Digo para ela não começar em passar em traições como nas histórias.

"Ah, e sim sou a Stacey." Ela sorri e leva os seus belos olhos até ao braço de Gwen que realçava as suas cicatrizes. "O quê que tens nos braços?"

Gwen ficou atrapalhada e eu intervim. "São cicatrizes, querida." Ela olha para mim. "Sabes, quando as pessoas não são fortes o suficiente, elas magoam a si próprias. Há várias maneiras de magoar, mas há umas que preferem marcar o seu corpo com aquele tipo de cicatrizes." Respiro fundo. "A mana também tem." Levanto a manga do meu kimono e mostro-lhe as minhas cicatrizes, pela primeira vez.

my salvation.Where stories live. Discover now