"Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e/ou a Segunda Lei."
— Será que você dirigia tão cautelosamente assim antes do acidente ou é algum mecanismo? — O olhar do jovem era muito mais humano do que qualquer pessoa completamente humana.
— Eu não tenho a menor ideia. E se você também não, como podemos sair disso? — Era incrível a forma com a qual Perth havia se desenvolvido. Suas capacidades eram exatamente iguais a de qualquer pessoa.
O passar dos meses fez com que o garoto enviasse para o mundo externo as mesmas ações que anteriormente fazia. Seus movimentos corporais, fala, tato, visão e audição eram completamente comuns. Mesmo que ainda fosse possível identificar algumas divergências.
— Deixe isso para lá. Sempre será uma incógnita. — Palavras que ele não reconheceria antes do acidente também não eram criadas magicamente em sua memória depois do mesmo.
— O que é isso? — A repreensão por meio dos olhos foi dada para o que dirigia. Mas obviamente, isso não faria diferença, um motorista não poderia ver e um androide não poderia entender.
— Isso o quê? A palavra? — O mais novo só assentiu, com seus olhos que vibravam na rua movimentada. — Mistério. Algo que você não sabe, mas gostaria de saber.
— Algo como a real origem do universo? — O raciocínio chocou o outro, que pensava em algo muito mais próximo à realidade, como a razão de ele ter cedido tão fácil aos encantos do jovem. Não podia ser só pela comida.
— É. Isso também, Nong. — O coração do mais velho batia em um ritmo desconhecido, mas interessante. — Esqueça esse assunto. O que realmente te fez ir até minha casa hoje?
— Minha mãe, eu já disse. —Em um engarrafamento, o mínimo que Saint esperava era o olhar fascinante do mais novo. Porém, seu desvio ao olhar pela janela foi mais do que o suficiente para que o homem notasse que o dono do carro estava mentindo.
Mais um avanço, ele pensava. Porém, diferente do que se poderia pensar, não era a mentira que o deixou com essa sensação e sim o disfarce. A forma com que Perth virou seu rosto rapidamente no carro escuro que apenas refletia as luzes exteriores foi o que realmente lhe chamou a atenção.
— Você não está falando a verdade. — Apesar de ele pensar que esse sentimento jamais iria atingir o outro, o constrangimento chegou como se arrombasse uma porta.
— Claro que estou. Por Buda, como eu mentiria? Eu nem sequer sou capaz disso. — Ele poderia enganar qualquer pessoa, mas não a pessoa que havia construído o cérebro que ele tinha recebido.
— Eu estou vendo que não é. — Sem nenhum som de ironia, a voz do mais velho soava como seda. — Se fosse, não estaria fugindo do meu olhar. Você é um péssimo mentiroso, Nong.
— Ok, ok. Pare de me pressionar. — Saint esticou seu pescoço, ainda buscando uma resposta no olhar de Perth que pudesse satisfazer seus profundos desejos brincalhões.
— Então me diga. Você tem apenas cinco segundos antes que eu exploda seu cérebro com palavras difíceis. — Todas aquelas que o inventor já havia ensinado pareciam ser irrisórias para o mais novo, que sempre se perdia no vasto conhecimento gramatical do primeiro.
— Certo, certo. Não pegue tão pesado. — Era medo que exalava do jovem. Não só pela suposta explosão de seu mecanismo, mas também pela reação que seu exímio companheiro poderia ter. — Eu apenas... não sei... senti sua falta.
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Think It's Possible
FanficSaint é um estudante de robótica motivado por eventos passados que transformaram sua vida em uma completa confusão. Por alguma razão, ele se vê confrontado em um dilema de ajudar ou não alguém que está exposto à uma situação semelhante a dele. O qua...