Capítulo 4 - Michaella

1.6K 156 4
                                    

Pouco tempo depois estávamos em frente ao Blue Eyes e tenho que confessar que o exterior desse lugar era bem imponente, imagine o lado de dentro...
Começamos a caminhar em direção a enorme fila que se formou na entrada, mas antes que alcançássemos o nosso objetivo um dos seguranças que controlava uma das entradas nos chamou e abriu espaço para que eu e a Mel entrássemos. Nem pensamos duas vezes e aceitamos o convite, agradecendo ao passar.
Nós sabíamos que isso acontecia nesses lugares. Eles chamavam as mulheres mais bonitas para entrar na faixa e assim garantir um visual bonito e agradável de frequentar. Alguns homens também eram chamados, mas em menor proporção.
Claro, que nos chamaram por causa da Mel, sou bem ciente disso, mas que mal tinha em aproveitar a carona?
Assim que passamos por um corredor demos de cara com um ambiente completamente magnífico.
A decoração do andar principal alternava entre o preto e o prata, com um piso todo em mármore e as paredes revestidas por espelhos causando um efeito fantástico.
Tudo era de muito bom gosto e cheirava a dinheiro e poder. Desde o riquíssimo bar até aos simples detalhes espalhados por todo o local.
Um pouco mais à frente tinha uma área que mais parecia uma sala de estar, onde cada mesa prateada era cercada por quatro poltronas brancas que aparentavam ser bem confortáveis.
Olhei para cima e só o que vi foram paredes espelhadas. Provavelmente era a área VIP, onde os espelhos os mantinham na privacidade. O seu acesso era através de uma escadaria onde dois seguranças barravam a entrada de pessoas não autorizadas.
— Vamos beber alguma coisa?
A Mel teve que falar bem perto da minha orelha para que fosse ouvida, pois o som do ambiente era bem alto.
Confirmei com a cabeça e seguimos em direção ao bar, que estava bem disputado no momento.
Aos poucos conseguimos um espaço e logo estávamos próximas ao balcão aguardando atendimento.
— Duas tequilas e dois martinis, por favor. — A Mel conseguiu ser ouvida e em pouco tempo as bebidas estavam na nossa frente, e pagas.
Viramos primeiro a tequila e saímos com os martinis na mão em direção a pista de dança.
O som era contagiante e logo estávamos envolvidas com a batida, assim como os demais a nossa volta.
Não demorou muito e logo formávamos um grupo, entre homens e mulheres, dançando em conjunto, e confesso que estava me divertindo à beça.
Bebidas e mais bebidas passaram por nossas mãos, o que foi um grande erro da minha parte, porque estava começando a me sentir tonta e eu detestava essa sensação.
Fora que quando estávamos sobre o efeito do álcool o cérebro não funcionava muito bem e corríamos o risco de cometer uma burrice muito grande ou até mesmo de sermos vítimas de pessoas mal-intencionadas.
Me aproximei da Mel e a abracei pelo ombro, enquanto a outra mão fazia uma espécie de túnel entre a minha boca e o seu ouvido para que ela me escutasse. 
— Preciso ir ao banheiro, um cigarro e quatro litros de água.
Ela riu e disse que iria comigo.
Seguimos em direção ao toalete, que estava lotado, mas aguardamos pacientemente na fila, onde o som estava mais ameno, tornando a conversa um pouco mais fácil.
— Esse lugar é tudo o que falaram. É maravilhoso! — A minha amiga estava bem animada, o que me deixou mais feliz, já que o intuito desse passeio era fazê-la esquecer momentaneamente dos seus problemas familiares.
Sorri e assenti. — Também estou amando, mas se eu não me hidratar, essa diversão não vai durar muito mais tempo.
— Verdade amiga. Eu também estou tontinha. — Ela riu um pouco alto, mas era esse o efeito que o álcool causava em algumas pessoas.
Quando chegou a minha vez me tranquei na cabine e acabei me atrapalhando um pouco com o vestido e a calcinha, mas no final tudo deu certo. Nenhum pingo atingiu as minhas roupas ou pernas.
Me recompus e fui lavar as mãos.
Até o banheiro desse lugar era estonteante. Todas as torneiras eram cuidadosamente polidas, assim como a cuba, e ambas combinavam perfeitamente com o tampo de mármore preto.
O espelho era um objeto à parte, onde várias lâmpadas de led circulavam toda a sua extensão, nos proporcionando visualizar cada detalhe do nosso reflexo.
Retoquei a maquiagem e fui para a porta aguardar a Mel, que não demorou muito a aparecer.
Quando saímos do banheiro vi uma placa indicando uma área externa à direita. Ou seja, o lado oposto de onde estávamos.
— Vai comigo?
Ela assentiu e seguimos o caminho indicado.
Quando abri a porta dei de cara com um belo espaço ao ar livre, com vários bancos e árvores, parecendo um parque particular.
Algumas pessoas conversavam animadamente enquanto degustavam os seus cigarros.
Eu e a Mel sentamos em um dos bancos disponíveis e acendi o meu cigarro dando uma bela tragada inicial.
A fumaça dançava livremente na minha frente assim que a soltei. E esse processo acabou me distraindo até que percebi que já tinha fumado o cigarro inteiro.
Abri a minha bolsinha e peguei uma bala. Eu gostava de fumar, mas odiava o cheiro que ficava.
— Quer? — Ofereci para a Mel, mas ela recusou.
Depois do vício saciado, voltamos para o bar em busca de muita água, o que nos ajudou a seguir com a diversão por mais um tempo.

