Chess odeia dias ensolarados.

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Merda, esse diabo não fica quieto. Era o que eu pensava conforme eu andava com aquele filhote de Pegada de fogo, ele não parava um segundo, soltava choramingos e uivos que facilmente podiam ser identificados como um filhote, e se tem algo que corre perigo nesse mundo é um filhote indefeso, sem contar que esse filhote não estava nem perto de ser domesticado por mim, e se ele não fosse domesticado com toda certeza eu iria ter problemas, não iria querer um Pegada de fogo adulto com fome atrás de mim enquanto eu dormia.

Subitamente sinto uma fome insana percorrer minhas entranhas, sabia que era hora de comer, eu não comia fazia uns 3 dias e não existe a menor possibilidade de fugir, sumir ou lutar com fome, hora de voltar ao meu assentamento original.

Após sair por aquela abertura na toca do Araço eu me deparei com a superfície, uma temperatura relativamente amena e ventos lentos o clima estava confortável.

Após sair por aquela abertura na toca do Araço eu me deparei com a superfície, uma temperatura relativamente amena e ventos lentos o clima estava confortável

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REGRAS DE SOBREVIVÊNCIA.
1° : Se está confortável, bom, ligeiramente bom, ou ruim, desconfie, o ideal desse lugar miserável é estar péssimo.

Segui desconfiado, odiava o clima bom, era o clima que animais como o pai do ratinho que estou na bolsa saem para se alimentar, afinal comem apenas a cada poucos meses, e se eu de repente me deparo com uma Pegada de Fogo ou uma Borboleta Púrpura eu realmente sumiria do mapa.

São 10 horas de caminhada até meu buraco, não sei se sobrevivo 30 minutos com essa porra chorando em minha bolsa, porém absolutamente eu não irei deixar esse neném para trás, afinal ele garante minha velhice hehe.

Jony, dividia o buraco comigo há semanas, não o vejo a 5 noites, será que ele está bem? Não que eu me importe, afinal ele é apenas um conhecido, como papai dizia. "Em tempos de fome e guerra os homens deixam de se homens e se tornam monstros." Acredito fielmente nisso, após passar os últimos 10 anos sozinho.

Após passar algumas horas caminhando sinto o filhote se remexendo na bolsa.

Sinto uma mordida no meu braço, me assusto e olho para baixo, o maldito Pegada de fogo está assustado, terrivelmente assustado, se você acredita nos instintos dos humanos, vá por mim não se comparam ao dos animais.

Começo a reparar ao meu redor, me abaixo e verifico toda a planície ao meu redor, nada aqui. Paro de observar o chão e apuro meus olhos para olhar para o céu azul brilhante, nada aqui. Então até meu instinto desagradavelmente inferior ao do meu querido ratinho me avisa que algo está errado, eu me deito e coloco a orelha no chão.

Sabe aquele ronco da sua barriga? Imagine-o vindo com uma mistura de ronco de gordo dormindo acompanhado de tremores terrestres, seria exatamente assim.

Não. Não. Não. Não. Não. Precisavam aparecer agora? Justamente agora estou à apenas 1 hora e meia de casa e essas pragas aparecem agora? Maldição.

Coloco o Pegada de fogo no colo e começo a correr igual um usuário de drogas, atrás de drogas.

Conforme corro o chão começa a criar pequenas rachaduras, como a erosão após uma chuva violenta em uma planície desmatada. Os tremores agora são sentidos sem ser preciso prestar atenção, e os pássaros cantavam atrás de mim e o sol estava a todo vapor no seu auge.

O país da insanidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora