Lei 2

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"Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei."


Todos do lado de fora, inclusive o pai que estava se retirando no momento em a jovem senhora gritou as novidades, entraram correndo para a sala estreita em que o garoto se encontrava. As oito pessoas apertadas em um espaço escondido do hospital estavam ansiosas pela reação do jovem.

Mas ninguém se sentia mais aflito e afobado que o próprio Saint. Pela primeira vez em anos, sua invenção parecia ter realmente se tornado real. Mesmo que a mãe de Perth, que insistia em agitar a sala toda, estivesse nervosa, os sentimentos do inventor haviam ido para outra órbita.

— Meu filho, fale comigo, por favor. — O homem que havia salvado a vida do mais novo sabia que ele não iria reagir assim, seu corpo ainda deveria estar se adaptando aos novos circuitos que ali estavam.

— Acalme-se, Tui. — O pai do jovem abraçava a esposa enquanto Perth abria seus olhos e analisava tudo lentamente.

— Eu conheço você. — Lentamente, o dedo indicador do rapaz acamado se ergueu em direção ao aluno de Robótica.

— Eu? Não, você deve estar enganado. — Como inventor, Saint sabia muito bem que ele não poderia estar enganado. Não era mais um cérebro humano comum, que pudesse sofrer erros populares.

Todos voltaram o seu olhar para o que parecia confuso. O alvo não tinha a menor ideia do que o outro estava dizendo, a menos que houvesse alguma falha no mecanismo. A mulher em frente à cama começou a chorar e ainda sob pulsão, suas palavras saíram.

— Funcionou! Você salvou meu filho, Nong! Você salvou ele e suas memórias! — A mulher correu para o braço do mais novo, o balançando em forma de agradecimento. A mãe do rapaz tinha se dado por conta do que estava acontecendo, mas não Saint.

Mesmo sem entender o real motivo, a vibração da senhora impregnava no corpo do estudante. Era como se ele tivesse a capacidade de sentir o que a mulher sentia sempre que ela o tocava. Seus corações pareciam bater sincronizados, mesmo que por alguns segundos.

É uma sensação totalmente rara no ser humano, Saint só havia sentido isso com uma pessoa antes disso e depois da partida da mesma, não tinha se repetido. Mas não era ruim. Se sentir novamente vivo apenas incentivava que o inventor continuasse em seu caminho, mesmo que ele perguntasse a si mesmo se isso aconteceria em suas próximas invenções.

— Mas não todas... — O olhar singelo e confuso do inventor mantinha-se fixo no garoto. Com o mesmo, não era diferente.

— Não importa, ele está vivo! — Perth olhou para sua mãe e, como uma criança aprendendo a falar, dirigiu-se a ela.

— Por quê você está chorando, mamãe? — A mulher, ainda agitada, voltou para o lado do filho.

— Eu tive tanto medo de te perder, meu amor. Você nem imagina! — O jovem assentiu para a mulher. Sua mão escura foi levantada lentamente, pousando em sua cabeça enfaixada.

— O que aconteceu? — A pergunta surpreendeu a quase todos na sala. Será que o acidente não havia sido suficientemente importante e por isso ele não possuía nenhuma informação.

— Não. — Saint falou em tom firme. — Não é o momento.

A preocupação do mais velho era que a informação poderia agitar o garoto. Sinceramente, ele ainda não tinha noções diretas de quão parecido com um cérebro humano a invenção dele tinha ficado. Por essa razão, pareceu arriscado.

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