Capítulo 68: O encontro

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{Bia narrando}

Pode até ser que eu tivesse me descontrolado um pouco, mas foi bom admitir tudo isso para ele.

Não era justo que só eu fosse feliz, ele merece isso também. Ele não merece ficar esperando por mim, apesar de eu saber que errei.

Falar para ele que eu o amo não foi tão difícil quanto eu achei que fosse. Afinal, na minha testa, tá escrito bem grande o nome "Manuel". Só faltava admitir isso depois de tudo o que aconteceu.

Enquanto eu ainda estava pensando em tudo o que aconteceu a caminho de minha casa, muitas mensagens começam a chegar no meu celular. Seis mensagens no grupo das meninas, e uma do Manuel. Involuntariamente, abri primeiro o chat do Manuel.

"Quando puder me liga por favor,quero conversar". Estranho, ele não disse nada agora a pouco. Talvez tenha pensado em como responder aquilo que eu, sem pensar muito, disse.

{Grupo das meninas ON}

Chiara: VENHAM PRA REPÚBLICA AGORA
Celeste: O que aconteceu amiga?
Chiara: O Alex apareceu aqui e o Pietro foi me defender, VENHAM LOGO
Celeste: Calma, o Alex?
Chiara: QUAL A PARTE DE VEM LOGO VOCÊ NÃO ENTENDE?
Celeste: Tá bom, estressada...

{Grupo das meninas OFF}

Alex na República? Pietro defendendo a Chiara? Quando li a última mensagem, liguei para a Celeste na mesma hora.

Não podia ir na República, pois a minha irmã quer que eu arrume as coisas para a "mudança".

Bia: Celeste amiga, o que aconteceu?
Celeste: Bia, eu to na República com a Chiara e tá tudo bem não se preocupa.
Bia: Quero saber de tudo depois, agora tenho que ir pra casa. Mais tarde a gente se fala.
Celeste: Depois te atualizamos amiga!

{Alex narrando}

Depois que saí da República, eu não sabia mais o que fazer. Não tinha mais um rumo, eu só queria ela, queria conversar com ela e voltar ao tempo em que estávamos juntos.

A Chiara me ensinou muitas coisas. Eu sei que ao lado dela, eu mudava completamente, por que ela conseguiu algo que ninguém nunca chegou nem perto de conseguir, ela conseguiu, sem esforço nenhum, fazer com que eu mudasse, mudasse para uma pessoa melhor.

Sempre fui muito feliz com ela e demorei muito tempo para aceitar que não estávamos mais juntos, mas acho que não superei completamente, nunca vou supera-la por completo, e agora que realmente me arrependi, não posso mais te-la ao meu lado, me fazendo feliz todos os dias só com seu sorriso.

Minhas emoções eram uma mistura de tristeza, mas principalmente raiva. Raiva por que ninguém me falou antes que isso tinha acontecido, mas tristeza, por que eu sabia, e dessa vez admitia, que a culpa era toda minha.

Precisava falar sobre isso com o Manuel, talvez ele pudesse me ajudar ou só me escutar, ele tem muita paciência.

Mandei mensagem para ele perguntando onde estava porque precisávamos conversar.

{Bia narrando}

Cheguei em casa, e mais uma vez, Helena não estava. Ela estava cuidando das coisas da mudança, mas ainda assim não desisti de tentar convencê-la. 

Sentei no sofá e comecei a assistir Friends, quando uma mensagem no grupo das meninas me lembra de algo.

Chiara: E aí Bia, qual vai ser a sua roupa pro encontro com o Luan?

O encontro. Me esqueci completamente que era em poucas horas. Me levantei rapidamente do sofá e comecei a experimentar todas as roupas do meu guarda-roupa.

Depois de muito tempo provando, finalmente achei a roupa perfeita. Era um vestidinho preto bem básico com um tênis branco.

No momento que sentei na minha cama e pensei em guardar todas as roupas, chega uma mensagem do Luan avisando que logo chegaria na minha casa.

Eu estava nervosa, mas não nervosa de um jeito bom, não nervosa como os meus vários encontros com o Manuel. Podia ser só porque era o primeiro, ou não.

Mandei foto da minha roupa para as meninas que amaram completamente e depois fiquei à espera dele.

Na minha mente, estava passando as imagens de todos os encontros inesquecíveis que já tive com o Manuel. Nossas canções no parque, nossos milkshakes de sabores esquisitos, nossos cinemas com filmes que nunca tínhamos ouvido falar... Tudo aquilo era nosso, e não sei se estou preparada para viver tudo isso com outra pessoa.

Em meio aos meus devaneios, ouço mais uma mensagem pedindo para que eu saísse. Era a hora. Nada de pensar no Manuel, nada de pensar em algo que já passou, em momentos bons que não voltam mais, tá na hora de construir novos momentos, ou pelo menos, tentar.

{Manuel narrando}

A Bia não tinha me respondido. Será que ela ficou com raiva porque eu não sabia o que dizer? Não consegui pensar em nada, mas agora entendi tudo.

Eu não posso concordar com ela e dizer que é mais fácil com outra pessoa. Sei o quanto nossa relação é difícil, mas tenho certeza que se os dois quiserem mesmo, nada é impossível.

Lembrei que ela tinha dito que ia a um encontro com o Luan hoje a noite. Parece que para ela isso estava dando certo, mas eu nem tentaria, porque eu sei quem é a única pessoa que me faz sentir desse jeito, e apesar de ser mais fácil com outras pessoas, eu não quero procurar outras, eu quero ela, somente ela.

Olhei o celular pela última vez e nada, nem um "te ligo depois" ou "não posso falar agora".  Eu precisava parar de insistir, precisava tentar.

Fui para o meu piano, e em momentos como esses, consigo pensar nas minhas melhores músicas. De frase em frase, a cada sentimento, um verso novo vai se formando junto com uma melodia.

Manuel: "No me salen las palabras, para expresarte que te quiero, no sé cómo explicarte, que me hace sentir."

Quando terminei essa estrofe, a porta do meu quarto se abre rapidamente e o Alex surge com uma revista na mão.

Alex: Manuel, você sabe disso?!

{Bia narrando}

Lá estava ele, na frente do portão da minha casa com um buquê de flores na mão. Um lindo buquê de girassóis, minhas flores favoritas. Fui para perto dele e dei um abraço.

Luan: Está preparada para o melhor encontro da sua vida?

Ia ser muito difícil superar o Manuel nisso, mas ia ser divertido vê-lo tentar.

Bia: Para onde nós vamos?
Luan: Qual a graça se eu te contar?

Porque eu ia poder me preparar psicologicamente para tentar não pensar no Manuel dependendo da ocasião.

Abri um sorriso e ele me agarrou minha mão para irmos. Conversamos muito durante o caminho, mas depois, quando chegamos perto do lugar, ele cobriu meus olhos com a sua mão.

Paramos em lugar e me senti mais nervosa do que nunca. Podia escutar o barulho da água, o que me deu muito medo de ser a minha ponte com o Manuel.

Luan: Está pronta?
Bia: Espero que sim.

Ele tirou a mão dos meu olhos, e a única coisa que eu posso dizer é que, sim, ele conseguiu me surpreender e fazer meus pensamentos sobre o Manuel, saírem da minha cabeça inteiramente.

Para Siempre, BinuelOnde histórias criam vida. Descubra agora