Androide

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(Essa é uma história curta com 6 capítulos que serão postados segunda, quarta e sexta. Espero que gostem e perdoem qualquer erro de escrita.)


"A palavra androide serve para designar um ser que possua qualquer parte robótica e que tenha a forma de um ."



Há anos que o homem não entrava em contato com outros seres humanos. Toda a sua vida havia sido dedicada à sua invenção pessoal. A réplica perfeita de um cérebro que poderia substituir o órgão corporal. Isso poderia parecer impossível para qualquer pessoa, mas não para Saint. Ele não deixaria que sua experiência fosse em vão.

Anos de sua dedicação tinham sido dentro de um laboratório, fazendo inúmeros testes científicos para se certificar de que estava no caminho certo. Seu mecanismo já possuía todos os artifícios para ser finalizado, mas não era algo fácil de se conseguir. Levando em conta ser um processo lento e arriscado, era raríssimo que conseguisse algum investimento.

Por essa razão, além de sentir que seu esforço estava sendo desvalorizado, ainda fazia com que ele se sentisse vazio, incapaz de ajudar as pessoas com aquilo que havia lhe dado tanto tempo de trabalho incansável para conseguir realizar. Era como se tudo dentro de si não estivesse mais disposto a continuar, mas ele se mantivesse firme apenas pela promessa que havia feito para sua mãe.

Seu corpo já não respondia aos estímulos dados por si mesmo, o cansaço tomava conta de si e não era apenas físico. Como se sua mente precisasse de ajuda para enfrentar o tempo turbulento que tinha e ainda passaria dali para frente. Mas ele não iria desistir. O último teste que faltava, definitivamente seria em um humano.

Ao chegar no seu lar e a única a recepção ser de Jade, sua minúscula cadelinha feroz, seu coração parecia sufocado. Sempre havia sido sozinho e isso não lhe incomodava, mas ao ter seu projeto quase encerrado, percebia que não possuía nem mesmo um prazer na vida.

— Boa noite, Jade. Está com fome? — A pequena pulava em torno dele com uma energia insuperável. Era como se passasse o dia todo ligada à tomada, aguardando a chegada do seu dono para se libertar. — E o que você quer comer hoje?

A parede da casa apertada continha inúmeros artigos de jornais e revistas, o reconhecendo como o mais novo estudante de Engenharia Robótica e Inteligência Artificial do país a criar um protótipo cerebral, totalmente robótico. Até mesmo sem ter encerrado e testado seu trabalho, o mesmo já havia sido reconhecido pelas mídias locais.

Mas aquilo não era tudo que ele via em seu apartamento. A grande foto de família acima da lareira fazia questão de trazer à tona a felicidade que o homem já tinha sido capaz de conhecer. Os sorrisos expostos e nitidamente reais aqueciam seu coração mais do que o fogo do objeto abaixo poderia fazer.

Todos os dias, após chegar das suas cansativas sessões de estudo e desenvolvimento, eram aqueles dois rostos que lhe davam forças para continuar. Seus pais, há tantos anos já falecidos, o traziam a paz de espírito e o desejo de mostrar a eles o que o filho ainda era capaz.

O latido foi audível por todo o ambiente, tirando o rapaz de seu pequeno mundo pessoal, aquele que transpassava as barreiras da vida e morte, permitindo que eles se comunicassem, mesmo que apenas na cabeça do jovem que, depois do susto, ligou a televisão para ver os noticiários da noite.

— Venha cá, eu vou te alimentar. — Jade corria em volta dos pés do rapaz apenas com a intenção de ganhar seu jantar. Mas para Saint, isso era a parte mais animadora do seu dia. O contato com o único ser vivo que realmente o amava. — Venha. Que coisa mais linda. Vem cá.

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