Depois de amanhã

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-- Theo! – ouvi Henrique chamar antes que eu pudesse sair da sala.

- Sim professor. – Respondi com curiosidade.

- Obrigado por aquele trabalho. – Ele disse. –
Confesso que fiquei assustado

- Não tem porque agradecer professor. Só fiz o
que foi pedido, tenha certeza que aprendi lições
que levarei para vida, graças a seu trabalho. – Já
ia me retirando quando ele me chamou
novamente e perguntou:
- Theo, você já sabe qual profissão vai seguir? –
me admirei pela pergunta, ninguém nunca havia
me questionado tal coisa.

- Sim, sei sim. Quer tentar adivinhar? – saímos
da sala e nos dirigimos a saída.

- ãn... você desenha muito bem, toca muito bem, canta com excelência. Creio que será
músico. Ou designer...

Todo mundo dizia isso, mas aquelas profissões
nunca passaram por minha cabeça. Então eu ri,
coloquei um sorriso no rosto e respondi:

- Valeu a tentativa, mas você errou.

- Então me diz, o que você escolheu? Ele
questionou ansioso.

Joguei o skate no chão, subi, e respondi
enquanto me retirava.

- Eu serei PROFESSOR.

Pude ver o sorriso admirado dele, enquanto eu sumia no horizonte...Eu nunca esqueci aquela cena.

Seis anos se passaram e aqui estou, na mesma
escola onde tudo isso aconteceu, faltam 10 minutos para o inicio das aulas, vi Henrique na
sala dos professores, hoje nós somos colegas de trabalho e melhores amigos. Me retirei e fui para a sala aguardar os estudantes. Por coincidência, era a mesma sala onde tudo
aconteceu. O sentimento de nostalgia me envolveu. E então os alunos chegaram, escolheram seus lugares e tiraram o material da bolsa. Então nos apresentamos e eu escrevi na lousa:
o que é a sociedade? O que é o mundo? E quais seus sonhos?
Expliquei o trabalho, tirei duvidas e pude sentir o
que era ser um professor.
Minha disciplina: sociologia.
E então, fiz a chamada, e comecei a conversar com eles, contei minha história e observei cada
um dos 37 alunos que estavam em minha frente, descobri o porque que vários docentes sentem medo de vestir a camisa de educador. Me admirei e me apaixonei ais ainda por minha
profissão que havia se iniciado a pouco tempo.
Cheguei à conclusão que se um daqueles um dia escolher ser educador, pelo simples fato de se inspirar em mim ou em meus colegas, a humanidade estará salva de alguma maneira.

- Professor? Disse Eduarda, me trazendo de volta a realidade

- Sim, diga.

- porque o senhor resolveu dar aulas? E porque
sociologia? – nunca ninguém tinha me perguntado isso, mas eu tinha a resposta.

Encostei em minha mesa, cruzei os braços e respondi.

- Bom Duda, eu escolhi ser professor, porque acredito que dando aulas eu posso fazer a
diferença. E sociologia eu escolhi porquê...

– E o sinal tocou...