Capítulo 37: O garoto do piano

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{Bia narrando}

Eu poderia ficar horas e hora alí conversando com o Manuel, mas ja era tarde. Para minha sorte, no momento em que desliguei a chamada, ouço uma batida na porta do meu quarto. Corri para apagar as luzes e me cobri com o cobertor quando joguei meu celular para cima da mesa e ouvi a porta abrindo.

Helena: Você não me engana garota. O que está fazendo acordada essa hora?
Bia: O que? Eu tava dormindo...

Tentei disfarça ao máximo abrindo a boca fingindo que estava dormindo.

Helena: Aham. Ouvi você dando risadinhas do meu quarto e cantando... Estava falando com quem?
Bia: Ta, ta você me pegou. Pode ser que eu estivesse falando com o Manuel...

Ela se sentou na ponta da minha cama e como eu ja conhecia a Helena, não iria dormir até que soubesse de tudo.

Naquele momento eu realmente estava com muito sono, mas o quanto mais rapido eu contasse, logo ela sairia.

Bia: Ele me ligou e disse que estava com saudades e só, boa noite.

Voltei a me cobrir com meu lençol tentando dormir finalmente mas ela não se contentou só com isso.

Helena: Calma, ele disse que estava com saudades? Agora você vai contar tudo, já me acordou mesmo...

Ela não iria sair até que terminasse de contar cada detalhe. Contei tudo o que aconteceu e estava muito exausta.

Bia: E foi só isso. Agora posso dormir, por favor?
Helena: NÃO TO ACREDITANDO. ELE É MUITO FOFO SÉRIO.
Bia: Para de gritar doida.
Helena: Só porque você esta cansada que vou te deixar dormir. Mas amanhã, você vai falar com esse menino, direito.

Nem deu tempo de responde-la quando me joguei na cama e fechei meus olhos.

Sonhei com o Fundom. Ele estava vazio e só podia ouvir a melodia de um piano muito suave e uma música que eu não conhecia, mas que era muito familiar ao mesmo tempo. Comecei a andar e procurar pelo "garoto do piano". Me aproximava e o som ficava mais alto, mas sem perder sua sutileza. Havia um menino sentado atrás de um grande piano, tocando as teclas com delicadeza e calma, parecendo que não havia nada e nem ninguém que poderia atrapalhar. Continuei a me aproximar e a música acabou quando o garoto se virou e aquele rosto ja era bastante conhecido por mim. Ele só disse uma frase: Se o amor é verdadeiro, tudo pode acontecer. Levantou-se do grande piano e caminhou em minha direção. Nos aproximavamos e a cada passo meu coração batia mais forte, na mesma melodia que a música. Segurou minhas mãos e seu rosto se aproximava devagar do meu, quando sou acordada pelo toque do meu celular.

Era Celeste me ligando e ainda meio tonta, procurei o telefone e com os olhos fechados, pensei "porque eu nunca consigo terminar meu sonho?"

Celeste: Bia? Você está bem? Não respondeu nenhuma das mensagens e olha a hora.
Bia: Foi mal, eu dormi muito tarde ontem.
Celeste: Posso saber porque?
Bia: Depois que vocês desligaram, o Manuel me ligou, mas depois eu explico melhor. Onde vocês estão?
Celeste: Já estamos no Fundom, vem pra cá, quero saber de tudo.

Desliguei o telefone e fiquei ainda uns 5 minutos deitada. Aquela frase do meu sonho não saía da minha mente "se o amor é verdadeiro, tudo pode acontecer."

Me arrumei rapidamente e fui correndo ao Fundom. Ainda estava com muito sono, mas só de pensar que veria o Manuel, minha cara mudava na hora.

{Manuel narrando}

Dormi rapidamente depois que desliguei a chamada, pois sabia que tinha aula de manhã e não poderia mesmo me atrasar.

De manhã, juntei todas as forças que encontrei para levantar da cama. Ainda era cedo, somente minha tia Paula havia acordado, com o mau humor de sempre, pelo menos comigo.

Fui para a cozinha na esperança de tomar café em paz um só dia, mas ao passar pela porta, senti que não iria ser possível.

Manuel: Bom dia.
Paula: O café está dentro do armário, pode ir fazer.

Sim, ela me tratava da pior maneira possível, mas eu não podia reclamar, afinal morava na casa dela.

Comi algo rápido e saí sem dar explicações, não queria começar meu dia mal. Ainda lembrava da minha conversa com a Bia ontem e era isso meu principal motivo para conseguir levantar hoje

As aulas passaram bem rápido e na verdade, eu não estava prestando muita atenção em nada.

Quando a aula acabou, Mara veio falar comigo.

Mara: Oi Manuel, vai para o Fundom?
Manuel: Vou sim, vamos?
Mara: Preciso ligar para a Carmím, mas depois podemos ir.
Manuel: Ok, te espero.

Depois que ela falou no telefone começamos a caminhar em direção ao Fundom.

Quando entramos, meu olhar começou a procurar a Bia. Ela não estava lá. Chiara e Celeste estavam ensaiando uma música e não pude deixar de perguntar.

Manuel: Oi meninas, viram a Bia?
Chiara: Ligamos para ela agora, está vindo.

Com qual cara olharia para ela depois de tudo o que disse? Realmente estava nervosos como nunca e quando ela entrou pela porta principal com seu sorriso e brilho nos olhos, eu sabia exatamente o que dizer.

Manuel: Oi Bia, podemos conversar?

Para Siempre, BinuelOnde histórias criam vida. Descubra agora