"Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei."
Todos do lado de fora, inclusive o pai que estava se retirando no momento em a jovem senhora gritou as novidades, entraram correndo para a sala estreita em que o garoto se encontrava. As oito pessoas apertadas em um espaço escondido do hospital estavam ansiosas pela reação do jovem.
Mas ninguém se sentia mais aflito e afobado que o próprio Saint. Pela primeira vez em anos, sua invenção parecia ter realmente se tornado real. Mesmo que a mãe de Perth, que insistia em agitar a sala toda, estivesse nervosa, os sentimentos do inventor haviam ido para outra órbita.
— Meu filho, fale comigo, por favor. — O homem que havia salvado a vida do mais novo sabia que ele não iria reagir assim, seu corpo ainda deveria estar se adaptando aos novos circuitos que ali estavam.
— Acalme-se, Tui. — O pai do jovem abraçava a esposa enquanto Perth abria seus olhos e analisava tudo lentamente.
— Eu conheço você. — Lentamente, o dedo indicador do rapaz acamado se ergueu em direção ao aluno de Robótica.
— Eu? Não, você deve estar enganado. — Como inventor, Saint sabia muito bem que ele não poderia estar enganado. Não era mais um cérebro humano comum, que pudesse sofrer erros populares.
Todos voltaram o seu olhar para o que parecia confuso. O alvo não tinha a menor ideia do que o outro estava dizendo, a menos que houvesse alguma falha no mecanismo. A mulher em frente à cama começou a chorar e ainda sob pulsão, suas palavras saíram.
— Funcionou! Você salvou meu filho, Nong! Você salvou ele e suas memórias! — A mulher correu para o braço do mais novo, o balançando em forma de agradecimento. A mãe do rapaz tinha se dado por conta do que estava acontecendo, mas não Saint.
Mesmo sem entender o real motivo, a vibração da senhora impregnava no corpo do estudante. Era como se ele tivesse a capacidade de sentir o que a mulher sentia sempre que ela o tocava. Seus corações pareciam bater sincronizados, mesmo que por alguns segundos.
É uma sensação totalmente rara no ser humano, Saint só havia sentido isso com uma pessoa antes disso e depois da partida da mesma, não tinha se repetido. Mas não era ruim. Se sentir novamente vivo apenas incentivava que o inventor continuasse em seu caminho, mesmo que ele perguntasse a si mesmo se isso aconteceria em suas próximas invenções.
— Mas não todas... — O olhar singelo e confuso do inventor mantinha-se fixo no garoto. Com o mesmo, não era diferente.
— Não importa, ele está vivo! — Perth olhou para sua mãe e, como uma criança aprendendo a falar, dirigiu-se a ela.
— Por quê você está chorando, mamãe? — A mulher, ainda agitada, voltou para o lado do filho.
— Eu tive tanto medo de te perder, meu amor. Você nem imagina! — O jovem assentiu para a mulher. Sua mão escura foi levantada lentamente, pousando em sua cabeça enfaixada.
— O que aconteceu? — A pergunta surpreendeu a quase todos na sala. Será que o acidente não havia sido suficientemente importante e por isso ele não possuía nenhuma informação.
— Não. — Saint falou em tom firme. — Não é o momento.
A preocupação do mais velho era que a informação poderia agitar o garoto. Sinceramente, ele ainda não tinha noções diretas de quão parecido com um cérebro humano a invenção dele tinha ficado. Por essa razão, pareceu arriscado.

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Think It's Possible
Fiksi PenggemarSaint é um estudante de robótica motivado por eventos passados que transformaram sua vida em uma completa confusão. Por alguma razão, ele se vê confrontado em um dilema de ajudar ou não alguém que está exposto à uma situação semelhante a dele. O qua...