Uma hora depois já estávamos com novas bebidas nas mãos e dançando como loucas. Ou seja, precisávamos nos hidratar novamente, mas acabamos nos distraindo com a diversão, e essa parte foi esquecida facilmente.
De repente uma música que não conheço, com uma batida super sensual, invadiu o ambiente, fechei os olhos e me entreguei àquele som remexendo o meu corpo no mesmo ritmo.
Eu amava dançar e quando uma música como essa me envolvia eu simplesmente me jogava na sensação e curtia o momento.
Logo percebi que alguém estava bem atrás de mim seguindo o mesmo ritmo, e como eu falei mais cedo sobre o efeito do álcool, onde perdíamos um pouco do raciocínio, acabei não dando a importância devida e continuei com a dança.
Remexíamos em sincronia e logo senti uma protuberância nas minhas costas. Eu não era tão ingênua assim e sabia que o cara estava excitado, mas fingi não perceber. Era o melhor a fazer. Pelo menos foi o que o meu cérebro bêbado achou no momento.
No meio da música, enquanto eu ainda estava de olhos fechados e curtindo a música, senti uma movimentação nas minhas costas e logo ela estava livre do sujeito. Sentindo-me aliviada, pois ele já estava me incomodando, continuei com a dança.
O que eu não esperava era ser puxada pelo braço logo em seguida.
Abri os olhos rapidamente. — Hei!
Tentei me desvencilhar do homem que me mantinha “aprisionada”, mas não obtive sucesso e fui praticamente arrastada em direção as escadas da área vip.
Olhei para trás para pedir ajuda à Mel, mas vi que ela estava logo atrás de mim sendo acompanhada por um cara alto. Não deu tempo de olhar para o seu rosto pois tive que virar rapidamente para a frente quando quase cai ao me deparar com um degrau.
— Ops!

Felizmente fui amparada por um par de braços fortes, o que agradeci internamente por não pagar esse mico na frente de todos.
Aproveitei a deixa e me agarrei mais um pouquinho para sentir cada detalhe daquele corpo aparentemente malhado. Os meus dedos foram diretamente para a sua barriga, onde pude sentir as ondulações de prováveis gominhos. E o cheiro? Cheguei mais perto do seu pescoço e cheirei calmamente aquela pele máscula e o perfume amadeirado invadiu as minhas narinas deixando-me... excitada? Como alguém pode ficar excitada com apenas um cheiro?
Escutei um rosnado, mas resolvi ignorar.
Aparentemente aquela maravilhosa espécie tinha tudo o que eu sempre desejei em um homem e eu tinha que tirar uma lasquinha de tudo aquilo. Afinal, quando eu teria uma outra oportunidade como essa?
Enquanto ele não reclamasse da minha invasão eu continuaria apalpando aquele corpo magnífico.
A próxima conferência foi o seu bumbum. Gente! Que bumbum era aquele? Durinho e com carne, do jeitinho que gosto.
Continuei apalpando até que o desconhecido gostoso falou ao meu ouvido.
— Acabou a conferência?
E a voz? Rouca e máscula.
— Ainda não, só mais um pouquinho.
— Chega!
No segundo seguinte eu estava sendo puxada novamente escada acima.
— Não sabe nem brincar.
Claro que ele não escutou o que eu disse devido ao barulho.
De repente o som se tornou menos agressivo. Foi quando percebi que estávamos em uma sala cercada por vidros.
— Senta aqui!
Fui praticamente jogada em um sofá, muito confortável por sinal. Sabe aqueles em que o estofado se molda ao seu corpo e não dá mais vontade de levantar? Pelo contrário, eu estava muito inclinada a deitar naquela maravilha. De preferência com aquele gostosão encima de mim. Acabei rindo sozinha imaginando a cena. Nada mal!
O lugar era bem legal. Eu nunca estive em uma área vip e agora entendo porque as pessoas gostavam daqui. O barulho não era tão alto, o ambiente era confortável, um bar particular com direito a garçom e uma vista privilegiada de toda a boate. Fora a privacidade que a sala proporcionava. Alguém poderia transar aqui facilmente e ninguém escutaria ou veria. Quer dizer, primeiro tinha que expulsar o barman e o garçom. A não ser que eles participassem da festinha, porque vou te dizer, os caras eram uns gatos.
Estava no meu devaneio particular quando escutei a voz da Mel. Levantei a cabeça em direção à porta e a vi entrando ao lado de um homem bem alto. Assim que me viu saiu correndo para sentar ao meu lado e já foi logo reclamando.
— Quem esse imbecil pensa que é?
Cochichei no seu ouvido para que ninguém escutasse, mas como todo bêbado, não consegui controlar o volume.
— Quem são esses caras?
— Shhhhhhhh — Ela colocou o indicador nos meus lábios me pedindo para ficar quieta.
— Mas eu estou falando baixo. — Pelo menos na minha imaginação. — Eu só quero saber porque aquele gostosão me trouxe aqui para cima.
Mal acabei de falar e escutei alguém pigarreando.
Assim que os meus olhos localizaram o alvo descobri quem havia me levado para aquele local e confesso que não gostei nadinha do que vi.

Dru (Série Angel Men MC) (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora