LEANDRO (Irmãos Soteli) UM

PRÓLOGO

Leandro Soteli

Eu não sabia exatamente o que fazer, a tragédia tinha acontecido tão derrepente que mal podia assimilar o ocorrido. Eu só tinha certeza de duas coisas, eu preferia que aquilo tudo fosse uma grande mentira, e que eu queria estar o mais longe possível dali para não ter que enterrar a pessoa mais importante da minha vida.

Como mais novo de três irmãos eu era mais apegado a ele e nada tirava da minha cabeça que esse acidente de avião não aconteceu por acaso e que algo cheirava muito mal nessa história toda. Logo após o enterro de meu pai, decidi deixar o Brasil,terminar meus estudos no exterior deixando tudo de lado, as lembranças, os sentimentos e todo o resto. Eu sabia que apenas estava fugindo disso tudo, da realidade que era não ter mais nosso pai ao nosso lado, mas era o que eu precisava fazer naquele momento! Eu precisava fugir.

- Você tem certeza que é isso que você quer? - Thiago parecia preocupado e ele fazia questão de não disfarçar nada em seu tom de voz.

- Sim. - O respondo com um suspiro.

- Então tome cuidado irmão! - Marcelo diz bagunçando meus cabelos tentando amenizar o clima pesado de tristeza que se instalava entre nós.

- Pare com isso. - Tiro suas mãos de minha cabeça. - Eu tomarei cuidado irmão. - Digo tentando arrumar meus cabelos novamente fazendo os dois sorrirem.

- Primeira chamada para os passageiros do voo para os Estados Unidos embarque portão sete. - Uma mulher com um claro cansaço em sua voz fala ao microfone informando aos passageiros que a hora de partir estava próxima.

- Diga a mamãe que a amo. - Dou um abraço nos dois e me despeço sem olhar para trás caminhando em direção ao portão sete.

.......

Thiago Marcelo e eu desde pequenos sempre fomos próximos, mas chegou um tempo em que Marcelo ficou ocupado com os treinos os estudos e depois quando assumiu a empresa passava mais tempo trabalhando do que em casa, passava tanto tempo trabalhando que se esquecia de si mesmo tinha perdido as contas de quantas vezes o vi chegar tarde da empresa e se enfiar no escritório a portas fechadas para continuar a trabalhar. Ele mantinha uma rotina muito rígida e exigia muito de si mesmo. Tínhamos apenas uma diferença de seis anos de um para o outro. Eu tinha vinte, Thiago vinte e seis e Marcelo trinta e dois e mesmo assim Marcelo sempre dizia que como mais velho tomaria conta de nós não importando a idade.

Senhor Cézar sempre dizia que o queria a frente dos negócios que como o filho mais velho ele deveria assumir tudo, naquela época papai já tinha sofrido alguns atentados mas nada que fosse tão grave a ponto de tirar sua vida, mas antes do pior ele havia passado o comando da Soteli's Accounting para Marcelo. Nós já sabíamos que ele e alguns de seus sócios sempre contribuíam com a polícia sobre supostos empresários que mexiam com carregamento de drogas e tráfico de crianças, cansamos de receber ameaças desses empresários ou de seus filhos que juravam vingança em nome de seus pais.

Quando pequenos meu pai insistiu para que tivéssemos treinamento e isso começou depois do sequestro de Marcelo.

Mamãe tinha acabado de dar a luz a Thiago e um desse tantos inimigos que papai havia feito queria matá-lo mas apenas encontraram Marcelo e sua babá em casa o levaram e o torturaram e como lembrança para papai eles haviam deixado uma cicatriz no lado direito do peito de Marcelo. Ele não falava muito sobre isso mais foi o que o incentivou a levar a sério os duros treinamentos à que foi submetido. Ele não queria que acontecesse conosco o que havia acontecido com ele.

- Com licença- Uma moça com o uniforme da companhia aérea toca meu ombro me tirando de meus pensamento. - O senhor deseja algo para beber ou comer?