07. Distância, inverno e inscrições para o festival

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Na primeira manhã de dezembro, percebi que algo estava diferente

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Na primeira manhã de dezembro, percebi que algo estava diferente. Levantei da cama e avistei a camada branca e grossa de neve que cobriu o campus e, inclusive, a janela do quarto. O frio que tomou o cômodo era inexplicável. Bati o queixo, sentindo meus lábios congelarem e puxei meu cobertor, enrolando-o em meu corpo. Cacei o relógio e demorei para entender o seguinte fato: estava atrasado pra um caramba.

Arregalei os olhos e comecei a caçar as roupas mais grossas que tinha trazido. Enfiei a calça do uniforme por cima da do pijama que já estava usando, porque realmente estava sem coragem nenhuma de tirá-la e sentir o tecido gelado entrar em contato com o meu corpo aquecido. Fiz o mesmo com a camisa e com o suéter. Pela primeira vez, não resmunguei mentalmente em vestir aquele blazer assim que senti o tecido me proteger. Por cima de todo o uniforme, coloquei um enorme sobretudo azul escuro e calcei os mesmos vans de sempre.

Olhei para o lado, vendo que ele já havia deixado o quarto. Não trocamos qualquer palavra que fosse durante dois meses inteiros. Também passei a evitar Oh Sehun e Do Kyungsoo, que não pareciam entender muito bem o que estava acontecendo. Sehun tentava conversar comigo, até acenava quando me trombava nos corredores, mas eu sempre abaixava a cabeça e seguia para a sala. Já D.O, bom, ele não é do tipo que faz questão de nada, só que, ainda assim, tentou me chamar para uma das quinze festas que ocorreram na casa dos outros garotos, por todas essas semanas. Recusei todos os convites e passei os finais de semana estudando, enfurnado no quarto. Completamente o contrário de Park, que fazia questão de não aparecer enquanto eu estivesse ali, presente.

Jongdae ficou afastado do colégio durante o restante do mês de outubro praticamente inteiro, voltou apenas no final, mesmo com o pé enfaixado. Taehun e mamãe vieram buscá-lo depois do ocorrido, e perguntaram se me sentiria confortável em estar no internato sem ele. A vontade era de dizer que ele nunca esteve comigo de verdade. Eles me chamavam para passar esses finais de semana em casa, mas sentia que toda vez que olhasse para o tornozelo fodido dele, lembraria do meu colega de quarto e da falta inevitável que ele me causava. Só que, ficar aqui, ignorando e sendo ignorado, não fazia mínima diferença e doía da mesma forma 一 ou até mais do que se estivesse em casa.

Já Jongin, bem, ele meio que notou o afastamento de Park e aproveitou para voltar a me infernizar, mesmo que indiretamente. Tiveram três dias seguidos em que cheguei e encontrei o meu armário totalmente aberto à força, os materiais todos espalhados pelo corredor e os dizeres 'viadinho de merda', em uma folha branca, grudada bem de frente para mim. Por isso, passei a trazer a bolsa para o quarto ao invés de deixar as coisas ali, porque não era nem um pouco seguro.

Pensei inúmeras vezes em ir até a diretoria, mas sabia que não teriam consequências algumas e que tudo seria uma tremenda perda de tempo.

No segundo dia, Chanyeol me viu recolhendo os materiais e ficou parado, do outro lado do corredor, nitidamente irritado e pronto para jogar na minha cara o quão trouxa eu fui por defender Jongin, se estivéssemos nos falando. E, aquele, foi o único dia em todos esses dois meses em que os olhos castanhos escuros voltaram a me notar, soube que havia sido ele quem rasgou todos os livros do Kai, como resposta. Era notável o ódio que um nutria pelo outro, porém, eu estranhava muito o fato de Jongin nem sequer mover um dedo para enfrentá-lo novamente. Alguns achariam que era medo, mas eu sempre achava que ele estava escondendo alguma merda muito grande.

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