Capítulo 2

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― O que está errado, Camz? - Lauren perguntou imediatamente.

Ed e Scratch também me lançaram olhares preocupados. Eu forcei um sorriso enquanto lutava para me concentrar neles ao invés do excesso de conversa que, de repente, ocupou minha mente.

― Só, hum, um pouco quente aqui fora. - Eu murmurei. Dane-se se eu ia dizer a dois vampiros estranhos a verdadeira causa do meu problema.

O olhar da Lauren correu sobre o meu rosto, seus olhos verdes não deixando nada passar, enquanto aquelas vozes impiedosas continuavam a tagarelar na minha mente.

Ninguém me viu. Espero que eu consiga tirar a etiqueta de segurança...

Logo darei a ele algo pelo qual chorar...

Se ela não aparecer em cinco minutos, eu vou comer sem ela...

― Eu, ah, preciso de ar. - Eu disse sem pensar antes de perceber a estupidez naquela desculpa.

Primeiro: nós já estávamos do lado de fora, e segundo: eu era uma vampira. Eu não respirava mais, muito menos ter algum problema de saúde que eu pudesse culpar por meu repentino comportamento estranho.

Lauren ficou de pé, pegando meu cotovelo e jogando um duro "Fique aqui" por cima do ombro para Ed e Scratch.

Eu andei rapidamente, tentando me concentrar na fria pressão da mão dela mais do que onde eu estava indo. Minha cabeça estava abaixada, porque meus olhos provavelmente tinham ficado vermelhos e brilhantes por causa da agitação. Cale-se, cale-se, cale-se, eu entoei para a multidão não benvinda em minha cabeça.

O barulho em minha mente parecia amplificar os ruídos das pessoas andando ao nosso redor, até tudo ficar borrado em um tipo de barulho de fundo. Ele cresceu, inundando meus outros sentidos, fazendo com que fosse difícil eu me focar em alguma coisa exceto nas vozes cruéis vindo até mim de todos os lados. Eu lutei para empurrá-las de volta, para me concentrar em qualquer coisa exceto nos sons que pareciam crescer a cada segundo.

Algo duro pressionou contra minha frente ao mesmo tempo que uma barreira mais dura e reta achatava minhas costas. Debaixo da estrondosa tagarelice bombardeando minha mente, eu ouvi uma voz Inglesa familiar.

― Tudo bem, amor. Force-as de volta. Escute a mim, não a elas...

Eu tentei retratar as incontáveis vozes em minha cabeça como um canal de TV que eu somente precisava baixar com minha força de vontade sendo o controle remoto. Dedos acariciaram meu rosto, o toque deles era uma âncora da qual eu tirava força. Com grande esforço, eu puxei minha mente para longe da confusão, me distanciando do barulho que queria consumir o resto dos meus sentidos. Depois de vários minutos de concentração obstinada, aquele rugido mental diminuiu para um murmúrio chato, mas administrável. Era parecido com os sons dos compradores ao nosso redor, alheios ao fato de que estavam à distância de uma mordida de criaturas que não deviam existir.

― Eu tenho que parar de beber seu sangue. - Eu disse a Lauren quando me senti no controle o suficiente para abrir os olhos. Uma olhada ao redor mostrou que ela tinha me apoiado em um pilar com o que, provavelmente, parecia um abraço apaixonado, julgando pelos olhares atravessados jogados em nossa direção.

Lauren suspirou.

― Você será mais fraca.

― Mas sã. - Eu acrescentei. E mais segura também, porque se centenas de vozes de repente colidissem em minha mente durante uma batalha, isso podia ser distração suficiente para fazer com que eu fosse morta.

Night Huntress Vol #5Onde histórias criam vida. Descubra agora