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O barulho era quase ensurdecedor. Um tipo delicioso de caos, daquele que te arrepia a pele toda e te deixa excitado de todos os jeitos certos. E todos os jeitos errados também.

Essas festas eram sempre agitadas, tumultuadas, cheias de pessoas no limite do descontrole, do jeito que tem que ser. Às vezes, as coisas saíam um pouco do controle e ter que lidar com mulheres mais alcoolizadas do que o ideal não era a parte favorita do meu trabalho. Eu estava ali para dar prazer. Levá-las ao limite, ajudá-las a explorar toda sua sexualidade reprimida pelos namorados bosta e maridos controladores de merda, tudo dentro do mais claro consenso. Por isso, sempre que uma ou outra convidada parecia estar fora do próprio controle, os supervisores entravam em cena e as retiravam dali, sem discussão. Batiam pé, reclamavam, mas eram colocadas sentadas em um cantinho com um copo de água e só saíam da boate acompanhadas de alguém de confiança.

A última coisa que a Lux precisava é ter sua reputação manchada por alguma cliente se machucando depois de passar dos limites no strip-club mais requisitado da cidade. Tínhamos pessoas treinadas com olhar afiado sobre tudo que acontecia ali, e eu podia fazer meu trabalho na paz.

Eu não era o stripper mais bem pago da casa à toa.

O caos dessa noite era o meu favorito. Despedida de solteira.

A noiva era quem menos perdia a linha, e eu preferia assim. Gostava de manter as coisas bem profissionais com essas futuras senhoras casadas. Já tive minha cota de noivos ciumentos querendo quebrar minha cara e nenhuma bundinha gostosa vale a pena um olho roxo. Minha atenção normalmente ia para a madrinha, ou alguma amiga que acabara que ficar solteira e estava desesperada para provar que ainda sabia curtir a vida.

Eu fazia esse sacrifício com prazer.

— Você vai ficar aí sendo gostoso de graça ou vai me fazer ganhar dinheiro, Matheus?

O tapa estalado que Marcus, meu supervisor da noite, largou na minha nuca ardeu, e eu devolvi o carinho. Mas comecei a me mexer. Atravessar o salão lotado, esbarrando aqui e ali, esfregando o corpo sem pudor em qualquer uma das mulheres que me puxasse, mas não demorei muito para encontrar meu alvo da noite.

Aline é o nome dela. Sabia disso porque fora incumbido de "fazê-la feliz" pela noite, mas a mulher vestida à vácuo em um vestidinho branco curtinho que deixava a curva da sua bunda de fora, uma coroa na cabeça, saltos enormes e uma faixa escrita "noiva" parecia tudo, menos disposta a sentar, relaxar e aproveitar um lap dance. A coitada estava histérica andando de um lado para o outro tentando controlar as amigas, checando todo mundo, conferindo se estavam todas bem.

Coitada.

Ela realmente parecia precisar de uma boa desestressada. Era uma pena que eu não fizesse essas coisas... Eu era stripper, não garoto de programa. Tudo bem, acontecia o tempo inteiro de um ou outro funcionário da boate fizesse "horas extras" e "trabalhos adicionais". Tinha mais o que fazer da minha vida do que perder meu tempo julgar alguém. Todo mundo tinha conta para pagar e isso realmente não era da minha conta, só não era o tipo de coisa que eu gostava de fazer.

Quando fodia alguém, quando fazia uma mulher gozar gostoso, era por prazer e a única coisa sendo paga era meu ego. Dinheiro nunca entrava nessa conta.

Assim que alcancei Aline, sinalizei com a mão e uma funcionária mulher apareceu para levar um das convidadas ao banheiro. A noiva pareceu respirar aliviada ao ver que a amiga estava sendo bem cuidada. Respirou fundo e o movimento fez o decote descarado do vestido encher com seus seios fartos quase saltando pelo tecido. Só notou que eu estava ali, parado bem atrás dela, quando encostei no seu quadril.

— Por que você não vem comigo? — perguntei. Toquei sua orelha com a boca e sorri satisfeito quando ela tremeu um pouco. O sorriso aumentou quando vi que ela tomou seu tempo para escanear meu corpo com atenção, os olhos arregalados e cheios de desejo.

MATHEUSOnde histórias criam vida. Descubra agora