Capítulo XXVIII

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Louis estava sozinho em sua casa, frustado, tentando, sem sucesso, desvendar a senha do celular de Harry. Não o levem a mal, o garoto não estava o fazendo por ciúmes ou para tentar descobrir algo sobre o namorado. Ele estava apenas curioso. Pois bem, Harry havia saído cedo de casa para realizar uma cirurgia de última hora em uma paciente que, aparentemente, havia tido sérios problemas com relação a sua doença. Como era domingo, Louis obviamente não tinha nenhum motivo para se preocupar com seu emprego, então, por conta disso, estava há mais ou menos meia hora tentando descobrir a senha do celular de Harry, que havia sido esquecido na pressa de realizar o procedimento solicitado. 

Estava falhando miseravelmente, contudo. Já havia tentado absolutamente tudo: datas de nascimento, dias importantes na vida de Harry (os quais Louis não tinha conhecimento de muitos, mas de alguns), e nada parecia funcionar. Louis suspirou. Queria apenas colher as abobrinhas da horta de Harry, nada demais. Mas o universo não parecia entender isso, então, como tinha duas bocas para alimentar, além da sua, acabou desistindo de mexer no celular do namorado. 

No exato momento em que o deixou sobre a mesa, no entanto, levou um enorme susto. Pegou o celular novamente. Alex estava ligando. Deus, o que faria agora? Louis sentiu-se nervoso por instante. Seria uma boa ideia atender? Da última vez que soubera sobre o garoto, ele não estava nada contente com o fato de Louis fazer parte da vida de seu pai, e duvidava muito que Alex quisesse sequer ouvir sua voz, quem dirá atender o celular de Harry. Enquanto devaneava sobre atender ou não a chamada, o celular parou de tocar. Louis suspirou em alívio. Pelo menos agora não teria mais que lidar com a situação.

Todavia, no instante em que voltou sua atenção para o café da manhã que teria que fazer, o celular tornou a tocar. Maldição, o menino era insistente como o diabo! Louis repreendeu-se por pensar dessa forma, e tratou de lembrar a si mesmo que Alex era apenas uma criança. Não, não iria atender aquele celular. De jeito nenhum, isso não iria acontecer. Com esse pensamento na cabeça, Louis continuou seu preparo. 

Durante os dez minutos em que finalizava suas panquecas, o celular tocou cinco vezes, e no momento em que colocou a última xícara para servir o café sobre a mesa, tocou mais uma vez. Droga, teria que atender o telefone. Alex provavelmente não desistiria, de qualquer forma. Além do mais, já não tinha nenhuma desculpa para recusar a ligação. Antes que pudesse pensar duas vezes, Louis levou a mão até o aparelho e atendeu a chamada. 

"Oi pai..." O garoto começou, sequer imaginando que quem atendera o telefone estava longe de ser seu pai. "Eu sei que o senhor provavelmente está muito bravo comigo, e a culpa é toda minha. Preciso falar com você, mas preferiria que essa conversa não acontecesse pelo telefone. Posso voltar para casa?"

Sua voz parecia tão quebrada que simplesmente cortou o coração de Louis. Alex era apenas um garoto, algumas coisas da vida fugiam ao seu conhecimento, e ele não poderia ser culpado por isso. Sabia que Harry iria perdoá-lo, mas não tinha certeza que entenderia a fragilidade do filho em toda aquela situação. Louis apenas queria poder ajudar...

"Alex, desculpe, seu pai está trabalhando..." Respondeu relutante, rezando para que Alex não sentisse raiva ou nenhum sentimento parecido por si. A linha ficou alguns segundos em silêncio, mas então ele retornou. 

"Louis, eu..." O menino começou, tentando encontrar palavras para manter sua linha de raciocínio. Sabia que deveria se desculpar com Louis; ele provavelmente sabia o que acontecera e tudo que Alex dissera sobre ele. Mas apesar de saber o que dizer, não sabia como dizer.

"Ei, tudo bem, não precisa falar nada" Louis tentou consolar o garoto, afinal, ele era apenas uma criança.

Alex, no entanto, protestou.

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