CAPÍTULO 16

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A primavera já havia florescido os jardins de toda a cidade de Seul e finalmente espantando o frio do inverno. E meu deus, pensar que já se passou um mês após o evento que mudaria totalmente minha relação com TaeHyung é estarrecedor. Não é como se estivéssemos nos tornando amantes apaixonados ou algo do tipo. Mas não mentirei, o fato de conhecer um pouco mais da história de meu chefe e ele a minha, sem dúvida nos torna mais próximos e nossa relação um tanto mais gentil apesar dos desentendimentos.

Mesmo que nossos atritos estivessem diminuindo, não significa que eles não existam. Na verdade, às vezes fazemos questão de brigar, pois, a maioria acaba com provocações sensuais. Como da vez que precisei sair no meio do expediente, quando voltei TaeHyung ficou furioso, discutimos, ele ameaçou me demitir, mas findamos o dia com sua boca entre minhas pernas no carro dele. Nosso sexo, por outro lado, é apenas carne na carne, não há nada de especial além palmadas deliciosas e beijos perversos. E TaeHyung tem me ajudado de verdade com o BDSM, vez ou outra me envia links de textos sobre o universo e algumas técnicas. Então sim! apesar de ainda sermos implicantes um com o outro, eu digo com toda a certeza: EU NÃO O ODEIO. Para ser bem sincera, até gosto da sua companhia, mais do que poderia imaginar.

Hoje em particular, não nos vimos na empresa, pois ele passou o dia ocupado em uma reunião sobre os produtos Vnos e eu fiquei jogando palavras-cruzadas on-line na maior parte do tempo. Foi um verdadeiro tédio, eu não tinha TaeHyung para irritar ou JiSoo para conversar, já que ela tirou cinco dias de folga para visitar sua mãe e avó em Gyeonggi.

Quando o expediente acabou, simplesmente arrumei minhas coisas e fui embora, encarando um metrô lotado naquela sexta-feira. Após um banho relaxante e um jantar simples, liguei para meus pais.

ㅡ Oi! Pai. ㅡ sorri para a tela do celular ao ver sua imagem sendo exibida quando minha mãe aponta a câmera do celular em sua direção.

Ele estava deitado na cama, com cabeça apoiada em vários travesseiros, sua face envelhecida e cansada não exibiu expressão alguma a meu ver.

ㅡ Ele está gripadinho hoje. ㅡ minha mãe falou sem aparecer na tela.

ㅡ Como? ㅡ me preocupei.

Ela voltou a ocupar a tela e explicou:

ㅡ Eu já o levei na médica, ela o examinou e disse que está tudo bem. Passou umas vitaminas e um antitérmico para a febre. Mas também disse ser para sempre estar observando, porém, ele está muito bem e a febre não apareceu durante o dia inteiro.

ㅡ Ainda bem! ㅡ suspirei. ㅡ Bom, a senhora recebeu o dinheiro que enviei?

ㅡ Sim, fiz até umas comprinhas mais sofisticadas, comprei bastante verduras e peixes para seu pai.

Eu sorri satisfeita.

Ela volta a apontar a câmera para meu pai.

ㅡ Pai, mamãe te contou que eu ganhei um aumento no trabalho? ㅡ mesmo sem resposta alguma eu continuo. ㅡ Ah! Tenho planos para passar o seu aniversário com o senhor esse ano.

ㅡ Que ótimo! ㅡ Minha mãe falou animada sem aparecer. ㅡ Vai ficar quantos dias? Vem quando?

ㅡ Eu ainda não sei ao certo, mas te aviso quando estiver tudo confirmado.

Passamos um longo período naquela ligação e mesmo que papai apenas me ouvisse calado, pois suas palavras têm se tornado cada vez mais escassas nesses últimos meses, eu me diverti um monte. Conversar com ele me fazia reviver os velhos tempos, onde nos sentávamos juntos à mesa após um longo dia e compartilhamos sobre nosso dia. A diferença é que hoje nós falamos por uma tela de celular duas ou três vezes na semana e que somente eu e mamãe falamos de nosso dia, pois ele nunca consegue se lembrar o que aconteceu no seu. Mas apenas em vê-lo já era o bastante para me deixar feliz e regenerar minhas forças para continuar encarando a vida e tentar dar o melhor a eles.

ESTIGMAOnde histórias criam vida. Descubra agora