Vilão

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Dominic saiu das cobertas, junto de mais uma das mulheres que tinha dormido aquela noite, abriu a cortina da janela de seu quarto e admirou meio enjoado o sol nascer. Olhou para o lado, quando a mulher entrou em seu banheiro, para depois escutar o chuveiro ligar. Cinco minutos programados de uma versão barata de um regulador começou a correr. Para que comprar um regulador caro? se era para usar em um banheiro de um lixo de cidade, com uma água suspeita que fosse limpa.

Desfazendo uma cara de nojo, abriu um sorriso ao respirar fundo e se encaminhou para o closet, já quase todo comido pelo tempo. Tirou seu casaco de barra longa, que se assemelhava a uma grande capa de chuva, pesada, e bem quente. Colocou suas melhores meia e depois a bota, se alongou e voltou para a janela.

Seu quarto ficava no quinto andar de um prédio de sete andares, era um prédio antigo, dos tempos antes de tudo mesmo. De lá Dominic podia ver quase tudo: via as rotas que seu pessoal fazia, via as mulheres, via a rota de seus escravos e mensageiros faziam. Quase tudo. Não via a rota que conhecia tão bem, que levava a base das corujas, ambos os lados conheciam seus limites. E um rumor de um traidor dentro de seu bando de abutres rondava aquela parte da cidade.

Alguém tinha batido na porta, duas vezes para mensagem, e três para outros assuntos. Ouviu-se uma batida e depois outra. Dez segundos depois a porta se abriu, já com Dominic de frente para ela, com as mãos para trás. Em posição ereta e feição sombria. Aquela cicatriz em seu olho direito coçou, mas não ia fazer tal ato naquele momento.

- Senhor D. Os boatos são verdadeiros, achamos um explosivo caseiro na área dos suprimentos. - Fred esperou seu líder dizer algo, mas D. Apenas pediu para prosseguir. - Certo, e a  garota voltou, com um menino.

- Seria aquele que está causando problemas lá em baixo? - Dominic havia se virado para a janela, vendo na rua de baixo, a garota de seu bando, ao lado de um garoto um pouco mais velho que ela. Viu quando cinco homens avançaram até o garoto e o mesmo os jogou com uma força invisível para longe. A garota não parecia surpresa, D. Calculou que já soubesse. Mas, aquilo havia chamado sua atenção.

Surgiu um interesse no garoto, e fez sinal para Fred se aproximar da janela.

- Busque tudo sobre aquele garoto. Ele é como eu. - Dominic disse, ainda com os olhos em Theo, que era segurado e aconselhado por Clara, para se acalmar. "É pior se não se acalmar." D. Fez leitura labial na garota.

- Um transmorfo?

- Não, tem o dom da telesinese. Já te contei a história dos quatro guerreiros do apocalipse. Não vou me alongar. Apenas busque tudo sobre ele, eu tenho um plano.

- Sim senhor D.

  Lá em baixo, alguém tinha conseguido chegar por trás de Theo e o acertado na cabeça. Seria um tempo corrido, Dominic tinha que agir. Clara ajudou a prender ele no porão de uma das casas, levou água e comida. Theo acordou horas depois, sem sinal de Clara naquele cômodo.

- Clara?

- Ei, abriu os olhos - Clara estava ali, na escada sentada. - É tão bonito dormindo. Pensei que quando acordasse, ia já procurar uma casa pra você.

- Sonho de qualquer família.

- Mas esse não é nosso objetivo - Clara se levantou e foi até ele. Se abaixou aonde Theo estava amarrado.

- E qual é, gata?

- Gata? Não. Bom, tem uma organização chamada de Corujas, inimigas dessa organização, Abutres.

- Ta, já me falou o obvio. Por que me querem?

Clara se aproximou no ouvido de Theo e disse baixinho.

- Eles querem você para ser mais um, dependendo do que pode fazer, ou, um mensageiro, ou um escravo normal. Mas eu, o quero para nossa organização: Corujas.

Theo sorriu, aliviado e feliz ao mesmo tempo.

- É uma Coruja infiltrada. Está recrutando.

- Sim, Theo. Diferente deles, precisamos de mais pessoas para nosso lado. Também vivemos na cidade de baixo, mas do outro lado. - Clara se levantou. - Dominic é o líder dos abutres, e ele usa a cidade como uma laranja. Espreme o seu sumo para dar caldo, mas ele tem medo que isso acabara um dia. Trabalhamos para molhar o pé de laranja, não para a matar, tirando toda a laranja.

- Isso é muita coisa - Theo olhou por cima do ombro de Clara. Sem sinal de mais alguém. - Você usou a metáfora da laranja, por que gosta de laranjas?

- E isso é assunto para-

  Uma explosão encerrou a conversa dos dois. Poeira caiu sobre o porão e depois de tosses dos dois. Uma pessoa apareceu na porta do porão, Theo e Clara não viram sua face.

- Temos que sair daqui, alguém está explodindo tudo esse lugar - Disse uma voz que despertou algo familiar para Theo. E depois do homem olhar melhor, reconheceu o garoto amarrado ali.

- Pai?

- Theo?

O Triunfo da Morte: Livro Um.Onde histórias criam vida. Descubra agora