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- Bom, Théo, chegou sua vez. Não creio que será muito diferente de tudo que já vi, mas tenho que te avaliar. -Disse ele com deboche-.
Me levantei e o nervosismo bateu, falta de ar, tremedeira, falar em público era um problema para mim. Mas respirei fundo e fui para frente
da turma.
- Bom dia! Disse com uma voz que insistia em falhar.
- Bom dia. - Todos responderam.
- Como já sabem, tenho uma tese a defender, creio que serei taxado de louco, mas permita-me tentar proporcionar uma nova visão sobre a vida. Minha tese se chama: Depois de amanhã.
Realmente tive dificuldades em desenvolve-la, mas após uma volta na praça e dias de pesquisa, cheguei à conclusão que a vida é uma bolha de sabão

- Théo, bolha de sabão? - disse Henrique debochando.
- Sim Henrique. bolha de sabão.
Ele parecia não acreditar na tese, mas eu tinha que conseguir. Então prossegui.
- Lá estava eu, buscando as respostas para a tese, quando vi crianças brincando. Simplesmente soprando bolhas de sabão. Percebi que as crianças buscavam a bolha perfeita; se soprassem pouco, a bolha não
flutuava; se soprassem muito, a bolha estourava; mas, se soprassem a quantia certa, a bolha voava alto e a criança sorria, até que o inevitável
ocorresse, sem aviso, sem presságio, a bolha simplesmente estourava em algum momento. E tudo que restava era a memória da criança, a imagem da bolha voando.
Vocês devem estar se perguntando: ah Théo, o
que isso tem a ver com a vida?

Bom, assim é a vida. Frágil como bolhas de sabão. Buscando a idealização perfeita, almejando ir alto. E assim como as bolhas, a vida também estoura sem avisos e quando acabar, Tudo que irá restar será nossa memória.
E aí, devemos pensar: será que a criança que nos soprou, estará feliz quando estouramos?
Realmente, você estaria satisfeito se sua vida acabasse agora?
Muitos de nós, tentamos viver buscando a felicidade inalcançável, determinado que a felicidade só virá quando tal meta material for realiza ou quando o fim chegar. Mas gente, o fim, é a morte. No fim a bolha estoura. A felicidade está no caminho; nos pequenos
detalhes; na humanidade, no sorriso. O que tem sido sua felicidade? Quem é você?
Quando perguntam quem é você, como se remete? O que responde?
-Bom - disse Pedro- me remeto como estudante de 17 anos... Morador deste bairro... Filho, amigo.

- Sim, mas o que mais? O que você sabe sobre você, além de algumas informações formais que estão no sistema?
Intrigante, não é? Mas a resposta é simples, muitas vezes não sabemos nada!
- Théo, me perdoe, mas não estou conseguindo
entender onde pretende chegar. - disse Henrique.
- Henrique, veja. A vida é dívida entre bolha e criança.
Quando estamos na infância, nossa bolha começa a ser moldada, a idealização da vida
começa a ser formada. Começamos a sonhar
com o futuro e construir nossa personalidade, caráter, metas... Mesmo que nada seja definitivo.

Essa bolha, ela começa a sofrer algumas alterações da família. Veja, você se lembra de seus sonhos infantis, se lembra se foram apoiados?
Muitas vezes se não apoiamos esse sonho infantil aquela pessoa crescerá frustrada, provavelmente com cárceres emocionais: baixa estima, depressão, ansiedade... Devo lembrar que não estou generalizando essas doenças, mas dificilmente esta pessoa irá alto.
Mas quando uma criança é apoiada em seus sonhos, mesmo que estes se alterem com o
tempo a história já muda. A pessoa crescerá com confiança e sem medo de errar.
Mesmo com apoios familiares, se a pessoa determinar metas como: só vou ser feliz quando
me casar; ter estabilidade ou me formar...
A frustração vai vir. Pois volto a dizer, a felicidade está no caminho. O fim é a morte, mais nada.
Precisamos compreender que o percurso de nossas bolhas pode ser interrompido a qualquer
momento e por inúmeras razões e por isso devemos saber como estamos deixando nossa marca. Como você será lembrado? Quando seu nome ecoar, após sua morte, o que as pessoas
vão dizer?
Nós, morremos duas vezes. Quando paramos de respirar e nosso corpo falece e quando nosso nome vai no esquecimento. creio que a pior
morte é a última; cair no esquecimento é algo lamentável. Afinal o que você foi capaz de
realizar na vida, ou melhor, porque não realizei nada a ponto de ser aniquilado da memória das pessoas, da família... Amigos. Aniquilado do paramento universal da emoção.

Um exemplo bem simples é o professor.
Dificilmente uma pessoa que segue essa
profissão será esquecida após seu falecimento.
Marcas boas, marcas ruins..., mas de alguma forma essa pessoa irá marcar a vida de muitos
jovens e adultos, durante todos os anos de docente.

Depois de amanhã Onde histórias criam vida. Descubra agora