Acordei desnorteado e com uma criaturazinha miserável tentando arrancar minha orelha, não estou brincando machucou, olho ao redor, meu bom e velho buraco cheirando a mofo e ovo podre, que saudade hein.
Seguro nas paredes sentindo fraqueza e tontura, evaporar causa isso, maldita habilidade que não funciona no modo automático, me pergunto se um dia irei me acostumar com essa habilidade, meu buraco tem uma estrutura que aguenta uma bomba nuclear, não estou brincando isso é um abrigo para enormes bombas ultra venenosas que mataram 50% da vida, e alteraram os outros 50% olho ao redor procurando o Jony, será que ele notou a bagunça lá fora? Ando pelos cômodos do buraco e não o encontro, passo pela porta do banheiro e me deparo com a cena, nojo é a única coisa que define. Está o morto, mortinho da silva, sabe? Negativou a vida. Isso me afetou um pouco, tive que sentar enquanto o meu querido filhote estava terminando de se deliciar dos restos do Jony, provavelmente morreu por algum tipo de infecção, ou talvez uma doença sexualmente transmissível dessas Noguéir que ele pegava sinceramente não me importo o suficiente para chorar, porém sinto o suficiente para me calar.
Talvez eu seja realmente menos humano do que já fui, deixei o Faísca comer os restos do meu colega de buraco, porém pensa comigo, ele deve ter morrido a 4 dias no máximo, já estava em estado de putrefação, não queria encostar nele, e outra, vai nutrir meu pedaço de ouro flamejante.
Toda vez que eu evaporo, sinto como se tivesse passado 3 dias usando drogas, busco por comida, abro uma caixa de madeira, hermeticamente selada, e vejo o que tenho para o jantar, hum besouros secos, larvas salgadas, um pouco de mel de verme, delicioso como sempre meu cardápio, brincadeira era nojento, porém nutria o corpo e alimentava, vou até um galão escondido e bebo exatamente 500 ML de água, o suficiente para precisar beber água só depois de amanhã, enquanto me preparo para limpar os restos do meu companheiro ouço o Faísca rosnar para mim, sinceramente seu cachorro esquentadinho de merda, te salvei da barriga da sua mão, te salvei de uma Araço, te alimentei com meu colega, estou te dando uma quantidade absurda de cuidados e você quer rosnar para mim? Vai tomar no seu cu se é que você tem um-, após eu me exaltar com o Faísca ele me olhou com cara de deboche, e sem mais resmungos foi dormir, sinceramente não aguento mais uma hora com essa porra no meu calcanhar, bicho miserável.
Trato logo de limpar os líquidos que saíram do corpo de Jony enquanto o disgraçadinho se alimentava, após abrir as saídas de ar para dar uma ventilada no cheiro de cadáver pós festa, eu concluo que necessito de um banho, pego uma pano um balde e 500ml de álcool, molho o pano e começo a me esfregar igual os gatos fazem com a língua, termino de me limpar e de repente, ouço a porta bater.
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-Chess está ai? Diz-me que você está vivo cara, tinha um lagarto Espúrio aqui estou com o cu na mão cara ele quase me come, e nem estou falando do jeito agradável.-
-Porra você inventa de chegar na hora do meu banho, entra seu moleque miserável.- escuto a voz carrancuda e ligeiramente cômica do Chess, ele nunca muda.
Entro por aquela porta pesada de aço, olho para frente na escuridão, a toca do Chess arrepia até o pelo dos meus dedinhos.
Márcio: Iae cara não nos vemos a 15 sóis como você está?
Chess: Cansado, acabado, destruído, e desanimado, e você?
Márcio: Eu estou fodido mano, peguei uma Noguéir e to com uma coceira no meu saco, acho que peguei bicho de lebre.
Chess: Eu te falo Márcio, para não se envolver com essas mutantes de merda cara, eles são radiação mudanças genéticas e DST, não é por que elas tem orelhas de coelho que são puras ou limpas, seu marsupial.
Márcio: Porra, eu sou um mutante Chess e você também, Na verdade quem não é? Para com esse seu preconceito, é desnecessário.
Chess: Olha aqui Márcio, mutante é teu cu, existe diferença entre mutantes e humanos evoluídos ok? Minha genética apenas se adaptou a mudanças da terra, nada muito impressionante, não sou igual vocês com orelhas de coelho e rabos de jacaré, faça-me o favor.
Márcio: Ok ok Chess, não vamos entrar nessa discussão agora, esse seu olho roxo brilhante diz tudo por mim.
Não olho para Márcio enquanto me arrumo, me olho no espelho e vejo meus olhos roxos como malditas nebulosas do espaço, sei o que sou, e sei que se olhar ele vai estar com uma cara de quem tem razão e sei que vou querer agredir esse mutante de merda.
Enquanto eu olhava para as costas do Chess arrepios subiam minha espinha, ele era um predador, sem duvidas você não iria querer entrar no caminha dele, ele é o pior tipo, o tipo que vê a morte como algo banal, pensando nisso cadê o Jony?
– Ei Chess cadê o Jhony?
Chess: Morto cara, deve ter pego uma infecção, o Faísca comeu.Quando ele fala isso aponta para um canto e meus olhos saltam, simplesmente o arrombado conseguiu um filhote de categoria A, fico impressionado tanto pela frieza que ele trata a morte de um cara que mora com ele a meses, quanto pelo fato do gatinho de fogo novo dele, porém com Chess você não pode se impressionar, então finjo indiferença.
Márcio: Oh legal, finalmente arrumou uma gato para manter as pragas longe não? Se o Jony morreu é por que ele não era forte, uma pena de fato.Chess: Você não veio aqui para falar de ratos e gatos Márcio, o que e quem quer meus serviços?
Márcio: Rainha Gaya, pede para que você compareça lá o mais rápido possível, aparentemente ela quer explorar a linha horizontal.
Nessa hora até o Chess que raramente se surpreende se surpreendeuChess: Mais um ano e mais um governante em ascensão querendo conquistar o impossível, ela realmente quer explorar AQUELA linha horizontal?
Márcio: Sim a única seu “humano” imbecil.
Falo olhando com leve desprezo, por um segundo ele me olha feio e reflete.Chess: Certo, você tem minha atenção, vamos, o que ela deseja explorar lá?
Márcio: Chess ela você sabe o que ela quer, ninguém foi além do mar de ossos desde A Guerra dos Espúrios, talvez riqueza inimaginável, talvez o controle das máquinas que sobraram, ou talvez nada, ela está muito interessada nisso $ se é que me entende.
Márcio: Vocês não entendem nada de porra nenhuma, vão caçar a própria morte, e vão me pagar por isso, não posso prometer que irei entregar tudo que achar por lá, você sabe mestiço.
Márcio: Chess, A Rainha branca não se interessa apenas em riquezas, mas você sim e ela tem de sobra, irá me acompanhar ou não?
Chess: Claro, dinheiro é dinheiro.
Enquanto me preparo para sair eu abaixo para coçar meu tornozelo e o Faísca resolve entrar na minha bolsa.
Márcio: Ele vai junto?
Ele responde com um leve grunhido.
Chess: bem nunca se sabe quando você irá precisar de um isqueiro né.
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O país da insanidade
Ficțiune generalăUm mundo pós apocalíptico onde ilusão e realidade se fundem com perfeição, cada passo pode significar vida ou morte, radiação em massa e florestas carnívoras te esperam em cada esquina, a magia e ciência são reais e nesse mundo formam uma dupla mort...